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O fiscal das Finanças que aprendeu a plantar vinhas com o sogro

O fiscal das Finanças que aprendeu a plantar vinhas com o sogro

Joaquim Saramago é presidente da Adega Cooperativa de Alcanhões há cinco anos

Joaquim Saramago não é homem que consiga estar parado. Além de ser presidente da adega e de cuidar das suas vinhas é também presidente da Junta de Freguesia de Achete há 12 anos.

Joaquim Saramago tem 67 anos e é natural da Póvoa de Santarém. Foi fiscal das Finanças durante 37 anos. Foi o único emprego que teve. Não percebia nada de vinhos até que há 15 anos plantou uma vinha num pequeno casal que possui para os lados do Verdelho (concelho de Santarém). Aprendeu tudo o que sabe com o sogro, que era agricultor, e entretanto quando este deixou a actividade entregou-lhe todas as suas vinhas e Joaquim Saramago começou a tratar delas. Como já tinha muita plantação tornou-se sócio da Adega Cooperativa de Alcanhões. Há cerca de cinco anos, quando o anterior presidente da adega deixou o cargo, Saramago foi quase que “empurrado” para a presidência, cargo que ocupa até hoje. Confessa que os primeiros anos foram difíceis mas que, felizmente, as coisas estão a correr bem. O ano passado viram aprovada uma candidatura de 500 mil euros ao Proder (Programa de Desenvolvimento Rural) para requalificarem a adega. Substituíram telhados, adquiriram cubas novas, construíram balneários, pintaram. Estão quase que a construir uma nova adega. O presidente quer que as obras estejam prontas no próximo mês de Maio.O administrador da Adega Cooperativa de Alcanhões garante que 2012 foi o ano de ouro da adega. Conquistaram uma medalha de ouro em Bruxelas e outras duas em Viena (Áustria). De Hong Kong trouxeram uma medalha de prata e de bronze. O segredo, diz, é terem bons enólogos. “A aposta na modernização foi fundamental. O facto de termos cubas novas e termos apostado nos equipamentos de frio contribuiu muito para a evolução da qualidade dos nossos vinhos. Também apareceram castas novas, mas sem os enólogos, que percebem mesmo do assunto, não seria a mesma coisa”, justifica.E Joaquim Saramago garante que as coisas podiam ser ainda melhores se os sócios cumprissem todas as regras. Quando as uvas estão no processo de amadurecimento é pedido aos sócios que vão ter com o enólogo da adega para que ele aconselhe se está na altura certa para apanhar as uvas. “É muito importante apanhar a uva na altura correcta. É a diferença entre um vinho de excelente qualidade e um vinho médio”, alerta. A maior procura continua a ser o vinho a granel. Os clientes preferem tinto em vez de branco. Em 2012 produziram cerca de um milhão e 400 mil litros de vinho. Em 2010 produziram mais 400 mil litros. 2011 foi um ano mau devido às chuvas fortes e muito sol que deram cabo de muita uva. Actualmente têm cerca de uma centena de associados a entregar uvas nas instalações da adega. São de Alcanhões, Vale Figueira, Casével, Póvoa de Santarém e Almeirim. Nos últimos tempos têm apostado na internacionalização. Estão a começar aos poucos e querem dar pequenos passos de cada vez. França, Luxemburgo e Alemanha são alguns dos países para onde estão a exportar. Joaquim Saramago não é homem que consiga estar parado. Além de ser presidente da adega e de cuidar das suas vinhas é também presidente da Junta de Freguesia de Achete há 12 anos. Já não se pode recandidatar mas diz que não tem pena de deixar o cargo. Considera que tem que haver limites para tudo e há que dar lugar aos mais novos. Achete vai unir-se com mais duas freguesias do concelho de Santarém e Joaquim Saramago não vê problema nessa decisão. E explica porquê. “Acho que a união de freguesias pode ser positiva para a população. É difícil para as freguesias pequenas conseguirem rendimentos para os poderem gerir. Com uma freguesia maior temos mais força para reivindicar e conseguimos desenvolver-nos melhor”, afirma.O seu dia-a-dia é passado entre o escritório da adega em Alcanhões e a Junta de Freguesia de Achete. Gosta de começar um dia a tomar um café na zona do mercado de Santarém. Depois de colocar a conversa em dia segue para a adega ou para a junta consoante a sua agenda. Diz que não é difícil conciliar tudo porque o facto de já estar reformado lhe dá maior liberdade.
O fiscal das Finanças que aprendeu a plantar vinhas com o sogro

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