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A Floripes e o José da Tapada

A Floripes e o José da Tapada

Há dias Floripes Martinho e o marido José Ferreira estavam a descansar sentados no murete à beira da Estrada Nacional 114 na Tapada (Almeirim), onde residem. O casal tinha um carro de mão carregado de vides para arranjar e vender a quem quer pôr vinha nova. Os bacelos estavam cortados com o rigor de quem sempre trabalhou no campo. Reformados com dinheiro contado para comerem e ajudarem uma neta que por causa de problemas de coração não pode trabalhar. Vão ao rabisco, aos restos que ficam nos campos para pouparem tudo o que podem. Floripes tem a língua afiada e pede para mandar um recado aos membros do Governo para que deixem de olhar para eles e olhem mais por quem tem pouco. Depois vira-se para o marido, de 78 anos, e diz que ele “está todo morto”. “E eu estou quase”, remata. Começaram a trabalhar quando deviam andar na escola, aos dez anos. Do tempo em que “a casa agrícola Caroça tinha 22 tractoristas”. E que foram dispensados “quando o Governo começou a dar dinheiro para os lavradores não cultivarem as terras”, recorda Floripes. Uma filha do casal morreu há menos de um ano na Suíça para onde tinha emigrado à procura de uma vida melhor. E os pais vão andando por cá carregando o sofrimento estampado no rosto continuando a labutar e a trabalhar com a possível felicidade. Porque, diz Floripes para concluir, “quem é feliz a trabalhar é feliz nos sítios por onde passa”. António Palmeiro
A Floripes e o José da Tapada

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