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O inventor da bóia telecomandada tem raízes ribatejanas

O inventor da bóia telecomandada tem raízes ribatejanas

Jorge Ferreira Noras nasceu na Póvoa da Isenta, aldeia do concelho de Santarém

O criador da bóia telecomandada, que no próximo ano vai ser usada nas praias nacionais pelo Instituto de Socorros a Náufragos, diz que desde pequeno gosta de projectos que obriguem a pensar. Esteve sempre à frente do seu tempo nos negócios que conduziu e agora apostou num que salva vidas. O seu sonho é vir a criar um projecto que sirva a aldeia de onde é natural. Faz a sua vida em Torres Vedras mas não esquece as origens.

O inventor da bóia telecomandada, que vai ser usada nas praias portuguesas no próximo ano, sonha criar um projecto inovador que sirva a aldeia de onde é natural, a Póvoa da Isenta, no concelho de Santarém. Jorge Alberto Ferreira Noras, 50 anos, não quer revelar o que tem em mente porque o segredo é a alma do negócio, mas diz que não quer morrer sem completar esse objectivo. Nas últimas semanas Jorge saltou para a ribalta ao anunciar a invenção de uma bóia telecomandada que funciona em mar, rio ou piscina. Teve a ideia depois de adormecer no sofá da sua casa ao fim de um dia cansativo. O projecto recebeu elogios e já está em preparação um acordo a estabelecer com o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) no sentido de as principais praias do país e algumas embarcações do instituto virem a ser equipadas com a bóia de Jorge Noras. “É mais rápida que o nadador salvador e evita meter o salvador em perigo nos casos em que a vítima se encontre junto a arribas ou pedras. Pode também ser atirada de um helicóptero ou de uma embarcação”, explica Jorge a O MIRANTE. A bóia funcionará com um telecomando mas poderá também ser guiada por GPS a partir de um terminal informático.Esta foi a primeira grande invenção do escalabitano, que já em criança, enquanto os amigos andavam no recreio da escola, preferia ir para uma oficina ajudar a reparar equipamentos electrónicos. Nunca tirou um curso superior e tudo o que sabe foi fruto de anos de trabalho. Vendeu e instalou antenas parabólicas, depois auto-rádios, vendeu dos primeiros telemóveis que apareceram no mercado e depois mudou-se para o negócio dos ares condicionados e da instalação de gás nos automóveis. “Andei nos vários negócios enquanto se ganhava bom dinheiro. Depois comecei na área em que mais sucesso obtive e em que ainda hoje estou, ligado às motas de água e competição”, conta. Jorge começou a inovar e a melhorar os motores das motas de água. Rapidamente foi contactado pelos maiores produtores mundiais daqueles equipamentos para ser o preparador oficial dos pilotos. O sucesso foi tal que em 1998 uma das maiores marcas mundiais de motas de água produziu um modelo limitado com o seu nome, “Noras Racing”, depois de ele os ter ajudado a vencer o campeonato mundial. Ainda hoje produz peças exclusivas para algumas dessas marcas de competição.Foi com todo o dinheiro que conseguiu juntar ao longo dos anos de competição que financiou a produção da bóia telecomandada, que custou quase 250 mil euros. Garante que não pediu dinheiro ao banco para o fazer. “Pedir dinheiro aos bancos é um erro que se paga muito caro. A minha vida é um risco, eu nunca tenho dinheiro mas tenho tido sempre facilidade em ganhá-lo. O que ganho invisto sempre. No início dos negócios ganha-se muito dinheiro, mas ser o primeiro num negócio, desbravar o caminho, tem muitos custos”, conta.O objectivo de Jorge é produzir bóias telecomandadas para o ISN em 2014 e só em 2015 abrir aos particulares a possibilidade de adquirirem uma. Será também daqui a dois anos que a empresa que a criou - a Noras Performance - irá apostar na exportação do produto. “A seguir quero ajudar as pessoas de cadeira de rodas. É um produto que não evoluiu quase nada em 500 anos. Está tudo por fazer e já tenho ideias. Mas só irei desenvolver o produto com o dinheiro que retirar da venda das bóias”, explica.Jorge Noras reside em Torres Vedras desde os cinco anos. Sempre que pode desloca-se à terra de onde é natural para estar com a família e com o pai, que é empresário em Santarém. O primo José Miguel Noras foi presidente da Câmara de Santarém durante uma década. Sempre que pode tenta manter-se informado sobre o que se passa no concelho onde nasceu e não descarta a hipótese de um dia regressar ao Ribatejo.Apaixonado por piano e desinteressado de futebolJorge Noras é divorciado e não tem filhos. Estudou em Torres Vedras e o seu nome é popular no mundo das corridas de motos de água. No seu escritório tem uma réplica do desenho de um rolamento feito por Leonardo DaVinci. Quando esteve na Força Aérea criou uma antena improvisada no mato para os colegas verem televisão nos monitores de um carro de combate. Diz que adora o que faz e que é uma pessoa “lógica”. Gosta de experimentar e melhorar o que já existe. Quis fazer a bóia para ajudar a salvar mais vidas e diz que se sentirá completo quando vir a sua bóia em acção nas praias e rios portugueses. Sabe nadar mas raramente vai à praia. Trabalha todos os dias até às 23h00 e noutros dias chega a levantar-se às 04h00 para realizar algo que imaginou durante o sono. Gosta da simplicidade, ouve música clássica e especialmente Sergei Rachmaninoff. Não gosta de futebol e não tem clube. Tem um piano de cauda em casa em que espera aprender a tocar. Como já viajou por todo o mundo, durante os tempos em que era preparador de competição, diz que não tem nenhum destino que o fascine. O último livro que leu chamava-se “Autobiografia de um Iogue”, de Paramahansa Yogananda, mas confessa que não é homem de grandes leituras. “Temos de fazer pela vida, prescindir do que é prescindível e concentrarmo-nos no que é importante”, conclui.
O inventor da bóia telecomandada tem raízes ribatejanas

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