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Instituto Bernardo Santareno reentra em cena no próximo ano

Instituto Bernardo Santareno reentra em cena no próximo ano

Projecto criado por Moita Flores entrou em agonia devido à falta de dinheiro. Entidade está inactiva e o seu presidente demitiu-se há quase um ano sem ter sido substituído. Actual líder da Câmara de Santarém quer reactivar o instituto no próximo ano, em novos moldes.

“Novembro, Mês de Santareno”, uma iniciativa da Câmara Municipal de Santarém e do seu Instituto Bernardo Santareno (IBS) nascida nos tempos de Moita Flores como presidente da autarquia, desapareceu de cena nos dois últimos anos. Aliás, neste Novembro, mês em que nasceu o dramaturgo escalabitano, a agenda cultural da autarquia não contempla qualquer actividade ligada ao escritor, autor de múltiplas peças de teatro. Um cenário que deverá ser corrigido já no próximo ano, diz o presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves (PSD).O próprio IBS, nascido da iniciativa de Moita Flores e liderado por Vicente Batalha até à demissão deste, em Dezembro de 2012, encontra-se em inactividade prolongada, pelo menos no que toca a iniciativas públicas. A gala Santareno saiu há um par de anos do calendário cultural da cidade e o Prémio Nacional de Teatro Bernardo Santareno foi notícia recentemente, mas pelas piores razões. O escritor vencedor da última edição, Armando Nascimento, ainda não viu os 15 mil euros prometidos, tendo recebido de Moita Flores na cerimónia de entrega de prémios um envelope em branco (para a fotografia) com a promessa de que as contas seriam saldadas em breve. Os membros do júri do prémio literário também ficaram sem receber.Acresce que o presidente do Instituto Bernardo Santareno apresentou a sua demissão ao presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), em 6 de Dezembro de 2012, e ninguém o substituiu. Vicente Batalha revela que antes disso, ainda com Moita Flores como presidente da autarquia, também já tinha manifestado a intenção de abandonar o cargo dada a falta de condições para trabalhar.“Entendi ficar mais algum tempo mas vi que não havia condições objectivas para desenvolver actividade ao nível a que se propunha. E fazer figura de corpo presente não está na minha maneira de ser”, justifica Vicente Batalha, homem ligado à cultura que em tempos foi vereador da CDU na Câmara de Santarém e presidente da Junta de Freguesia de Pernes.Quanto ao facto de não haver qualquer programação cultural relacionada com Bernardo Santareno no mês do nascimento do dramaturgo, Vicente Batalha lamenta e recorda que já no ano passado aconteceu situação semelhante, tendo-se escutado “um coro de protestos” em reunião de câmara, embora, sublinha, ninguém se tenha preocupado em saber porquê.“Pelos vistos este ano também não há nada e não se percebe o silêncio em torno de Santareno e da obra dele. Tenho muita pena que isso aconteça e espero que as pessoas com responsabilidades ponham as mãos na consciência e ainda possam corrigir essa situação”, disse Batalha a O MIRANTECâmara quer instituto mais virado para a comunidadeTal como já havíamos noticiado em Novembro de 2012, devido a questões orçamentais a Câmara de Santarém suspendeu a atribuição do Prémio Santareno de Teatro, um dos pontos altos do programa “Novembro Mês de Santareno” que também foi suspenso. Ricardo Gonçalves garante que essa programação alusiva ao dramaturgo será retomada em 2014, através do Instituto Bernardo Santareno, que será reactivado noutros moldes ficando sob a tutela da vereadora da Cultura Susana Pita Soares.O presidente do município quer que o IBS tenha mais ligação à comunidade, nomeadamente às escolas e grupos de teatro locais em vez de ter uma actividade mais virada para o exterior e com dimensão nacional. “O instituto está a ser reorganizado para no início do ano estar novamente em actividade”, diz Ricardo Gonçalves.Prémio Santareno distinguiu peças inéditasO Prémio Nacional de Teatro Bernardo Santareno foi atribuído pela primeira vez em 2007, realizando-se desde então uma gala durante a qual eram entregues os prémios atribuídos em várias categorias à classe teatral portuguesa. Ao longo dos últimos anos foram distinguidas as peças inéditas “As Lamentações de G. von H. ou o Auto dos Bem-Amados”, de António de Vasconcelos Nogueira, “Não deixes que a noite se apague”, de Domingos Lobo, e “Em Viagem para Belle Reve”, de Armando Nascimento Rosa, bem como alguns dos grandes actores nacionais.Médico e escritorAntónio Martinho do Rosário, que utilizou o pseudónimo literário de Bernardo Santareno, nasceu a 19 de Novembro de 1920 em Santarém, cidade onde fez a instrução primária na Escola de Salvador e frequentou o Liceu Nacional de Sá da Bandeira. Depois de concluir o curso de medicina psiquiátrica, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, iniciou, em 1954, a publicação das suas obras, tendo começado por três livros de poesia, em edição de autor, a que se seguiu o volume “Teatro”, em 1957, que continha as peças “A Promessa”, “O Bailarino” e “A Excomungada”.Entre “A Promessa”, de 1957, e “O Punho”, de 1979, a única que ainda não foi representada, escreveu um conjunto de peças como “O Lugre”, “O Crime da Aldeia Velha”, “O Pecado de João Agonia”, “António Marinheiro, O Édipo de Alfama”, “O Judeu”, “A Traição do Padre Martinho”, “Português, Escritor, 45 Anos de Idade”, entre outras.
Instituto Bernardo Santareno reentra em cena no próximo ano

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