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Suma teológica

É o título do mais célebre tratado de S.Tomás d’Aquino, o santo que cristianizou Platão, como se sabe. A primeira palavra além de significar “resumo” é uma forma do verbo “sumir”, ou seja “desaparecer”. Diz-se por exemplo «S. Tomás escreveu as Sumas» ou então «Moita Flores sumiu-se de Santarém». Há quem defenda modernamente que “sumir” podia ser o complemento de “somar”. Fazer «contas de sumir» seria uma contabilidade ao modo de Vale e Azevedo e de outros que o leitor conhece, e eu não. Foi realmente pena que o supracitado Moita Flores que encheu Santarém de dívidas e de estátuas de santos não se tenha lembrado daquele doutor da igreja. Pena, porque sempre emparceirava com S.Francisco (pronto tá bem, S. Francisco Moita Flores), que está ali disfarçado defronte do convento scalabitano; com S.Paulo, o apóstolo; com S. José, no dia dele; com S. Domingos o fogoso superior dos dominicanos; e com os outros santos todos que a gente topa amiúde na cidade de Guilherme de Azevedo, o que dá quase um santuário completo. Ora isto é bom, mas não chega. Vejamos. Junto ao perfumado «Jardim do Alviela» em Pernes, inaugurado pelo esclarecido autor de «Mataram o Sidónio» (livro onde se confunde Sísifo com Tântalo, e não é o pior dos dislates dele),ficava bem Santa Luzia para os habitantes daquela vila não verem a poluição do rio, ali perto, que nem quatro festivais a somar (ou será sumir ?) aos dois promovidos pelo ex-autarca conseguiriam acabar. Junto aos bombeiros da mesma vila assentava que nem ginjas S. Bartolomeu, a quem arrancaram a pele em vida, para evocar os proprietários que ali perto ficaram sem dinheiro e terras, do Bairro que a Câmara de Santarém (o seu ex-presidente) prometeu, mais o pavilhão desportivo, o posto médico e o resto. Aqui um santo era pouco portanto juntar-se-iam ainda S. António, que está habituado a promessas destas, mais a imagem do Senhor dos Passos (Coelho e da cruz que carrega). Na anunciada via rápida para Alcanede e arredores (uma ideia boa), S. Cristóvão era essencial. Na nunca efectivada «Fundação da Pedra» (só em Fundações, ramais de comboio, jardins sem flores, e festas, este homem dava cabo de duas troikas se o deixassem), S. Estevão, o mártir, combinava. Na Ribeira de Santarém, requalificada só no papel, junto a Santa Iria, S. Eusébio, o mais famoso santo entre portugueses, destacava. Junto ao centro histórico da cidade e barreiras, tudo a desmoronar, não seria de colocar santo nenhum mas a estátua dos políticos de todos os quadrantes deste país de Abril até hoje, e para trás até Alcácer-Quibir. Finalmente na virtual «Fundação da Liberdade» (coitada dela à espera desde 1789 para ser fundada, ou coisa pior), seria de colocar o arcanjo S. Miguel, vencedor do diabo à solta e a legenda em alemão «Arbeit Macht Frei» (onde é que eu já li isto?).Bem prega Frei Tomás, pensará o leitor, que não sei se também era de Aquino. Estou em crer que não. Acho que seria beneditino e que escapou de ser deputado por um triz, quando em Lisboa transformaram o Convento de S. Bento na actual casa da democrachia, que permite que um ex-polícia, mais propenso a prender que a libertar, se candidate a autarca e orago da teologia da libertação (feita pelos outros), e depois dê à sola agradecendo o «emprenho» (chiça!, cf. in O MMIRANTE de 1-11-2012), de todos(?) os funcionários da Câmara de Santarém, sem acabar o hagiológio de santos espalhados pela urbe e concelho. Nan tá certe. Mário Rui Silvestre

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