Se abandonassem uma mala com dinheiro à sua porta ia devolvê-la?Se aparecesse o verdadeiro dono devolvia, senão ficava com o dinheiro. Quando vim viver para Vila Franca de Xira fui levar uns bolos ao Carregado, estávamos em 1982, quando encontrei um saco com 600 contos (3000 euros) no chão. Fui ao café e quando ia a entrar vinha o dono a sair, aflito por ter perdido o dinheiro. Acabei por lhe devolver o saco. Era capaz de viajar à boleia?Já pedi boleia algumas vezes no passado. Hoje acho que não. Lembro-me de um dia ter pedido boleia e ser assaltado dentro do carro. Na altura trabalhava em Vila Franca e fazia umas horas extra em Alhandra. Num desses dias à noite, por volta das 23h00, pedi boleia para regressar a Vila Franca. Quando entrei para o carro o condutor apontou-me uma pistola e tive de entregar algum do dinheiro que trazia comigo, não foram muito exigentes (risos). O curioso é que tinha acabado de receber 35 contos (175 euros) das horas que tinha estado a fazer e só lhes dei mil escudos (5 euros), foi uma sorte…Ainda há dinheiro para ir ao café?Não me posso queixar de falta de clientes e de vender pouco. Posso queixar-me de ganhar pouco, mas não de vender pouco. Trabalhamos muitas horas mas o que ganhamos é pouco. É o problema dos portugueses, trabalhamos muito e não ganhamos nada. Há uns anos este negócio ainda dava para ganhar alguma coisa, hoje já não é assim. A passagem do IVA para 23 por cento levou-nos o lucro todo. Não temos hipóteses nenhumas, tem de ser tudo muito bem acautelado senão o dinheiro não chega para as despesas.É pessoa de meter o dedo na caçarola do chocolate quente?Não! (risos) Não sou muito adepto de chocolate. Mas admito que sou uma pessoa gulosa, gosto muito de doces e normalmente como aquele que estiver à mão.O que fazia se um homem se atirasse a si?Dizia-lhe para procurar outro, não estava na direcção certa!E uma jovem atraente?Ah… Nisso um homem é um homem, tinha de ver (risos). Mas com esta idade há coisas que se perdem, dizia-lhe para ter respeito e que eu não era o homem certo para ela. Além disso sou feliz hoje em dia como estou. Canto, danço, tenho um conjunto, organizo festas… Por enquanto a única coisa de que me queixo é mesmo de falta de dinheiro. Mas apesar disso nunca seria capaz de assaltar fosse quem fosse. Nem mesmo os bancos.É homem para dar uma vassourada num ladrão?Sim, sou. Nunca precisei de ser herói mas se fosse confrontado, por exemplo, com um ladrão a assaltar outra pessoa aqui na rua, era capaz de o fazer. Apesar de Alverca ser uma cidade, nesta zona central as pessoas são bastante unidas e amigas e eu penso ter boas amizades aqui.Aumentar os impostos foi uma boa ideia?Se aquilo que pagamos de impostos servisse para endireitar a situação tudo bem, acho que sim. O problema é que esse dinheiro só serve para os políticos estragarem.Sente-se incomodado pelo novo hospital de Vila Franca ser uma parceria público-privada?Não, de maneira nenhuma. O que importa é as pessoas precisarem e serem bem atendidas.Já teve alguém a comer ao balcão e desaparecer sem pagar?Já aconteceu, poucas vezes mas aconteceu, infelizmente. E também há gente que come e depois diz que não tem dinheiro para pagar…Sem o Centro de Estágios há futuro para o Futebol Clube de Alverca?Espero que sim. Essa situação foi um mau negócio para o clube, da parte dos antigos dirigentes. Fizeram mal o negócio e o clube ficou em maus lençóis. Perdeu o campo e quando as finanças quiserem levam-no.Que português nomeava para papa?Oh diabo! Sou católico mas não vejo ninguém. Nunca fui à Igreja dos Pastorinhos aqui da cidade. Já lá estive nos bares a fornecer bolos mas dentro da igreja nunca entrei. Martelo ou chave de fendas?Chave de fendas.Benfica ou Sporting?Benfica, claro. Sou benfiquista até ao osso. Eu e toda a gente que aqui trabalha (risos).