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A arte de Agostinho

A arte de Agostinho

As mãos enrugadas e calejadas de Agostinho Neves reflectem as mais de seis décadas a talhar moldes, recortar cabedal, colar e coser sapatos criados por si sempre manuseando pequenas ferramentas que exigem a minúcia de um verdadeiro sapateiro. Agostinho ou o “sapateiro”, como é conhecido na terra, tem 82 anos e é natural de Alcobertas, Rio Maior, onde desde os 20 anos começou a trabalhar no ofício. Os primeiros sapatos que criou foram vendidos por 125 escudos. Agora, já lá vão mais de seis décadas, umas botas em pele feitas por si rondam os 50 euros. Pouco para as 18 horas de trabalho que cada par exige, mas o senhor Agostinho acaba por ser flexível e faz sempre um preço jeitoso aos fregueses. Em tempos chegou a ir a casa dos clientes, que lhe ofereciam a refeição. Esses eram tempos difíceis em que trabalhava muito, mas confessa que acabava por ganhar mais. O negócio por conta própria que abriu em Alcobertas hoje praticamente só serve para se entreter, pois começa a pensar em “arrumar as botas” e vai tentando vender apenas os modelos que tem em armazém. Há cerca de uma década Agostinho era capaz de vender dois ou três pares de calçado por dia, mas agora é tarefa difícil. Continua a ir a algumas feiras, como a Frimor que decorreu recentemente em Rio Maior. Espanta quem vê a perfeição da sua arte, mas muitos passam, olham e maioritariamente não compram. Não é uma marca de moda italiana, nem francesa, mas a marca Agostinho Neves tem o amor pela profissão em cada pormenor, desde o primeiro pontear até ao retoque dos acabamentos.Andreia Montez
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