Os utentes dos centros de dia do concelho da Chamusca reuniram-se na quarta-feira, 17 de Abril, no Salão de Convívio da Parreira para participarem no tradicional Baile da Pinha. A iniciativa anual, onde se juntaram mais de cinco dezenas de seniores, foi organizada pelo Centro de Apoio Social da Parreira (CASP). A boa disposição foi uma constante neste reviver de uma tradição antiga que fez os participantes dançarem e conviverem enquanto aguardavam ansiosos por saber qual o novo rei e rainha de 2013. Noutros tempos era no Baile da Pinha que as raparigas tinham a oportunidade de conviver com os rapazes. “Esperavam-nos quando saíamos do trabalho e vínhamos a namorar no caminho”, confessou a O MIRANTE Maria Suzete, 69 anos, enquanto relembrava a época da sua juventude. Uma vida de trabalho no campo marcada nas suas mãos, mas que contrasta com a jovialidade que demonstra esta antiga rainha do Baile da Pinha. A última vez que lhe coube a sorte foi há quatro anos e é peremptória ao afirmar que este tipo de eventos serve para rever os amigos da sua mocidade. “Fui ver um irmão que está muito mal e depois comentavam, pensavam que eu me diverti e bailei e se houvesse algum azar as pessoas podiam dizer que eu estava aqui toda fresca”, confidenciou ao O MIRANTE Maria Suzete, justificando o facto de não estar a dançar. “No fundo é uma questão cultural”, como revela Andreia Roque, educadora social, que faz trabalho de animação no Centro de Dia da Parreira. “Muitos deles estão sentados por respeito aos familiares já falecidos, não dançam, mas convivem na mesma”, completou. Este não é o único evento que visa dinamizar a população sénior do concelho da Chamusca. Durante todo o ano são desenvolvidas actividades para promover o convívio entre a população mais envelhecida. Aliadas a estas actividades, semanalmente, o CASP oferece também a oportunidade de fazerem outras, onde se incluem “trabalhos manuais, informática, trabalhos na horta”, de modo a incentivar os seniores do Centro de Dia e contribuir para que continuem a sentir-se úteis. “Todos os anos esta iniciativa percorre uma instituição onde participam pares de todas as instituições do concelho”, revelou Mónica Amaro, directora técnica do Centro de Dia da Parreira. “O rei e a rainha do ano anterior deixam o trono e dão lugar a dois novos elementos”, sublinhou. No centro do salão de baile destacava-se a Pinha, também conhecida por Pinhata, composta por fitas coloridas. Em seu redor dançavam os pares, mas são as senhoras que têm a responsabilidade de puxar a fita que irá conceder o título de rei e rainha ao par. Este ano, foi Amélia Cristóvão, 88 anos, do Centro de Apoio Social Aconchego, de Vale de Cavalos, que teve a sorte de puxar a fita que ficou presa na Pinha, a qual lhe concedeu o título de rainha. Florêncio Silva, 67 anos, recebeu o título de rei. A cerimónia de coroação foi feita com pompa, com direito a coroa e com os reis e os dois pares de aios vestidos a rigor devidamente sentados no seu trono, solenidade que terminou com uma valsa tocada pelo acordeonista S. Pedro. O Baile da Pinha na Parreira permitiu um regresso às raízes culturais, à época onde os bailes eram parte do entretenimento popular da juventude de outros tempos, tendo culminado com um lanche de convívio onde as conversas e as memórias de todos os presentes se cruzaram.