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Campeão Nacional de Muay Thai divide o seu tempo a treinar e a cuidar de crianças

As tarefas diárias de Adelino Boa Morte não são comuns à maior parte das pessoas e só são concluídas porque afirma que “dormir é uma perda de tempo”. O vialonguense de 23 anos é campeão nacional de Muay Thai na categoria amadora e trabalha como auxiliar de educação infantil na Associação de Bem Estar Infantil de Vialonga (ABEIV) o que surpreende quem não o conhece. “Quem me vê a lutar não acredita que trabalho com crianças”, diz Adelino que se assume como uma pessoa calma e que incentiva os miúdos a resolver os problemas através do diálogo. O lutador tem a responsabilidade de cuidar de crianças de 6 e 7 anos mas confessa que aproveita o facto da sala estar vazia para praticar golpes de boxe num boneco insuflável que arranjou.Ao atleta não lhe falta energia e isso entusiasma as suas colegas da ABEIV que mostram disponibilidade em trocar de horários quando tem combates ou pesagens. Adelino garante que trabalhar com crianças é enriquecedor porque se aprende muito com a inocência dos mais pequenos. Levanta-se todos os dias às 6h00 da manhã e vai trabalhar até às 15h30. Assim que sai do emprego corre e faz exercícios de resistência física até às 18h00, altura em que vai realmente treinar na Academia Zé Fortes em Vila Franca de Xira. “Quando chego a casa, às 21h30, só consigo pensar no que tenho que fazer para ser melhor no dia a seguir”, refere Adelino que só começou a praticar a modalidade aos 20 anos. “O meu crescimento foi rápido porque treino praticamente todos os dias”.A primeira vez que teve contacto com o Muay Thai, estava a passar com um amigo perto do Pavilhão da Maranhota em Vialonga e foi seduzido com o barulho de socos a embaterem nos sacos. Ganhou coragem para entrar e disse ao mestre que queria treinar. “O treinador perguntou na altura se não tínhamos medo de andar à porrada. Chegamos a casa cheio de dores e com o nariz rebentado mas voltamos no dia seguinte para surpresa de toda a gente”, conta o lutador que treinou cerca de seis meses neste pavilhão. Dos nove combates que fez, Adelino só perdeu um na fase inicial da sua preparação quando “andava a brincar ao Muay Thai”. “Eu não me poupo nos combates nem nos treinos. Estou sempre a querer partir para cima do adversário para aplicar o máximo de golpes que conseguir”, caracteriza-se o atleta que se sente bem a treinar com Zé Fortes e que planeia manter-se assim durante muito tempo. No combate que lhe deu o título nacional na categoria dos 73 aos 75 quilos, recorda muitas adversidades pois estava a lutar contra um adversário com mais experiência. “Aguentei muita porrada e aproveitei o cansaço dele no final”, esclarece Adelino dizendo que não se envolve em confusões fora do ringue. Os objectivos do jovem vialonguense passam agora por subir de escalão o que implica uma acumulação de horas de trabalho. “Em Portugal viver só da luta é difícil, no entanto, não me importo porque gosto do que faço no meu emprego” conclui.

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