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Uma vida sem arrelias conduziu Manuel dos Santos aos 108 anos sem maleitas

Uma vida sem arrelias conduziu Manuel dos Santos aos 108 anos sem maleitas

Nasceu a 23 de Dezembro de 1905 e ainda mora sozinho na casa que reconstruiu na aldeia do Grou, em Tomar. Não toma medicamentos e a última vez que foi ao médico foi há um ano.

A agilidade com que sai do automóvel do neto para vir ao nosso encontro disfarça bem a provecta idade que tem. Dispensa que lhe abram a porta e sai pelo próprio pé, sem bengalas nem apoios. Manuel Rafael dos Santos celebrou 108 anos na segunda-feira, 23 de Dezembro, sendo um dos habitantes mais velhos do país. Os parabéns foram cantados pela família dois dias mais tarde, no almoço de Natal, sem direito a bolo porque o aniversariante “já não liga a essas coisas”. O segredo da longevidade, dizem os mais próximos, passa por nunca se ter arreliado com nada na vida. Manuel Rafael dos Santos nasceu a 23 de Dezembro de 1905 na Roda Grande, freguesia de Asseiceira, e vive na pacata aldeia do Grou, na mesma freguesia do concelho de Tomar, desde que se casou. A sua casa fica a trezentos metros da habitação da filha, Maria da Conceição, 65 anos, que cuida dele há mais de vinte anos, desde que o mesmo ficou viúvo. Tem dois filhos, seis netos e oito bisnetos. Apesar de ir almoçar a casa da filha, o centenário faz questão de ir dormir todas as noites na sua cama e brinca, muitas vezes, com o facto de ainda cá andar. Não bebe álcool, não fuma, tem uma alimentação sem dieta e não toma quaisquer medicamentos. Raramente se queixa de alguma maleita. Mantém uma lucidez invulgar, ao afirmar que as bengalas “são para os velhos”. Depois de lhe tirarmos algumas fotos pediu para ver “se ficou bem no retrato”.“Há um ano que não vai ao médico e parece que está cada vez mais novo. Tem cá um pulmão para falar”, atesta Maria da Conceição que se ri com as tiradas humorísticas do pai. “Às vezes diz que gostava de já ter morrido mas outras vezes diz que ainda quer andar aqui mais uns anitos”, conta a O MIRANTE. Na tarde de quinta-feira, 26 de Dezembro, assim que chegou a casa da filha sentou-se à lareira e tratou logo de reclamar porque a mesma não estava acesa. Quando lhe perguntamos em que dia nasceu sabe dizer 23 de Dezembro mas hesita no ano. Com a ajuda do neto, José António Lima, lá chega a 1905. “A vida é um caso sério para ser levado a brincar”, diz. Com uma visão reduzida, o centenário já não ouve muito bem. Quem quer falar com ele tem que usar palavras simples mas encontra sempre resposta na ponta da língua. Acorda cedo mas, depois de tomar o pequeno almoço, volta para a cama e dorme mais um bocado. Gosta de se vestir sozinho e faz a barba com alguma ajuda. Faz questão de alimentar os gatos que tem como companhia no quintal. Depois de almoçar na casa da filha, só fica descansado quando regressa a casa. Manuel Rafael dos Santos, que conserva o bilhete de identidade vitalício, refere que se cá anda “é por vontade de Deus”. E nem sequer quer ouvir falar de lares de terceira idade. “Na minha casinha é que estou bem”, afirma convicto.
Uma vida sem arrelias conduziu Manuel dos Santos aos 108 anos sem maleitas

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