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Infernal Manuel Serra d’Aire

Espanta-me que os amigos dos animais não se tenham manifestado contra a porcalhada da Linhaceira durante a quadra carnavalesca. É realmente em condições deploráveis, no meio de um lamaçal medonho, que os pobres leitões tentam escapar das mãos gulosas da rapaziada que se aplica em deitar-lhes as unhas na tentativa de ter reco assado para o jantar. Tal como no futebol os campos impraticáveis levam ao adiamento do jogo, também as porcalhadas deviam realizar-se em ambientes saudáveis, de preferência num recinto alcatifado, com música ambiente e velinhas de cheiro a arder. Há que dar dignidade aos recos, tal como os condenados à morte têm o direito a um último desejo. Lutas na lama são para aquelas pervertidas que gostam de exibir os mamilos intumescidos por debaixo da pouca roupa que as cobre. Segui o teu oportuno conselho e vi o vídeo onde aparece a já famosa catequista de Samora Correia a debitar no enterro do Entrudo uma verborreia de fazer inveja a uma vendedora do mercado do Bolhão. E o que te digo é que estou sinceramente a pensar voltar a aproximar-me da Igreja, após tantos anos de afastamento. Pelos vistos as coisas mudaram muito desde a minha infância, quando as catequistas cheiravam a naftalina, tinham bigode e falavam com o mesmo sotaque do Diácono Remédios. Que Deus Nosso Senhor a cubra de bênçãos é o que eu desejo com toda a sinceridade a essa valente mulher.Anda aí uma moda viral de cantar o “Grândola Vila Morena” em tudo o que é sítio (até no conselho nacional da JSD, vê lá tu!) e, castigo desnecessário para os nossos ouvidos, até quem tem tanto jeito para cantar como eu tenho para resolver equações matemáticas de elevada complexidade põe a boca no trombone, ou melhor, no microfone, como aconteceu com o omnipresente ministro Miguel Relvas algures para as bandas do Porto.Foi mau, muito mau e demonstrou que afinal Relvas não tem a arte e engenho de ser omnisciente, como se chegou a suspeitar tal a facilidade com que fala de qualquer assunto, seja da final da Taça no Jamor ou do flagelo do desemprego, passando por culinária, TAP, RTP ou política europeia. Finalmente foi descoberto um ponto fraco ao presidente da Assembleia Municipal de Tomar e bem andaram os estudantes que não o deixaram aproximar-se de um microfone no dia seguinte em Lisboa. A forma voluntariosa como protegeram Miguel Relvas de fazer figuras tristes (não lhe fosse dar para cantar novamente o Grândola) demonstra que ainda há respeito e solidariedade para com as altas figuras do Estado. E, obviamente, todos devemos estar-lhes agradecidos, Relvas incluído, por nos terem poupado a mais um pesadelo vocal, não me surpreendendo nada que alguns dos que precipitadamente foram tomados por estudantes arruaceiros venham a ser condecorados no próximo 10 de Junho pelos altos serviços prestados à Pátria. Seria de elementar justiça.Fazendo votos que haja capacidade de reconhecer o mérito a quem zela por um país melhor, subscrevo-me com saudações revolucionárias do Serafim das Neves

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