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Campeoníssimo Mário Real Nunes colecciona dezenas de títulos

São mais de mil troféus de columbofilia conquistados ao longo de 50 anos

Natural e residente em Á-dos-Loucos, Vila Franca de Xira, Mário Real Nunes, 76 anos, tem mais de 1100 troféus conquistados que guarda na tertúlia columbófila de sua casa, frequentada pelo genro e pelos dois netos, outros apaixonados da modalidade. Resultam de 50 anos dedicados à reprodução de pombos que dão em campeões, sempre a representar o emblema da Associação Desportiva e Columbófila Adoslouquense.

Mário Real Nunes tem quase tantos anos de columbófilo como tem de casamento com a dona Rosa ou de trabalho como cortador de carnes no Mercado Municipal de Vila Franca de Xira. Dos seus 76 anos, 50 têm sido dedicados à columbofilia e não é de estranhar que reúna nas vitrinas, armários e paredes da sua tertúlia columbófila em Á-dos-Loucos, terra natal, mais de 1100 troféus de campeonatos e provas de clubes.O espaço começa a faltar na tertúlia. Duas vitrinas construídas até ao tecto albergam taças e tacinhas, anilhas e outros símbolos columbófilos, sinal das vitórias e participações em provas. Há ainda diplomas emoldurados e pendurados nas paredes, assim como medalhas, fotografias de momentos marcantes e até a fruteira da mesa é a taça de campeão distrital em 2009. Os pombos, tal como os touros para os aficionados, também se recordam como memórias em fotografias, alguns deles inesquecíveis. É o caso do “n.º 33” um pombo campeão, base de uma colónia, que deu a Mário Nunes o título de campeão distrital de Lisboa em 2000 e o sexto lugar a nível nacional, pai de uma série de pombos com prémios. “Ser-se campeão distrital em Lisboa é quase como sê-lo a nível nacional, quando uma prova é disputada por 60 colectividades e 1800 columbófilos. Ter o primeiro pombo no meio de tantos é um feito”, conta o columbófilo. Também a “Shakira”, pombo fêmea, deu muitas alegrias, com anilhas de ouro, prata e bronze, melhor pombo do distrito de Lisboa em 2003 e campeã de velocidade em 2004. Mário Real Nunes orgulha-se de já ter ganho campeonatos e concursos em todas as colectividades do concelho de Vila Franca de Xira: Á-dos-Loucos, Alhandra, Vila Franca de Xira, Sobralinho, Alverca, Granja e Clube de Fundo do concelho de Vila Franca de Xira. Uma família dedicada aos pombosA paixão pela columbofilia começou com 18 anos, quando em Á-dos-Loucos pouco mais havia para fazer do que assistir às chegadas dos pombos no largo da aldeia. “Cada pombo era anilhado com uma borracha de cada clube e sócio. Eram levados de comboio consoante as distâncias fossem de velocidade, meio fundo ou grande fundo e eram identificados à chegada. Na altura haveria 15 columbófilos na terra, cada qual com 30/35 pombos”, recorda. Aos 24 anos, já estava casado com Rosa da Conceição e a gerir o talho do mercado municipal, actividade que foi conciliando com a columbofilia.Actualmente, Mário Real Nunes tem pombos em conjunto com o seu genro, José Manuel Santos, outro multicampeão columbófilo, e os netos César e Mário André. Possuem 130 pombos voadores nos pombais de Vila Franca de Xira e outros 100 reprodutores (50 casais) em Á-dos-Loucos. O tratamento das aves é diário e depois de sair do mercado e de almoçar, Mário Real Nunes vai para os pombais até às 20h00 ou até mais tarde se for Verão. Mais que hobby, ser columbófilo é uma paixão e um encargo. “No passado alimentavam-se os pombos com milho, hoje é tudo à base de rações com vitaminas e outros nutrientes. Há que limpar os pombais e lavar os pombos a cada oito dias, vaciná-los. É um encargo bastante elevado”, reconhece o columbófilo.Os pombos valem pelo prestígio, pelo amor à modalidade mas também pelo negócio que podem proporcionar. Um pombo de categoria nacional pode valer cinco mil euros e há compradores para esses valores. “O meu pai comprou um pombo fêmea em 1977 por 20 contos, quando um ordenado na altura andava pelos dois contos. Agora veja o que esse pombo podia ter custado hoje em dia”, exemplifica José Manuel Santos. Emoção de esperar e ver chegar os pombosUma das histórias tristes que Mário Real viveu foi o despiste no viaduto da A1 por cima de Vila Franca de Xira, em 5 de Maio de 1988, com uma camioneta a cair desgovernada em cima dos pombais. Haveria 70 a 80 pombos mas nenhum morreu, ficaram apenas os estragos materiais, o susto e uma vida humana perdida na A1.As preocupações durante as provas centram-se quando os pombos tardam em chegar e alguns ficam pelo caminho. Já esperou por pombos até ser noite e pela madrugada seguinte, mas também já se emocionou ao ver chegar 14 pombos seus no grupo dos da frente numa prova.

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