A antiga directora do Convento de Cristo, em Tomar, Iria Esteves Caetano regressou no sábado, 18 de Maio, à cozinha conventual do monumento que dirigiu durante vários anos num papel diferente: o de confeiteira. Um passatempo que abraçou há dois anos - após se ter reformado - e que surgiu para preencher o vazio dos dias que se recusou a aceitar como companhia. “Quando trabalhava estava sempre demasiado cansada para cozinhar. A reforma é uma situação que deve ser equacionada sob todos os pontos de vista. A mim não me fez bem absolutamente nenhum mas, no entanto, há um direito ao prazer que as pessoas devem preservar para si”, diz. A iniciativa pretendeu assinalar o Dia Internacional dos Museus e recebeu o nome de “Oficina do Gosto”. Durante uma hora foi ver Iria Esteves Caetano a confeccionar, junto dos mais pequenos, uma compota caseira de laranja, não fossem os laranjais o ex-libris do monumento classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade. “Tinha um livro de receitas da minha mãe, que data de 1945, onde estavam estas receitas tradicionais e comecei a experimentar. Penso que saíram bem”, revelou Iria Esteves Caetano a O MIRANTE, considerando que é útil para as crianças aprenderem a fazer, ao invés de irem, simplesmente, buscar os alimentos a uma prateleira.Tomarense, a antiga directora do Convento de Cristo é presença assídua naquele que considera ser o seu “monumento de infância” e como tal considera que fazia sentido promover uma iniciativa deste tipo na cozinha conventual que, por um dia, voltou a assumir a função para a qual foi concebida. “Para mim, os monumentos não são só arquitectura. Há sempre um sabor associado ao património, que no caso do Convento de Cristo é a laranja e limão”, sublinha. Ana Carvalho Dias, actual directora do monumento, foi a primeira a provar e garantiu que o doce estava muito saboroso. Os alunos do Curso Profissional de Música de Cordas, da Escola Secundária Jácome Ratton/Canto Firme, conferiram o ambiente uma sonoridade propícia ao evento.