Parabéns ao Eduardo pela sua coragem: é triste ter que ir à televisão ou jornais e tomar medidas tão drásticas como a greve de fome para conseguir uma perspectiva da independência desejada e um futuro fora dos centros ocupacionais, que são úteis, claro, para certas situações. Há muitas pessoas neste país que ainda pensam que uma pessoa que anda numa cadeira de rodas ou com problemas motores não consegue pensar porque não se consegue mexer e só quer estar sossegadinha no seu canto... O que demonstra não só uma grande ignorância em relação ao modo como funciona o cérebro e o corpo humano, mas também um enorme défice de sentimentos. Por outro lado, importa também que as pessoas, sejam crianças, jovens ou adultos, com deficiência ou problemas graves de saúde, e os seus cuidadores, tenham a coragem de sair para a rua no dia-a-dia ou expor os seus problemas, como o Eduardo; muitos não o fazem, e isso não é só devido aos óbvios problemas económicos. Por vezes também devido aos comentários de certas pessoas. Sei-o bem, pois a minha filha mais nova tem graves problemas de saúde e já teve que andar muitos meses de cadeira de rodas. Fiz e faço questão de ir com ela para todo o lado: ouvem-se as maiores barbaridades, vindas de pessoas que não nos conhecem de parte nenhuma, (até no supermercado) e até dos que são próximos... Mas interessa é continuar sempre, sem desistir, como fez o Eduardo. Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura! Quem ensina às pessoas que existe algo que se chama plasticidade do cérebro? Quando conseguirão compreender que as pessoas com deficiência ou graves problemas de saúde também pensam, sentem, cantam, têm sonhos, projectos, querem e têm direito a ter uma VIDA, a ir ao supermercado, à escola, etc..? Há um certo país da Europa no qual existe um ministro que anda numa cadeira de rodas - seria isto possível em Portugal?? Iria Carla Otílio