Santarém quer explicações do Ministério do Ambiente sobre falhanço na despoluição do Alviela
Descargas poluentes registadas nas últimas semanas trouxeram novamente à tona um problema ambiental com décadas. Projecto que previa uma série de intervenções no sistema de tratamento de esgotos de Alcanena não foi cumprido na totalidade.
O presidente da Câmara de Santarém vai pedir uma reunião urgente ao ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, para sublinhar a necessidade de se executarem os investimentos previstos no âmbito do projecto para despoluição da bacia do rio Alviela. Ricardo Gonçalves deu essa informação na reunião do executivo de segunda-feira, onde alguns vereadores lamentaram as mais recentes descargas poluentes que afectaram o rio que nasce no concelho de Alcanena e atravessa o concelho de Santarém antes de desaguar no Tejo.A vereadora Otília Torres (PS) referiu que nas últimas semanas o rio tem aparecido com uma espuma estranha e disse que a população ribeirinha aponta o dedo à ETAR de Alcanena, que funciona deficientemente. A autarca perguntou a Ricardo Gonçalves se tinha informações sobre a origem da poluição e se tinha contactado a Câmara de Alcanena sobre o assunto.Também Francisco Madeira Lopes (CDU) aludiu à situação (que já tinha sido notícia na anterior edição de O MIRANTE), lamentando que os investimentos previstos no protocolo com vista à despoluição do Alviela, assinado por uma série de entidades públicas e privadas em 2009, não tenham sido todos executados. Nomeadamente a reabilitação da ETAR de Alcanena e a remodelação da rede de colectores de esgotos de Alcanena, que previa a separação de efluentes domésticos, pluviais e industriais. Madeira Lopes sublinhou que o Alviela é “uma das vítimas mais antigas” de atentados ambientais no país e disse que é hora de se apurar porque não foi cumprido o protocolo e de se saber que responsabilidades cabem a cada uma das partes envolvidas, bem como o que se pode fazer para reverter o actual quadro. Por isso defendeu que a Câmara de Santarém deve propor uma nova reunião com todas as partes para se fazer o ponto da situação relativamente à execução do previsto no protocolo, defendendo que nela possam também participar representantes das forças políticas com assento nos órgãos autárquicos dos dois concelhos afectados - Santarém e Alcanena.O presidente Ricardo Gonçalves concordou e disse que já tinha também decidido pedir uma reunião urgente com o ministro do Ambiente. A vereadora do Ambiente, Inês Barroso, também vê com bons olhos que a Câmara de Santarém seja a entidade impulsionadora dessa reunião entre os vários agentes envolvidos, até por ser o município mais afectado pelas descargas poluentes.Tal como já havíamos noticiado, nas duas últimas semanas a poluição regressou ao rio Alviela, voltando a verificar-se um manto de espuma sobre a água na zona de Vaqueiros, à semelhança do que já tinha acontecido na semana anterior e que tinha sido objecto de denúncia às autoridades. As fotografias enviadas para a nossa redacção pela União de Freguesias de Casével e Vaqueiros são elucidativas, continuando por identificar a origem da poluição.
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