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“A pele é o nosso maior órgão e é o espelho da nossa saúde física e mental”

“A pele é o nosso maior órgão e é o espelho da nossa saúde física e mental”

Maria João Silva, 56 anos, médica dermatologista, Santarém

Foi para medicina influenciada pelo exemplo profissional do pai. Especializou-se em Dermatologia e nunca se arrependeu. Actualmente é responsável pelo serviço de Dermatologia do Hospital Distrital de Santarém e continua a encarar a profissão como um grande desafio. O seu lema de vida passa por aproveitar o dia-a-dia sem dar demasiada importância ao que não tem importância. Gosta de viajar pelo mundo nas férias. Um dos seus desejos é voltar a ter tempo para fazer ginástica.

A partir dos 13 anos o meu prazer favorito era ler. Sempre fui uma criança muito calma, sempre gostei muito de estar comigo própria. O meu pai tem uma biblioteca grande e as férias para mim eram para estar a ler de manhã à noite. Devorava livros. Mas também corri e joguei muito e fartei-me de andar de bicicleta. “O Físico”, de Noah Gordon, é um dos meus livros predilectos. É uma epopeia espectacular da caminhada de um jovem até se tornar médico na Idade Média. Gosto de ler boa literatura, mas não sou muito selectiva, gosto do romance, gosto do policial, gosto da parte histórica. Tenho sempre muitos livros para ler. Aprecio desde autores espanhóis como Revertes, um dos meus favoritos, passando por David Malouf, Jean Paul Sartre até aos autores clássicos portugueses como Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.O meu pai foi uma inspiração para mim. Foi sempre motivador pela dedicação aos doentes e à profissão e sobretudo pela rectidão dele, pela honestidade profissional, tanto como pessoa, como médico. Eu pensava ser veterinária mas acabei por lhe seguir as pisadas. Entrei em 1975 na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, curiosamente, a faculdade onde o meu pai também tinha começado o curso de Medicina. Estive no serviço de Medicina Interna de S.José durante quatro anos. Formei-me em 1981, na altura os exames de entrada para a especialidade estavam demorados. Com a abertura do concurso optei pela Dermatologia, embora gostasse muito de Medicina Interna.A pele é o nosso maior órgão e é o espelho da nossa saúde física e mental. Há muitos diagnósticos que se fazem através de lesões da pele e o que me atraiu na especialidade foi a ligação que existe entre a Medicina Interna e a Dermatologia. Naquela altura a dermatologia era uma especialidade médica, não era uma especialidade, como é hoje, médico-cirúrgica.A família da minha mãe é ribatejana. A minha vinda para o Ribatejo aconteceu por motivos profissionais. Estava habituada a Lisboa, mas surgiu a oportunidade e vim para Santarém, posteriormente fui para o Vale de Santarém e acho que já não me habituava a viver numa cidade, num apartamento, no meio dos prédios. Do Ribatejo gosto muito da paisagem, gosto do campo ribatejano, gosto da água, gosto do rio, gosto da gastronomia ribatejana e gosto das pessoas. Sou responsável pelo serviço de dermatologia do Hospital Distrital de Santarém há dois anos. A profissão continua a ser um desafio enorme para mim. Tenho a sorte de fazer parte de um grupo de médicos que põe a Medicina e o gosto por tratar o doente acima das outras coisas. A relação médico-doente é uma relação importantíssima até para a motivação do doente para a terapêutica.Este é um distrito onde há uma incidência enorme de cancro da pele. No serviço de dermatologia somos cinco médicos a trabalhar para quase 500 mil habitantes. Esforçamo-nos mas estamos longe de conseguir corresponder às necessidades da população. Temos, no entanto, força e motivação para tratarmos todos os doentes prioritários, nomeadamente ao nível da oncologia cutânea. Também trabalho na Santa Casa da Misericórdia em Abrantes há 22 anos. Gosto muito de ir a Abrantes e acho que a população daquela zona é adorável. As pessoas são extremamente afáveis. O meu próximo destino de férias é a China. Adoro viajar. As viagens para mim têm um intuito quase terapêutico e repousante. Fazem-me esquecer completamente os problemas do dia-a-dia. Conhecer outras paragens, outras pessoas, outras maneiras de viver, é extremamente importante. Há cerca de 20 anos que mantenho um grupo de amigos e viajamos juntos. Adorei estar no Japão, na Malásia, em Bali e no Camboja. Gostei imenso da Índia, já lá estive duas vezes e gostaria de voltar.O meu sonho é conseguir voltar a ter tempo livre para fazer exercício físico. Fiz ginástica desde os 16 anos até há cerca de dois anos atrás. Actualmente acordo às seis da manhã e os meus dias de trabalho nunca terminam antes das 20h00. Sobra-me pouco tempo livre.Não devemos maximizar coisas que não têm necessidade de ser maximizadas. O meu lema de vida passa por tentar viver o dia-a-dia o menos stressada possível, aproveitando um dia de cada vez e não dar demasiada importância a coisas que não necessitam de ser valorizadas. Acredito que cada pessoa pode arranjar a sua própria felicidade, por isso não temos que invejar aquilo que os outros têm, temos é que aproveitar as oportunidades que a vida nos dá. Acredito que aí é que está a sabedoria de viver bem.Andreia Montez
“A pele é o nosso maior órgão e é o espelho da nossa saúde física e mental”

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