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Esquadra do Cartaxo inaugurada sem polícias e à revelia do ministério

Esquadra do Cartaxo inaugurada sem polícias e à revelia do ministério

Capricho de Paulo Varanda na véspera de sair da presidência da câmara cria situação caricata
A inauguração da esquadra da PSP no Cartaxo tem todas as condições para ser a mais caricata. O presidente da câmara decidiu inaugurar as instalações na terça-feira, 15 de Outubro, na véspera de cessar funções, para ter uma placa com o seu nome no edifício, que nem sequer está em condições de começar a funcionar. Paulo Varanda fez tudo por sua iniciativa e limitou-se a convidar o Ministério da Administração Interna, que não se fez representar. A polícia do Cartaxo, que é comandada por um irmão de Varanda, também não estava na cerimónia. O novo presidente da câmara, que tomou posse esta quarta-feira, não foi convidado. Pedro Ribeiro (PS), numa análise política ao caso, diz que se trata de uma “atitude precipitada”, classifica a situação como “ridícula” e fala em “vaidade”. O normal em questões protocolares de inaugurações é que seja o ministério a decidir como e quando se faz a inauguração e depois convidar a câmara. Paulo Varanda fez tudo ao contrário. Na hora da inauguração do edifício, o autarca entrou pelas traseiras pelo meio das obras de um arruamento que dá acesso ao pátio e às garagens da futura esquadra, que ainda não tem luz nem sistema de comunicações. Os arranjos exteriores em frente à entrada principal ainda estão a ser construídos. Varanda desvaloriza dizendo que essa é uma empreitada à parte. Acompanhado de autarcas, representantes dos bombeiros, dos escuteiros e de instituições locais, que não totalizavam mais de quatro dezenas de pessoas, Paulo Varanda descerrou uma placa onde o seu nome é antecedido do grau académico “Eng.º”. O novo presidente, Pedro Ribeiro, sublinha que o edifício não está em condições de ser inaugurado. Pelo que analisa a atitude de Varanda como “algum desespero de deixar marca. O desejo de ter uma placa com o seu nome”. E acrescenta que “não é racional inaugurar uma obra que não está concluída”, sublinhando que o seu antecessor “foi traído pela sua vaidade”. A situação cria também um imbróglio para o Ministério da Administração Interna. Pedro Ribeiro diz que quando a obra estiver totalmente pronta “o ministro quererá oficializar o momento”. A questão nessa altura vai ser decidir se o ministério arranca a placa de Paulo Varanda ou decide ter duas placas e ser ridicularizado. “Temos que depois reunir com o ministério para tentar resolver a questão caricata das placas”, sublinha o novo presidente realçando que há 20 anos que acompanha a vida pública e nunca tinha assistido a uma situação destas. “A ausência das forças policiais a quem se destina as instalações demonstra que da parte do Ministério da Administração Interna deve haver um enorme desconforto e desagrado perante este número político”, comenta Pedro Ribeiro. Para o autarca que deixa as funções por ter perdido as eleições a inauguração não é contra corrente mas “na nossa corrente”. Paulo Varanda reconheceu que a esquadra ainda não tem instaladas as comunicações nem tem electricidade mas atirou responsabilidades para o ministério dizendo que este podia ter feito isso num dia. E tratou de mostrar o mobiliário que está encaixotado nas garagens e que diz que já estão no local há dois anos. Questionado por O MIRANTE sobre a urgência da inauguração, disse: “Fiz questão de ser hoje porque foi um processo difícil”, referindo-se a várias vicissitudes da obra com alterações do projecto e a falência do empreiteiro.
Esquadra do Cartaxo inaugurada sem polícias e à revelia do ministério

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