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Manter a tradição de apanhar a espiga

Manter a tradição de apanhar a espiga

Ana Maria Félix e Branca Primeira cumprem o ritual de apanhar a espiga na quinta-feira de Ascensão nos campos em redor do Convento de Jericó, em Benavente, para terem sorte e fartura no resto do ano. Manda a tradição apanhar três espigas de trigo (ou cevada ou centeio), três malmequeres amarelos ou brancos, três papoilas, um ramo de oliveira em flor, uma esgalha de videira com cacho em formação e um pé de alecrim ou rosmaninho. A espiga simboliza o pão, para que nunca falte comida no lar, os ramos de oliveira a paz, tal como a pomba da paz que carrega no bico uma folha de oliveira, e a videira vinho e alegria. As flores, essas, têm um significado conforme sua cor: malmequer é ouro e prata (riqueza), papoila, amor e vida e o alecrim, saúde e força. Ana Maria Félix está a gozar o feriado municipal, mas garante que mesmo quando está a trabalhar nunca deixou de cumprir a tradição. “Já me vi neste dia em Espanha e não deixei de apanhar a espiga”, revela. Em casa costuma colocar o ramo virado ao contrário para as flores secarem esticadas e depois coloca-o de pé num jarro. Branca Primeiro, de Benavente, considera que a população deveria fazer por manter o ritual. “Esta é uma tradição muito bonita, mas é preciso que o povo adira para que não morra, e infelizmente vejo cada vez menos gente”, confessa. Ana Maria Félix tenta transmitir a tradição à filha, mas tem tido algumas dificuldades. “Pergunta-me porque vou apanhar ervas. É difícil convencê-los, mas não se pode desistir. Há muito ar puro para se respirar em vez de se estar em casa fechado de volta de um computador”, conclui. Eduarda Sousa
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