O número impressiona. 400 reclamações e pedidos ficaram esquecidos na gaveta pela anterior presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira ao longo de dois anos, sem que tenha havido resposta aos fregueses. A situação é denunciada pelo actual presidente da freguesia, Mário Calado (CDU), que não tem tido mãos a medir para regularizar a situação. A ex-autarca, a socialista Ana Câncio, que muitas vezes foi acusada pela oposição de arrogância, não contesta que tenha deixado situações por responder mas considera que o número é “manifestamente exagerado”. Mário Calado disse a O MIRANTE ter ficado “surpreendido” com a quantidade de reclamações que foram ignoradas por Ana Câncio. “Depois de tomar posse encontrámos as reclamações. Isto é mau porque qualquer pessoa que reclame tem direito a receber uma resposta”, refere. Em alguns casos houve habitantes que fizeram queixas no livro de reclamações, mas nem a essas foi dada resposta, segundo garante o presidente. Há reclamações com dois anos, da altura em que Câncio tomou posse como presidente após a renúncia ao mandato por parte de José Fidalgo.As situações dizem respeito sobretudo a casos de falta de desmatação, falta de limpeza urbana, colocação de pilaretes, estacionamento abusivo e falta de iluminação pública. Os casos que competem à junta estão a ser resolvidos, os outros foram encaminhados para as entidades com responsabilidades na sua resolução, como a câmara municipal. Mário Calado garante que toda a gente vai agora receber respostas sobre o encaminhamento das questões que levantaram. “Estamos a contactar todas as pessoas e a perguntar se os problemas se mantêm. Em alguns casos foram os próprios moradores que já meteram mãos à obra para resolver o assunto”, explica. Algumas das queixas e pedidos foram remetidos directamente para a junta de freguesia e outros forma colocados na plataforma online “a minha rua”. Contactada por O MIRANTE a anterior presidente mostra-se espantada com a situação e diz que vai pedir esclarecimentos ao seu sucessor. Ana Câncio justifica que alguns cidadãos foram contactados telefonicamente e que por esse motivo “pode não haver” registo da resposta. E recusa também a ideia de ter centralizado as queixas no seu gabinete. “Não recuso as minhas responsabilidades, estou cá para assumir o que for necessário”, conclui.