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Pantagruélico Manuel Serra d’ Aire

Uma inspecção do Ministério da Educação considerou que o antigo director da Escola de Gestão de Santarém, Jorge Faria, implementou durante alguns anos um esquema de pagamento indevido de horas extraordinárias de aulas a ele próprio e a mais 28 professores e agora estão todos sujeitos a ter de devolver um balúrdio à entidade patronal. Os munícipes do Entroncamento que se ponham a pau, porque o seu novo presidente de câmara tem uma espécie de toque de Midas, mas ao contrário. E mais não digo porque estamos no Natal...Brindo contigo à classificação da dieta mediterrânica portuguesa como património imaterial da humanidade, mas não percebo essa história do imaterial, que acho estar ali a mais. Porque uma sopa da pedra ou uma bacalhoada com grão, por exemplo, são pratos típicos da nossa dieta que nada têm de imaterial. Pelo contrário, é material bem palpável, compacto, do melhor que há para forrar o bucho. Imaterial poderá ser a flatulência que costuma vir a seguir, mas isso já é de outro sector do património que não o da dieta mediterrânica.Já agora, chamo a atenção para outros aspectos a ter em conta. Quando uma espinha de sardinha se espeta na garganta é um pouco de património da humanidade a penetrar em nós. E mais uma vez um património bem material, tangível, pois aleija que se farta. Vamos lá então retirar essa treta do imaterial da classificação da dieta mediterrânica e advertir inclusivamente quem não está habituado a lidar com esse património da humanidade para os riscos a que se sujeita. Porque, como qualquer medicamento, a dieta mediterrânica também tem contra-indicações.Está aí mais uma época natalícia e com ela as inúmeras campanhas de solidariedade, das mais diversas proveniências, que deixam à vista duas realidades tão claras como a água. A primeira é que somos um país de pedintes (e aqui não posso deixar de recordar os bombeiros alentejanos que regularmente vêm fazer peditórios para Santarém, o que demonstra espírito de sacrifício e largueza de horizontes). A segunda é que somos um povo que vive acima das suas possibilidades e anda a fazer-se passar por teso junto dos nossos comparsas europeus.Também no domínio da pedincha e das campanhas de solidariedade mais ou menos justificáveis funciona a lei da oferta e da procura. Ou seja: se não houvesse tanta gente a dar dificilmente haveria um peditório em cada esquina. A malta desistia. Por isso só me resta concluir que, apesar das queixas, ainda temos muito para dar e que os nossos governantes já se aperceberam disso, espremendo-nos até à última, como se espreme o tubo da pasta de dentes. Porque aquilo deita sempre mais um bocadinho...Uma das campanhas de solidariedade mais emblemáticas é a do Banco Alimentar Contra a Fome, que configura aquilo que habitualmente define um bom negócio: é uma iniciativa boa para todas as partes envolvidas. Os carenciados ficam com as despensas atulhadas de arroz, massa e atum em lata; os voluntários ficam com a alma cheia pela participação numa causa nobre; os dadores, a troco de umas latas de feijão frade e de grão, limpam eventuais problemas de consciência e sentem-se úteis; e os donos dos hipermercados, obviamente, agradecem as vendas superlativas que conseguem por esses dias.Votos de boas festas e de boas sestas do Serafim das Neves

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