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Dirigentes associativos de Vila Franca foram habituados a ter tudo de mão beijada

Dirigentes associativos de Vila Franca foram habituados a ter tudo de mão beijada

Presidente da Filarmónica Alverquense, João Paulo Silva, critica a falta de partilha de equipamentos e as guerras entre instituições

A Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense celebra este ano 139 anos e o actual presidente, João Paulo Silva, conseguiu equilibrar as contas da associação e coordena uma casa que movimenta um milhar de pessoas por dia. Lamenta a falta de diálogo entre as várias associações do concelho e acusa os dirigentes de terem estado demasiado dependentes dos apoios municipais.

É dirigente associativo e não tem pejo em dizer que as colectividades de Vila Franca de Xira são subsídio-dependentes. João Paulo Silva, presidente da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA), considera mesmo que os dirigentes do concelho de Vila Franca de Xira foram mal habituados a ter apoios de mão beijada durante anos. Realçando que agora num quadro de crise é preciso muito espírito de sacrifício para manter as associações de portas abertas.João Paulo Silva não critica a política da câmara na área e até enaltece a sua disponibilidade em conceder apoios mas não entende o facto de os dirigentes associativos não terem procurado outras formas de financiamento, sem estarem exclusivamente dependentes do dinheiro do município. “As associações não devem estar apenas de mão estendida. Quem o fizer bloqueia porque os apoios municipais são poucos e depois ficam sem receitas próprias. Que fazem depois? Mantém aberto um café? Isso não faz parte da nossa maneira de estar”, refere a O MIRANTE.O presidente da SFRA lamenta ainda que as colectividades do concelho não estejam unidas sublinhando pela negativa a existência de muitas “guerras e lutas” entre as várias instituições. “Devia-se ter apostado na partilha de espaços e pavilhões. E isso vai ter de acontecer brevemente. É verdade que toda a gente quer ter a sua sede e mandar na sua casa, mas depois os espaços acabam por fechar porque os dirigentes não os conseguem tornar rentáveis”, nota.No ano em que a sociedade filarmónica celebra 139 anos, João Paulo Silva realça o trabalho feito para relançar a instituição e em poucos anos dar a volta a uma situação financeira difícil. Agora, garante, é uma colectividade rentável que movimenta um milhar de pessoas por dia nas suas instalações em Alverca do Ribatejo. O segredo é o trabalho árduo de todos os directores e o controlo dos gastos ao cêntimo.A situação financeira da colectividadeQuando chegou à direcção a sociedade tinha dívidas na casa dos 175 mil euros a funcionários, fornecedores e colaboradores. Tinha ainda um empréstimo bancário com letras por vencer de 50 mil euros e uma dívida de 750 mil euros da construção da nova sede. Actualmente as únicas dívidas existentes dizem respeito à construção da nova sede, cerca de 450 mil euros, e ainda três mil euros que estão por pagar a antigos professores e colaboradores da SFRA. Uma das medidas para equilibrar as contas foi profissionalizar a área desportiva através de uma parceria com a Academia Paula Manso. Além das actividades desportivas a associação tem também uma banda filarmónica e outros grupos musicais. O auditório é usado frequentemente por grupos de teatro e outras instituições de Alverca. Neste momento já está em condições de fazer investimentos e além da compra de um novo autocarro, gastou recentemente 20 mil euros na aquisição de luzes de baixo consumo (LED) e novas luzes de palco.O orçamento da associação este ano é de 450 mil euros. Tem mais de cinco mil sócios, dos quais apenas três mil têm as quotas em dia. Dá trabalho a cinco pessoas. João Paulo Silva, 42 anos, natural do Forte da Casa, onde reside, diz que daqui a dois anos quando acabar o mandato não vai recandidatar-se. O dirigente diz que irá sair satisfeito, contente e realizado com a passagem pelo associativismo. “É sempre uma etapa da vida que nos deixa muitas memórias”, conclui.
Dirigentes associativos de Vila Franca foram habituados a ter tudo de mão beijada

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