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A antiga promessa do futebol que chegou a ter Cristiano Ronaldo em sua casa nas férias

A antiga promessa do futebol que chegou a ter Cristiano Ronaldo em sua casa nas férias

César Piedade deu nas vistas na Académica de Santarém e fez carreira nas camadas jovens do Sporting

Começou na Académica de Santarém e cedo deu nas vistas, captando o interesse dos grandes de Lisboa. César Piedade jogou nas camadas jovens do Sporting e da União de Leiria, onde treinou com Mourinho. Acredita que passou ao lado de uma carreira interessante devido às opções tomadas, mas não se arrepende. Hoje dedica-se à cozinha no restaurante que abriu na Azóia de Baixo.

Há 15 anos César Piedade jogava na Académica de Santarém, tendo sido considerado uma promessa do futebol português. O seu talento deu nas vistas e aos 14 anos foi convidado para jogar no Sporting Clube de Portugal e também no rival Sport Lisboa e Benfica. Apesar do seu coração torcer pelas águias foi jogar para o Sporting, porque além de terem sido os primeiros a descobri-lo, César já tinha dado a sua palavra e garante que gosta de honrar os seus compromissos. O MIRANTE na altura deu conta desta jovem promessa que ameaçava voar alto no mundo do futebol. César Piedade começou por jogar na posição de guarda-redes. Aos 12 anos era guarda-redes titular da selecção distrital de Santarém. Um dia disseram-lhe que tinha capacidade para jogar à frente e no dia seguinte jogou a médio-centro tendo marcado dois golos nessa partida. A partir daí o seu talento começou a sobressair e até chegar ao Sporting demorou apenas três meses. Nesse ano foi eleito o melhor defesa do Torneio Internacional do Cartaxo e também o melhor jogador do Sporting no Torneio de Portalegre.Agora, com 29 anos, muita coisa mudou. César Piedade deixou os relvados e dedica-se aos cozinhados. Cresceu no restaurante dos pais e foi com naturalidade que há cerca de um ano abriu a Casa dos Torricados, em Azóia de Baixo. Não se arrepende das decisões que tomou, embora tenha consciência que algumas não foram acertadas e que isso mudou o rumo da sua vida. Diz que trocar a União de Leiria pela União de Santarém, aos 17 anos, não foi uma decisão acertada. No entanto, não lamenta nenhuma decisão porque optou por construir uma família feliz ao lado da actual mulher e do filho de dois anos.“Estive quase a assinar contrato com um grande agente de futebol mas preferi não ter nenhum empresário. Com um empresário podia estar num grande clube e ter uma grande carreira, mas se fosse necessário também era obrigado a ir jogar para a Ásia ou para um país muito distante. Nunca me passou pela cabeça estar muito longe da minha família. Nunca fui um deslumbrado pelo futebol e fazer disso a minha vida nunca foi um objectivo de vida”, afirma.O amigo Cristiano RonaldoNo Sporting jogou com Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, Hugo Viana e Miguel Garcia. Aquele que hoje é considerado por muitos como o melhor jogador do mundo, CR7, costumava ir a sua casa e chegou a passar a Páscoa em Santarém. Perdeu o contacto com Ronaldo mas acredita que se o encontrar na rua o madeirense vai recordar-se do antigo colega com quem jogou nos leões. “O Cristiano Ronaldo é uma excelente pessoa, com um coração enorme, que não se esquece dos amigos e companheiros”, sublinha.Do Sporting passou para a União de Leiria e aí teve oportunidade de treinar com o melhor treinador português e que também é considerado por muitos como o melhor treinador do mundo, José Mourinho. A relação não foi tão próxima como gostaria porque César Piedade era júnior mas como tinha qualidade treinava com os seniores.De Mourinho também guarda boas memórias. Baptizado pelo “special one” de Mauro Airez, por fazer lembrar o antigo jogador sul-americano, nunca mais se esqueceu de um discurso feito por Mourinho. “Ele dizia-nos que uma coisa é o que ele dizia à imprensa, outra era o que nos dizia a nós. O que contava era o que nos dizia a nós. É uma pessoa com um carácter extraordinário, um ídolo e uma referência para todos os jogadores que trabalham com ele. Ensinou-me coisas que ele nem deve ter noção de como foram importantes para mim”, afirma.César Piedade, mais conhecido entre família e amigos por Tiago, defende que para se singrar no mundo do futebol não basta ter talento, também é preciso ter sorte e estar ligado a pessoas muito influentes. Na sua opinião, o futebol é muito ingrato porque a maioria dos jogadores não consegue chegar a clubes de topo e ter a carreira que o Cristiano Ronaldo tem. “É só uma minoria que ganha fortunas por isso não me arrependo de não ter ido atrás de uma carreira internacional porque talvez não tivesse a estabilidade que tenho hoje”, considera.Esteve dois anos e meio no Sporting tendo jogado nas equipas de iniciados e juvenis. Ganharam torneios nacionais e internacionais e jogaram com as melhores equipas. No entanto, como houve um problema de inscrição de jogadores de uma equipa no Alentejo o campeonato nacional foi suspenso e por isso não conquistaram os títulos.Ainda joga futebol com os amigos de vez em quando. Diz que um grande jogador de futebol é aquele que consegue transpor aquilo que quer fazer da mente para os pés. “Na mente ainda está cá tudo, agora nos pés é que já não porque tenho 20 quilos a mais, o que dificulta os movimentos”, confessa em jeito de brincadeira.Primeira prova de fogo foi no Festival de Gastronomia em SantarémA primeira prova de fogo de César Piedade na cozinha foi durante um Festival da Gastronomia em Santarém há cerca de oito anos. O cozinheiro do restaurante onde servia à mesa sentiu-se mal e teve que ser internado. César Piedade “chegou-se à frente” e foi para a cozinha. “Estava nervoso mas acabou por correr bem. A partir daí decidi que era isto que queria fazer da minha vida”, conta.Na Casa dos Torricados é César Piedade quem cozinha. Gosta de inventar pratos, sobretudo de reinventar o torricado, prato tradicional ribatejano, que, na sua opinião, estava “muito” esquecido. Torricado de enchidos, torricado de camarão frito, torricado de francesinha, bacalhau à moda do campo, bacalhau à moda da adega são pratos inventados por si. O torricado consiste em pão com alho e azeite. Surgiu quando os camponeses iam para o campo e trabalhavam à semana. Para o final da semana o pão já estava duro e como não havia muito dinheiro para improvisar, o pão era torrado, untado com alho e embebido em azeite para amolecer.
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