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Aparecimento de filho de Salgueiro Maia não deve servir para denegrir imagem do capitão de Abril

Aparecimento de filho de Salgueiro Maia não deve servir para denegrir imagem do capitão de Abril

Coronel Garcia Correia, colega de armas e amigo do herói da revolução, espera que não aconteçam situações de má-fé
O capitão de Abril Garcia Correia espera que não venham a existir más interpretações da história da revolução por ter agora aparecido um jovem que reclama ser filho de Salgueiro Maia, herói da revolução. Garcia Correia, actualmente coronel reformado e amigo do capitão Maia, em declarações a O MIRANTE, diz esperar que não “aconteçam situações de má-fé em que se aproveitem deste facto, a confirmar-se, para denegrirem a imagem do Salgueiro Maia”. Garcia Correia, que no 25 de Abril era o capitão mais antigo na Escola Prática de Cavalaria (EPC) de Santarém, de onde saiu a coluna de Salgueiro Maia para derrubar o regime, acrescenta que se vier a confirmar-se que o seu amigo pessoal e de armas é pai do jovem, isso não “altera em nada” a imagem que tem dele. “Fico com a mesma consideração e admiração que tenho por ele”, sublinha. O capitão Salgueiro Maia vivia em Santarém e isso também proporcionava uma maior proximidade com Garcia Correia, que reside na cidade, para além de conviverem no quartel da EPC. Os dois militares costumavam conversar e juntar-se em jantares mas Garcia Correia garante que Maia era pessoa reservada em relação à vida pessoal. “Para mim e para muita gente era uma pessoa fechada em relação às questões pessoais”, salienta o capitão que no dia da revolução de 1974 ficou como segundo comandante da unidade militar.Garcia Correia revela por isso que “foi com algum espanto” que viu a notícia de O MIRANTE que dava conta do processo no tribunal em que um jovem luso-americano, filho de uma açoriana, pede o reconhecimento da paternidade. “Foi uma grande surpresa”, comenta. A confirmação ou não de que o capitão tem um filho de uma mulher que não a esposa cabe a um juiz do Tribunal de Santarém onde decorre um processo de investigação de paternidade. E isso pode passar pela realização de testes de ADN, o que implica a exumação do corpo do capitão de Abril.O jovem em questão, de 28 anos, que vive em Nova Iorque (Estados Unidos da América) e que pretende manter-se longe da exposição pública, só recentemente soube através da mãe que seria filho do capitão. Esta será fundamental também para esclarecer o caso no tribunal. Salgueiro Maia terá conhecido a mãe do rapaz, de uma família conhecida nos Açores, quando esteve colocado na ilha a seguir ao 25 de Abril. E segundo pessoas próximas da família do jovem, quando o capitão regressou a Santarém terá mantido contacto com a açoriana em Lisboa onde um irmão desta tinha casa.Segundo uma pessoa próxima da família o jovem nem sequer fala português e é representado no processo por um advogado português. Foram chamados ao processo a viúva do capitão de Abril, Natércia Maia e os dois filhos adoptivos do casal Maia. Até agora nunca tinha sido colocada a possibilidade de Salgueiro Maia ter deixado descendência. O jovem que se intitula filho do militar tinha sido registado com o apelido de um homem com quem a mãe casou mas entretanto já fez uma alteração ao seu registo incluindo os apelidos Salgueiro Maia a seguir aos dois nomes próprios. Situação que é possível de fazer nos Estados Unidos e no processo judicial já aparece identificado com os novos apelidos. Salgueiro Maia morreu há 21 anos depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro em 1989.
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