Concordo contigo quando te ergues em defesa do uso livre da moca, esse admirável instrumento que vem desde o início dos tempos. Mocar sempre foi um dos passatempos preferidos da humanidade. Eu próprio sempre gostei de dar umas mocadas e se já não me dedico tanto a essa salutar actividade é porque me vai faltando força. Mas uma coisa é a falta de força na moca e outra diferente é a proibição do uso e porte de moca que, segundo me informas, a polícia está a tentar impor. Eu bem sei que te estás a referir às mocas de Rio Maior mas é bom que se atalhe desde já o mal para não alastrar. É que se lhes permitirmos que confisquem as mocas de Rio Maior a seguir confiscam todas as mocas, os sacristas. Quem diria que a autoridade, desde sempre associada ao uso e abuso da moca ou chanfalho, viria agora tentar proibir-nos de mocar?!E já que estamos em maré de mocas, salvo seja, lembro-te que além das mocas de mocar há também as outras mocas. Aquelas que cirandam por todo o lado, algumas das quais bem torneadas e apetitosas que tantos suspiros arrancam aos espíritos mais imaginativos. Quem nunca observou, sonhador, um bom par de mocas a flutuarem na luz de uma bela e temperada manhã de Primavera ou a saírem de um daqueles carros de assentos baixinhos ou a pedalarem uma bicicleta... ou mesmo a descruzarem-se indolentemente numa qualquer esplanada, não sabe o que é viver. Por isso lanço um apelo veemente à desobediência dos agentes a quem foi dada ordem para nos desapossar das nossas mocas.Compreendo que o senhor Sousa Gomes que é presidente da Câmara de Almeirim desde o tempo em que os animais falavam, esteja desiludido com a política. Afinal, vendo bem a coisa, a política não o rejuvenesceu nem lhe deu mais saúde e quando assim é a desilusão instala-se. Além disso fizeram uma lei que não o deixa recandidatar-se outra vez ao cargo. Quem é que não se sentiria desiludido com a política se o raio da política lhe pregasse uma partida assim?! A desilusão é o que aparece quando tudo o mais desaparece, ou dito de outra maneira, a desilusão é o que aparece quando o bem bom desaparece. Eu escrevi bem bom mas é claro que me poderiam ter resvalado os dedos do teclado para o bumbum. Que saudades tenho eu de um caso como aquele que se passou há anos em Tomar com um vereador que arrulhava às pombinhas. Se calhar também se sentiu desiludido com a política quando foi sentar o bumbum no banco dos réus...mas enquanto isso não aconteceu...olha, olha...aquilo é que foi bumbar!!Assinalo aqui a saída de José Miguel Noras, do cargo de secretário-geral da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico. Segundo li o homem prepara-se para abraçar um projecto internacional. Recordando-me que ele foi durante anos e anos presidente da Câmara Municipal de Santarém, cidade com centro histórico de qualidade ímpar, não deixo de me congratular com esta situação. Agora é que esses povos bárbaros de aquém e além mar vão ficar a saber o que é... um verdadeiro centro histórico. Viena, Praga, Budapeste... capitais do desleixo patrimonial. Preparai-vos que o Miguel Noras vai a caminho para vingar os vossos crimes de lesa-património. A tu Serafim, entoa comigo, Aleluia! Aleluia! Aleluia!. Mais alto, caraças!!! Aleluia! Aleluia! Aleluia!Por falar em ressurreição, já me esquecia de te relatar o essencial das minhas celebrações do 25 de Abril. Este ano faltei ao almoço comemorativo. É verdade que aquele molho dos bifinhos com cogumelos me lixa o estômago todo e que o vinho da adega do camarada Jaquim parece-se cada vez mais com ácido das baterias dos carros mas não foi por isso que faltei, Serafim. Não foi por isso. Se queres que te diga, tive medo de já nem me lembrar da Grândola... e não há coisa pior que um gajo de cinquenta e tal anos a cantar desafinado enquanto olha para um papel com os óculos de ver ao perto na ponta do nariz!!!Saudações báquicas Manuel Serra d’Aire