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Os sonhos têm forma no Bragadense

Os sonhos têm forma no Bragadense

Jogadores têm que pagar 30 euros para jogarem e entrarem no Campeonato do Inatel

O Grupo Desportivo e Recreativo Bragadense vai competir no Campeonato da INATEL de Lisboa mas nem por isso os jogadores deixam de encarar as partidas como se tivessem na Liga dos Campeões.

É a pouco e pouco que chegam os jogadores do Grupo Desportivo e Recreativo Bragadense, na Póvoa de Santa Iria. Uns, como o capitão Miguel Sousa, aproveitam o facto de estarem de folga para chegar mais cedo, outros chegam com o treino a decorrer porque só agora conseguiram sair do emprego. Miguel é guarda-prisional e aos 35 anos não consegue perder o “bichinho” pela bola. “Joguei muito tempo futsal, fui federado mas agora estou formatado para o futebol de 11”. Para ir aos treinos que se realizam duas vezes por semana, Miguel tem muitas vezes que alterar o seu horário de trabalho. Apesar de participar no campeonato da INATEL, que é considerado um campeonato para “trabalhadores”, garante que a vontade de vencer é a mesma como se tivessem a jogar contra os grandes nacionais. “Não estamos aqui a brincar”, adverte.Aqui não há equipamentos para os treinos. É normal vermos várias camisolas do Benfica, Sporting, Porto, Borussia de Dortmund e Barcelona a serem usadas em cima do pelado do Bragadense. Os futebolistas têm que pagar 30 euros se quiserem participar na competição e o presidente, José Manuel Nunes, alerta que este ano não vai haver facilitismos. Apesar de terem o mesmo empenho que qualquer futebolista de alto rendimento, os atletas não recebem salários milionários mas sim uma bifana e uma imperial no final das partidas em casa. O treinador, Vítor Lopes, está com a equipa desde 2004 e é um dos responsáveis pelo projecto de futebol no clube. Além dos seniores, treina também o escalão de escolas e auxilia os iniciados. Aproveita o facto de estar desempregado para se dedicar plenamente ao clube do bairro das Bragadas mas diz que isso também é o que lhe dá prazer. “Só com muita paixão é que eu e o presidente conseguimos levar isto para a frente”, assevera. Vítor considera que tem um plantel com qualidade e que se tem mantido unido há três anos. A média de idade ronda os 27 anos mas existem jogadores novos que podem desequilibrar. “Temos futebolistas que com facilidade podiam jogar numa distrital ou numa divisão superior mas a vida assim não quis. Por exemplo, no jogo passado, o Wilson que costuma ser lateral esquerdo marcou um golo de bicicleta de levantar o estádio se o houvesse” explica, apontando para o atleta que tinha acabado de fintar dois jogadores na esquerda e rematado para a baliza sem sucesso. Wilson foi um dos jogadores que chegou atrasado e nem precisou de aquecer porque veio a correr do Forte da Casa. Vítor afirma que dá primazia à competência individual dos jogadores e não há quantidade. “Isto não vai servir para darmos um passeio ao Domingo. Levamos isto com seriedade e os jogadores já sabem que nem todos vão poder fazer parte dos convocados”, chuta o treinador que diz que se exalta bastante durante as partidas. Atento a ouvir as palavras do mister e a fazer alongamentos está Nuno Picareta, o mítico ponta-de-lança que é um exemplo de dedicação no clube bairrista. Aos 36 anos ainda marca uns golos e foi ele que ajudou a pintar os balneários e a construir a vedação para o ringue. “Sou polivalente pelo clube” diz entre-risos Nuno que enverga um camisola do Porto, outra das suas paixões. O plantel é constituído apenas por dois jogadores das Bragadas. A maior parte vem de Vialonga, do Forte da Casa e da Póvoa.Cada reposição de bola feita pelo guarda-redes desencadeia uma corrente de gritos que se baseiam no “é minha” ou “deixa”. Depois quando alguém consegue assegurar o controlo do esférico, seguem-se os insultos e o “é falta”. Nada disto é diferente nos campos de norte a sul do país, mas aqui dá se oportunidade de berrar “golo” a quem pensava que já a tinha perdido. Objectivos do BragadenseO Bragadense existe desde 1975 e foi formado por moradores do bairro das Bragadas na Póvoa de Santa Iria. O presidente José Manuel Nunes diz que os objectivos do clube passam por construir um relvado sintético e conseguir arranjar patrocínios para conseguir participar numa divisão distrital. Nada disto está fácil. “O relvado sintético custa mais de 100 mil euros”, analisa o presidente num momento em que a crise económica não permite que as empresas colaborem com o clube. Há três anos que apostam no futebol de formação e têm conseguido alcançar bons resultados.
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