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Visionário Manuel Serra d’Aire

A PSP da região anda a deter pessoas por terem mocas no interior das suas viaturas. Como todos sabemos, a moca é uma arma de destruição maciça que inclusivamente inspirou a resistência contra a ameaça comunista nos idos de 1975 ali para as bandas de Rio Maior. E como todo o cuidado é pouco, dados os tempos conturbados que se vivem, o melhor mesmo é prevenir e desarmar o povo não vá haver mocada da grossa. Embora me pareça que uma chave de rodas ou um macaco, peças contundentes que se devem trazer no carro, são tão ou mais letais do que uma singela e artesanal moca, mesmo daquelas que não são cravejadas de pioneses como antes se usava. Aliás, as mocas, que em tempos até se exibiam com orgulho dentro dos automóveis, eram um adereço decorativo muito querido do automobilista lusitano, a par com as imagens de Nossa Senhora, os autocolantes da Rádio Renascença, os galhardetes do Benfica e as almofadas, naperons e cãezinhos que abanam a cabeça. Por isso acho que proibir a circulação de mocas é um atentado à nossa cultura popular que devia merecer a atenção dos defensores das nossas tradições.Felizmente, por cada tradição que se perde outra se levanta ou reforça e daqui realço o contributo dos políticos que continuam a alimentar o chamado vira-casaquismo com um empenho exemplar. Um dos casos mais recentes é o do presidente da Câmara de Almeirim e histórico militante socialista, Sousa Gomes, que descobriu, a escassos meses de abandonar o cargo ao qual não se pode recandidatar, que está desiludido com a política e com os partidos. E como a melhor forma de manifestar a desilusão com a política e com os partidos é embarcar num movimento independente, foi isso que Sousa Gomes fez com mais alguns desiludidos socialistas.Aliás, pelos vistos os socialistas são muito dados à desilusão com o seu próprio partido e em partir para outra. Sobretudo quando não são eles (ou alguém que eles queriam) os escolhidos para serem candidatos a determinados lugares. Basta recordar o que se passou há uns anos no Entroncamento, em Alcanena, em Tomar ou mais recentemente no Cartaxo ou em Almeirim. Mas também os há ou houve noutras bandas, como no PSD de Ourém ou na CDU de Santarém. Enfim, são uma espécie de independentes que parecem sofrer de dependência do poder.O povo dirá que o que eles querem é tacho. E ninguém os pode levar a mal, pois os tempos que se vivem são difíceis. Ainda na semana passada três homens encheram a barriga de marisco num restaurante de Póvoa de Santa Iria e quando lhes foi apresentada a conta de 325 euros foram-se embora e não pagaram, talvez aterrorizados com os números. Um dos donos do restaurante ainda chamou a polícia, mas como os glutões não tinham dinheiro não havia nada a fazer, a não ser, talvez, obrigá-los a lavar pratos. Mas com uma conta dessas tinham muito prato que lavar.Este caso é um bom sinal dos tempos que correm. Hoje, os burlões não se limitam a ferrar o calote, têm também de encher o bandulho com o que há de melhor. Podem ser uns grandes vigaristas, mas pelo menos têm classe.Saudações revolucionárias do Serafim das Neves

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