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Polémica na utilização do novo relvado do Campo Chã das Padeiras

Um grupo de pais dos jogadores jovens da União de Santarém insurge-se contra a utilização do novo relvado pelo Rugby Clube de Santarém

Em nota de imprensa enviada à comunicação social um grupo de pais teme que a utilização do relvado para jogos de rugby o faça voltar ao batatal que era até aqui. A empresa municipal Viver Santarém, que gere o espaço, garante que está tudo controlado.

Um grupo de dez pais de atletas dos escalões de formação da União Desportiva de Santarém (UDS) manifestou em nota de imprensa a sua discordância relativamente à gestão que a empresa municipal Viver Santarém está a fazer no Campo Chã das Padeiras, recentemente dotado de um novo tapete de relva natural.Em causa está o facto da empresa municipal vir a condicionar o acesso dos atletas das camadas jovens à prática de futebol no relvado, sobretudo no que diz respeito a treinos, e autorizar agora a realização de jogos de seniores do Rugby Clube de Santarém (RCS), a contar para o campeonato nacional.Os pais dos jovens jogadores da UDS dizem que “é bom lembrar que o investimento realizado no Campo Chã das Padeiras foi feito com o dinheiro de todos nós, e que a não preservação do recinto será considerado por todos como uma incorrecta gestão do mesmo por parte da autarquia”, acrescentando temer que, “a curto prazo, ambas as modalidades fiquem sem espaço adequado à prática desportiva”.Um cenário que, segundo o director da Viver Santarém, Luís Arrais, não irá concretizar-se. “Juntamente com os técnicos da empresa que colocou o relvado e as direcções da UDS e do RCS estamos a acompanhar todo o processo de forma a que não se verifiquem problemas que ponham em causa o crescimento e a manutenção do relvado em perfeitas condições”, garantiu.Na nota de imprensa, o grupo de pais recorda as dificuldades que tiveram para manter as equipas jovens da UDS em competição desde a sementeira da nova relva, que se iniciou no Outono de 2012. De acordo com os subscritores, sem poderem utilizar o campo principal os miúdos foram obrigados a treinar num terreno improvisado atrás das bancadas do Chã das Padeiras e na Ribeira de Santarém que, sobretudo no Inverno, são verdadeiros “batatais” que não oferecem as condições mínimas para a prática do futebol. Para os jogos das provas oficiais, foi disponibilizado o campo sintético da Moçarria, tendo sido o clube e os próprios pais a suportarem os acréscimos financeiros das deslocações.O novo tapete foi inaugurado no dia 12 de Dezembro, mas o que era para ser “uma prenda de Natal” para as crianças da UDS transformou-se logo “numa miragem” uma vez que a utilização foi-lhes vedada até 17 de Janeiro, dia em que a selecção nacional de sub-20 disputou em Santarém um jogo de cariz particular.Após esta partida, a Viver Santarém continuou a impor à UDS um limite de horas de utilização semanal do campo para treinos e jogos, alegando o estado de fragilidade da relva e do próprio terreno. Imposição que Luís Arrais explica com um estudo efectuado pelos técnicos que impõe um limite de horas de utilização do relvado.O responsável pela Viver Santarém estranha esta tomada de posição de alguns pais garantindo ter havido sempre uma “responsável e frutífera relação com a direcção da UDS”. E apela à solidariedade entre todos para que a utilização do espaço seja feita de forma correcta e sem conflitos.Direcção da UDS não soube do comunicadoO presidente da direcção da UDS, António Vila, garante que a direcção não teve conhecimento da nota de imprensa antes dela sair para a rua, considerando-a extemporânea. “Havia um director que tinha conhecimento do movimento dos pais de alguns jogadores, mas a direcção só teve conhecimento do documento depois dele andar a circular”, disse acrescentando que “apesar disso estou solidário com os pais, eles têm sido de uma grande dedicação e têm dado um apoio muito grande a esta direcção”.António Vila destaca ainda a excelente colaboração existente entre a direcção da UDS e a Viver Santarém. “Nada foi feito sem a nossa opinião. É por isso que considero ter havido alguma precipitação por parte dos pais. A questão do tempo de utilização do relvado foi bem conversado e nós informámos sempre os sócios das conversações”, disse.A indignação dos pais ganhou maiores proporções a partir do momento em que descobriram que o RCS vai utilizar o relvado para fazer jogos de rugby. “Temos andado sempre com um cuidado extremo com o relvado, andávamos com os miúdos a treinar aqui atrás e na Ribeira, com muita lama, e quando soubemos que vinham para aqui jogos de rugby também tomámos a nossa posição e foi feito um plano de treinos que temos cumprido à risca”, disse António Vila.O presidente da UDS tem consciência de que o Campo Chã das Padeiras, que já foi só do clube, é agora municipal e por isso tem que se sujeitar à gestão da Viver Santarém. Campo para rugby pode estar pronto em MaioOs responsáveis pelo Rugby Clube de Santarém confessam também a sua surpresa pela tomada de posição dos pais dos futebolistas da UDS. Diogo Stilwell, que é dirigente e jogador do RCS, garante que todos sabem o esforço que o clube tem feito para levar por diante a obra do seu espaço próprio para a prática da modalidade. “A Câmara de Santarém cedeu-nos um espaço na antiga Escola Prática de Cavalaria e comprometeu-se a colocá-lo em condições para nós semearmos a relva. Infelizmente, por vários motivos, a autarquia não conseguiu cumprir com a rapidez que todos queríamos, mas as obras têm avançado e acredito que em Maio já vamos poder utilizar o espaço”, garantiu.Por outro lado, o dirigente do RCS entende que a modalidade deve ter o seu espaço na cidade. “Movimentamos tantos ou mais atletas do que os outros clubes, representamos a cidade ao mais alto nível. Os pais dos jovens da UDS desconhecem de certeza que os nossos jovens também têm andado a treinar e a jogar em autênticos batatais e que temos andado com a casa às costas até para fora do distrito. Foi pena que não tenham falado connosco de forma a explicarmos a nossa situação e a não criarem divisões”, disse Diogo Stilwell.“Os Caixeiros” também “fugiram” de SantarémO Grupo de Futebol dos Empregados do Comércio de Santarém, vulgarmente conhecido por “Os Caixeiros”, único clube da cidade a praticar futebol sénior federado, também se cansou da falta de condições para a prática da modalidade em Santarém e decidiu voltar a jogar em Alpiarça.Segundo os responsáveis do clube, durante toda a época desportiva o clube não conseguiu treinar uma única vez, em Santarém, e aproximando-se a fase crucial do campeonato, decidiram voltar a jogar em Alpiarça, local onde treinam três vezes por semana, para assim estarem reunidas melhores condições para alcançar o objectivo de subida à 1ª. Distrital.A decisão dos Caixeiros foi tomada também na sequência dos problemas com a relva do Campo Chã das Padeiras e no facto de dificilmente a equipa lá poder jogar esta época. O retorno ao Estádio de Alpiarça foi a melhor decisão. “É um local já deveras conhecido da equipa e as rotinas têm que ser transpostas para os jogos. Treinar e jogar em locais diferentes inferiorizavam a equipa perante os adversários”, justificam os responsáveis, que apesar disso não escondem a sua ambição de poderem fazer regressar o futebol sénior ao Chã das Padeiras.

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