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José da Cunha é um exemplo de dedicação ao FC Alverca onde fez tudo por amor

José da Cunha é um exemplo de dedicação ao FC Alverca onde fez tudo por amor

A dedicação de José da Cunha ao Futebol Clube de Alverca era tanta que a mulher até lhe dizia que o melhor era levar a cama para o campo de futebol e ficar lá de noite. Filiado há quase 60 anos, com o cartão de sócio número 28, trabalhou grande parte da sua vida em prol do clube sem querer recompensas. Foi atleta, treinador, seccionista e dirigente. “Fiz tudo por amor”. Um amor que se mantém aos 82 anos de idade. Foi o ciclismo que o ligou ao clube. José passava de bicicleta à frente da sede do Alverca, a caminho do emprego, e foi convidado para integrar a equipa. Quando abandonou a secção de ciclismo foi convidado pelo então presidente Fernando Vaz para fazer parte da direcção. Nomeado director de campo, José da Cunha tornou-se uma grande figura do clube. “Tomava conta dos campos, dos equipamentos. A juntar aos cargos que exerceu ainda foi massagista e motorista. Fazia tudo pelo meu clube”, recorda. Nos anos 60 e 70, José era empregado nas oficinas de aeronáutica da Força Aérea e levantava-se todos os dias às seis da manhã para tratar dos equipamentos. Quando saía, o ritual repetia-se. Ia para os estádios da Luz e de Alvalade para ver como é que faziam os profissionais do Benfica e do Sporting e aplicava o que aprendia no Alverca. O campo pelado estava sempre cheio e toda a gente puxava pelos jogadores. Raul José, que foi treinador adjunto do Benfica, foi um dos futebolistas que passaram por Alverca e que José mais gostou de ver em campo. Em 1992, quando foi inaugurado o complexo desportivo, José recebeu uma proposta de Luís Filipe Vieira, o actual presidente do Benfica e que à época dirigia o Alverca. Vieira queria profissionalizar o trabalho de José, pagar-lhe pelo que fazia. Mas fazer o que se adora não tem preço e estava fora de questão receber fosse o que fosse. Estava cansado e já na altura queria sair para dedicar mais tempo à família. Mas acabou por ficar mais quatro anos. A direcção insistiu em compensar José e este acabou por receber uma compensação nos últimos nove meses em que trabalhou para o clube. Hoje o FC Alverca já não tem o vigor e as glórias de antigamente mas isso nem belisca o amor que tem pelo clube. O que importa para José da Cunha é o clube estar vivo e ter uma história rica e cheia de alegrias. Ainda se lembra como se fosse hoje das vitórias do clube quando este militava na primeira divisão nacional. Já não é motorista, já não trata do campo ou dos equipamentos mas mesmo assim não se consegue desligar do clube. Passa os dias na sala de convívio dos sócios a jogar à sueca e a pensar que se houvesse pessoas que se dedicassem nem que fosse metade do que ele dedicou, hoje o clube não estava como está. A viver das glórias do passado e sem dinheiro para sobreviver.
José da Cunha é um exemplo de dedicação ao FC Alverca onde fez tudo por amor

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