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Literato Serafim das Neves

Rejubilemos com a classificação da dieta mediterrânica como Património da Humanidade, por essa grande instituição que é a UNESCO. A partir de agora quando estiveres a atacar um arroz de tomate malandrinho com jaquinzinhos e uma saladinha de beldroegas com cebola vê se te comportas e usas faca e garfo. E já agora deita a vinhaça num copo de pé alto próprio para a função. Comer Património da Humanidade não é o mesmo que comer uma treta qualquer. Se vestires uma camisa lavada e botares uma gravata também não é demais. E não te esqueças de descascar a maçã bravo de esmolfe com faca e garfo, custe o que custar.Esta coisa do Património da Humanidade tem que se lhe diga. Uma noite de fados no Convento de Cristo em Tomar, por exemplo, como já aconteceu aqui há alguns meses, que meta caldo verde com broa e uma rodela de chouriço é um acto de alta cultura. Uma coisa de três pês e agás. Três Patrimónios da Humanidade reunidos numa única ocasião. A Janela do Capítulo, o Fado e a mais mediterrânica das nossas sopinhas. É de levar guardanapo com monograma e tirar uma fotografia para o álbum dos grandes acontecimentos da nossa vida.Andar na estrada nesta quadra natalícia também exige preparação especial. Este fim-de-semana a GNR deu uma demonstração do seu excelente momento de forma. No Distrito de Santarém, em 72 horas, passou mais de 200 multas. Dá uma a cada vinte minutos. E não foram mais porque alguns condutores demoram muito a parar, a soprar no balão e a arrancarem. Pela minha parte faço um apelo para que os condutores tenham em atenção que deles depende a entrada da nossa Guarda no livro mundial dos recordes, o tal Guinness. Não é feito comparável a um Património da Humanidade mas dá um certo sainete. Não vale a pena apelar à infracçãozita porque esse aspecto nunca é descurado pela maioria dos automobilistas. Vê lá tu que só multas por excesso de velocidade foram quase cem. Infelizmente o pé pesado não faz parte da tal dieta mediterrânica, ao contrário do pé de porco ou da mão de vaca.Parece que te precipitaste ao decidires não comprar as “50 Sombras de Grey” para ofereceres à tua patroa no Natal. É o que faz só teres dado atenção ao senhor Vítor Figueiredo, excelso bibliotecário de Vila Franca de Xira. Lendo agora as opiniões de outros directores de bibliotecas municipais ficamos a saber que aquilo pode não ganhar o Nobel da literatura mas tem substrato suficiente para dar animação a muitas leitoras. Vê lá se ainda vais a tempo de trocar o que compraste da Margarida Rebelo Pinto pelas “sombras” antes que fiques assombrado. Segundo li a Rebelo Pinto terá dito que sente repulsa por quem se manifesta contra o Governo. Tu queres que a tua mulher sinta repulsa por ti? Não é bem melhor ela sentir vontade de te arrancar os pêlos do peito enquanto te chama garanhão?! Eu percebo que o senhor bibliotecário de Vila Franca de Xira se possa sentir inspirado pelo romantismo literário da dona Margarida, mas tu??!!!! Fiquei agora a saber que o ex-presidente da Câmara do Cartaxo, no último dia em que foi presidente, atribuiu um louvor ao irmão que é comandante da polícia na cidade e que, para não restarem dúvidas sobre o seu amor fraternal, o mandou publicar no Diário da República. Meu caro, é de exemplos destes que o país precisa. Numa altura em que a instituição família se desmorona é bom tropeçar em coisas tão lindas como esta. Num mundo cheio de cruéis e injustas incompatibilidades e inconveniências, elogiar um irmão publicamente como fez Paulo Varanda, é de homem. Eu cá por mim fazia como ele. E até iria mais longe. Era louvores para os meus irmãos, pais, filhos, esposa, sogros, cunhadas e cunhados e até aquela vizinha que tu conheces eu metia no Diário da República. A Bem da Nação, claro!!Um louvor bem firme Manuel Serra d’Aire

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