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A noite em que Valverde é a capital da minissaia

A noite em que Valverde é a capital da minissaia

Aldeia do concelho de Santarém acolhe concurso há 22 anos inspirado na famosa peça de vestuário e no que esta deixa revelar e sugerir. Este ano concorreram nove jovens, perante uma plateia maioritariamente masculina que não poupou nos piropos.

Todos os anos a pequena aldeia de Valverde, na freguesia de Alcanede, Santarém, se transforma por uma noite na capital da minissaia. Este ano, já entrada a madrugada de domingo, 10 de Novembro, o Centro Social e Recreativo de Valverde contou com nove candidatas em palco naquela que foi a 22ª edição do concurso Miss Minissaia. Um espectáculo que fez vibrar cerca de oito centenas de pessoas que não perderam a oportunidade de ver o desfile e apreciar as minissaias e as pernas que a reduzida e famosa peça de vestuário deixava ver. “És boa!” ou “Pareces uma boneca!” foram alguns dos piropos que se ouviram da assistência masculina à medida que as jovens candidatas, com idades entre os 13 e os 27 anos, desfilavam.Nelson Gomes não se importaria se a filha fosse uma das concorrentes apesar de confessar que “ficava a sofrer” por a ver ser apreciada por centenas de olhares masculinos, mas não deixaria de a aplaudir. “Hoje a minissaia já não é uma novidade para os jovens”, afirmou a O MIRANTE referindo que a banalidade já não tem o factor surpresa de há uns anos atrás.“As candidatas deste ano eram muito novinhas, mas não há dúvida que todas elas são bonitas o que é normal na idade delas. Sem dúvida nenhuma que o evento cada vez tem mais qualidade”, disse Paulo Silva, outro dos espectadores, garantindo que se tivesse uma filha ou familiar a desfilar de minissaia não teria qualquer problema com isso. Este ano houve menos candidatas, mas nem por isso o concurso foi menos animado. Para além de desfilarem e posarem na passerelle, as jovens foram submetidas a uma questão surpresa para demonstrarem a sua atitude em palco. “Foram candidatas animadas que não tiveram medo de ir ao palco e fizeram por ganhar o prémio”, disse a O MIRANTE o apresentador da noite, David Cadete. A noite contou também com muito público feminino que não quis perder a oportunidade de ver mais uma edição da Festa da Minissaia. “Este desfile foi muito fraquinho em relação aos outros anos, mas as candidatas são muito bonitas”, opinou Patrícia Ferreira, que em tempos também foi participante e que aproveitou a oportunidade para apelar às jovens da terra e arredores a participarem.Já Fernanda Nogueira, 71 anos, mandou uma gargalhada quando O MIRANTE a questionou se na sua juventude usava minissaia. “Saias normais usava, mas nunca usei minissaia, mas se fosse mais novinha participava”, garantiu. “Ia lá mostrar a perninha!”, exclamou o marido António Nogueira, garantindo que não tinha ciúmes se Fernanda se aventurasse em palco de perna ao léu. Afinal estão casados há 51 anos e confiam um no outro.“Homens deviam ter mais respeito”Anabela Vitório também aplaudiu as participantes. Nos tempos de juventude não gostava muito de usar minissaia, sempre preferiu calças e apesar de olhar para a iniciativa como algo positivo para a terra, relembrou que era importante os homens respeitarem mais as participantes, pois muitas vezes acabam por ser brejeiros. No mesmo grupo O MIRANTE encontrou Cristina Eusébio que recordou os tempos em que andava de minissaia. “Até aos 17 anos usava minissaia, depois deixei de usar e nessa altura até era capaz de participar”, afirmou.“Não é fácil receber piropos, a sensação não é muito boa”, garantiu a O MIRANTE Adriana Duarte, 22 anos, a vencedora desta edição com 159 pontos. “Já costumo fazer desfiles, já estou habituada ao público, mas não há estes piropos, há as palmas que é o que nos incentiva a estar em cima do palco”, completou, garantindo que a escolha da minissaia foi simples, pois não é uma adepta de saias e era a única que tinha no guarda-fatos. Apenas um ponto separou as três vencedoras. A primeira dama de honor foi Matilde Vitorino, 13 anos, de Valverde. Catarina Pereira, 22 anos, de Porto de Mós, recebeu a faixa de segunda dama de honor. Para casa levaram 250, 125 e 75 euros, respectivamente.Já passaram 22 anos desde a primeira edição da Festa da Minissaia. Os tempos eram outros e as mentalidades também. Contudo Patrícia Pereira, da direcção do Centro Social e Recreativo de Valverde, refere que ainda há mulheres que têm vergonha de participar, mas as adolescentes já são mais descontraídas. “Enquanto houver Valverde vai haver festa da Minissaia!”, garantiu Patrícia Pereira.
A noite em que Valverde é a capital da minissaia

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