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Uma tertúlia feminina que reúne pela manhã

Uma tertúlia feminina que reúne pela manhã

Nove amigas de Santarém sentam-se à mesa do café todas as manhãs para pôr a conversa em dia. Um antídoto para fugirem da solidão e manterem a mente activa.

Numa esplanada de uma pastelaria de Santarém, em plena Rua Capelo e Ivens, nove amigas, sete delas de nome Maria, encontram-se todos os dias para tomar um café, beber uma água e colocar a conversa em dia. Vivem em Santarém, muitas delas no centro histórico da cidade, e não poupam críticas ao estado da calçada, que muitas vezes dificulta a mobilidade. Com um pouco de maquilhagem e indumentária a preceito não falham o encontro diário que lhes levanta a moral e dá boa disposição para encararem o resto do dia com um sorriso. As vozes misturam-se com o contagiante som de gargalhadas que transmitem a jovialidade deste grupo onde não entram homens. O estado actual do país é conversa a evitar, mas não é assunto esquecido, apesar das opiniões divergirem. Os netos, os filhos, temas relacionados com a cultura, culinária e até as doenças são outros dos temas que povoam as suas conversas diárias. Só Laura Rodrigues, 87 anos, é natural de Santarém. A antiga visitadora escolar de profissão conheceu algumas das amigas enquanto trabalhava, não fossem elas na maioria professoras que chegaram a ser, até, docentes dos filhos umas das outras. Professoras do primeiro ciclo, professoras de físico-química, domésticas, todas senhoras dedicadas à família, mães, esposas e avós extremosas. “Santarém é mais madrasta do que mãe”, diz Laura Rodrigues. As amigas, apesar de serem de pontos diferentes do país, apaixonaram-se pela cidade. A proximidade de Lisboa é um dos factores mais atractivos que Maria Dulce Falcão de Carvalho ressalva. As mais novas já ultrapassaram as seis décadas de vida, mas é Maria Dulce que na beleza dos seus 89 anos se destaca pela cuidada figura. Apesar de ser algarvia, é perita em bordados de Castelo Branco, gabam as amigas. Entre as amigas, Maria Odete Franqueira, 80 anos, para além de gostar de bordar não dispensa ler e escrever poesia. Confessa que é difícil eleger um poeta, mas Miguel Torga é um dos nomes que a acompanha nas suas leituras. Elvira Figueira e Maria Matilde Souto Pires são adeptas da Internet, a última auto-intitula-se mesmo como “especialista na Internet”. Com perfil no Facebook, utilizam o computador como meio alternativo de comunicação. Cada uma tem as suas peculiaridades, mas todas se dão bem. Maria Antonieta dos Santos gosta de culinária e a doçaria é a sua especialidade. Berta Ribeiro tem muito jeito para os trabalhos manuais e pinta. Já Maria Francelina Cruz tem entre os seus passatempos ver séries policiais. Depois de terem a conversa em dia, cada uma volta a rumar às suas casas. A amizade perdura para algumas há cerca de meio século. Amanhã voltarão a juntar-se, pode não ser no mesmo local, mas faça chuva ou faça sol a tertúlia matinal é indispensável e um antídoto para fugirem da solidão e manterem a mente activa.
Uma tertúlia feminina que reúne pela manhã

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