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Um padre moderno que prega o evangelho com a ajuda de um boneco

Um padre moderno que prega o evangelho com a ajuda de um boneco

A missa de sábado à tarde na Igreja de São João Baptista, no Cartaxo, tem uma participação especial. Um boneco de nome Joca entra em cena, manipulado pelo padre Fernando Giuli, para interagir com os fiéis. Uma forma diferente de passar a mensagem de Cristo que tem sido um sucesso, sobretudo entre as crianças. “A missa não é um eterno funeral”, justifica o sacerdote brasileiro.

O padre brasileiro Fernando Giuli Batista está em missão no Ribatejo há cerca de dois anos e já se destacou pela forma inovadora de evangelizar e prender a atenção de miúdos e graúdos através de uma personagem que todos os sábados, na missa das 19h00 no Cartaxo, faz soltar gargalhadas aos presentes. Joca é o nome do boneco assunto de conversa na cidade, desde que, há cerca de três meses, o sacerdote, de 33 anos, ali chegou e o apresentou à comunidade como seu sobrinho fictício.Actualmente, a Igreja de São João Baptista já é pequena para acolher todos os que querem ver o Joca. A missa semanal celebrada ao sábado pelas 19h00 atrai centenas de pessoas que não dispensam os conselhos dados durante cerca de 15 minutos por essa personagem. Com sardas na cara, um olhar feliz e a inocência dos seus oito anos, Joca ganha vida através da mão e da voz do pároco.Foi há oito anos que Fernando Giuli Batista se aventurou nesta forma de passar a mensagem, que acaba por ser mais facilmente retida não só pelas crianças como também pelos adultos. Primeiro trabalhou com um fantoche, depois surgiu o Joca. No Brasil o Joca é mesmo um boneco de ventríloquo com cerca de um metro de altura. Mas para a sua missão em Portugal e sempre que viaja é o Joca em tamanho mais reduzido que o acompanha, pois é mais fácil de transportar.Foi na paróquia do Entroncamento que o Joca fez a sua primeira aparição por terras lusas, durante o primeiro ano de missão de Fernando Giuli Batista em Portugal. Agora é no Cartaxo que prende a atenção de quem vai à missa. A voz é estridente e quando canta desafina, aspectos que cativam a plateia e que promovem uma fácil interacção entre a personagem com ar reguila e as crianças que assistem à missa.“Não sou profissional de ventriloquia, mas acabei por misturar um pouco o ventríloquo com o fantoche”, diz, revelando que sempre teve um gosto especial pela arte da ventriloquia e chegou mesmo a tirar um curso para adquirir algumas bases. “Eu mexo a boca quando falo com ele, mas o segredo não é mexer a boca ou não, o segredo está na voz do boneco que é marcante e também na interacção que promove”, completa.Na missa de sábado ao fim da tarde, as crianças têm direito às primeiras filas para verem o Joca de perto e quando o Padre Fernando Giuli anuncia a chegada do seu “sobrinho”, existe de imediato um alvoroço na Igreja.Apesar de algumas resistências junto de uma minoria de paroquianos, o boneco do Padre Fernando Giuli Batista tem sido um sucesso e já é habitual que quando anda pela cidade ou vai a algum local lhe perguntem pelo Joca. “Às vezes os mais fechados em si mesmos são os que não gostam e que não querem avançar”, lamenta revelando que esta resistência não se verifica apenas em pessoas com faixas etárias mais avançadas.É junto à pia baptismal que Joca conversa com a audiência, e faz a delícia de quem assiste. No sábado, 23 de Novembro, o Joca aproveitou até para alertar para a moderação e os perigos da utilização das redes sociais, como o Facebook, mas o momento alto chega com o momento das perguntas em que é permitida a participação de todas as crianças.O padre Fernando Giuli Batista dirige-se ao púlpito para fazer um conjunto de questões sobre o evangelho do dia. Sempre que uma criança sabe a resposta corre até ao acólito para a dizer e se responder certo recebe um chocolate como recompensa.“Este foi um meio que encontrei para cativar as crianças, porque eles guardam muito mais a mensagem quando o boneco fala, do que quando eu falo. Há crianças que sabem o nome do boneco, conhecem-no, mas não sabem o nome do padre”, disse Fernando Giuli Batista a O MIRANTE.“A missa não é um eterno funeral”Com um espírito inovador, Fernando Giuli Batista não esconde que fica feliz por poder transmitir a palavra de Deus desta forma alegre e com a aprovação do Bispo de Santarém. É essa alegria que leva para cada missa e que defende ser necessária na Igreja dos dias de hoje, de modo a acompanhar a evolução do tempo. “A missa não é um eterno funeral, ela também tem alegria de viver a fé”, defende.Para este padre ordenado há uma década, os novos modos de viver a fé são essenciais para tornar a Igreja mais apelativa proporcionando novas experiências a quem a frequenta. “Às vezes o clero fecha-se em si mesmo e acaba por resumir a evangelização a missas e funerais. Só isso não basta, isso é o dia-a-dia, é a manutenção, mas é preciso colocar mais alguma coisa”, defende.Miúdos e graúdos aprovam a presença do Joca na missaQuando se entra na igreja do Cartaxo, ouvem-se as crianças com entusiasmo a falarem do Joca, pois é por ele que aguardam com ansiedade. Posicionam-se no melhor local para poderem correr e responder acertadamente às questões que o Joca lhes coloca e por isso têm também que estar atentas à missa. No passado sábado o Joca até tinha uma novidade, que surpreendeu os presentes: um cachecol e um casaco de lã. O mimo foi ofertado por uma paroquiana.“O Joca é mais uma forma muito positiva de mobilizar e cativar as crianças para virem à missa”, afirmou a O MIRANTE Mário Costa, dirigente do Agrupamento dos Escuteiros do Cartaxo. “Poderá ser uma ferramenta estranha para algumas pessoas, mas é extremamente positiva pela interacção que há com as crianças”, completa.
Um padre moderno que prega o evangelho com a ajuda de um boneco

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