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Folgazão Serafim das Neves

O piropo está debaixo de fogo. E o ataque cerrado vem dos lados do Bloco de Esquerda. Nunca esperei tal coisa, digo-te já. É certo que há piropos e piropos mas nestas coisas quem é que decidirá depois qual o piropo aceitável e o proibido? Tenho uma prima minha que adora que lhe digam que é boa como o milho. Se proibirem este banalíssimo e insípido piropo o que vai ser da auto-estima dela? E o que dizer daquele outro “comia-te toda minha febrinha tenra”? Não acredito que o BE se atreva a apresentar uma proposta de lei para banir os piropos mas só a intenção já o deve ter feito descer uns pontos nas sondagens. Aquelas declarações anti-piropo são uma grave machadada no sector da construção civil. Qualquer trolha que se preze tem um reportório de piropos maior que o reportório de canções do Tony Carreira. Se proibissem o Tony de falar de amor nas cantigas era o fim dele. Se proibirem os piropos é o fim de uma classe profissional que já luta desesperadamente para não desaparecer com a crise da construção civil. Onde anda o sindicato dos trabalhadores do sector? Estão tão distraídos a mandar piropos às mulheres que passam ao pé da sede que ainda não perceberam o que se está a passar?Eu sei de miúdas que cresceram a ouvir piropos. Algumas estrelas dos programas de televisão dizem que não podem passar sem piropos. Sem os ouvir e sem os mandar, porque elas em matéria de piropos a gajos giros são piores que trolhas. Esta situação tem que ser rapidamente esclarecida para bem de toda a gente. E até do próprio Bloco de Esquerda. Imagina um dia destes o João Semedo, durante uma qualquer reunião, após ouvir a sua camarada Catarina Martins, lhe diz qualquer coisa como, a camarada é como um sol que ilumina a nossa luta? Será expulso do partido? Apanhará uma multa? Terá que usar uma t-shirt a dizer que é um troglodita e um agressor verbal? E o vice-presidente da Câmara de Salvaterra? Se se descuidar e disser à presidente Ana Cristina Ribeiro que ela é a flor mais risonha e bela de Salvaterra leva com um processo em cima?Não sei se te apercebeste mas já está em vigor a lei anti grafito. A partir de agora se quiseres grafitar uma parede tens que apresentar uma projecto à câmara como se fosses fazer uma casa ou alterar a casa de banho. Pagas a taxa, pedes deferimento e rezas para que a lata de spray não passe da validade antes de o assunto ser despachado. Calculo que a fiscalização vai ser rigorosíssima. Pelo menos a avaliar pelos grafiteiros que já foram apanhados nos últimos vinte anos. As receitas provenientes das multas vão enriquecer muita autarquia, acredita. Há anos que o país andava a suspirar por isto. A partir de agora acabaram-se as paredes pintadas, as assinaturas absurdas, as declarações do género “Margãozão curte bué a xananokas” escritas a tinta fluorescente.Uma lei é uma lei. Vem do Diário da República e tudo. Mete respeito. Quem se atreverá a pintar mais alguma vez a parede do meu prédio com aquela frase “Katandu salxixa pasó porki” depois da saída desta lei? Agora sei para que serve a política. Para que servem os políticos. Sem eles não havia lei. Não havia respeito. Não havia nada.Vou terminar aqui porque ainda quero passar pelo supermercado para comprar uma placa de espuma para mandar à Idália Serrão, a candidata do PS à Câmara de Santarém. Ela não se cansa de dizer que se for eleita vai acampar para a porta dos ministérios até conseguir que os governantes resolvam os problemas do concelho e eu quero que ela espere confortavelmente instalada. Vê lá se lhe mandas uma manta ou umas latinhas de atum, que eu a ti mando-teum bacalhau daquelesManuel Serra d’Aire

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