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Empresa acusa Câmara de Alpiarça de não pagar duas obras que Tecnel fez a pedido de Rosa do Céu

Empresa acusa Câmara de Alpiarça de não pagar duas obras que Tecnel fez a pedido de Rosa do Céu

Empresário Alberto Gaspar confiou na boa-fé de ex-presidente e reclama pagamento de 50 mil euros
As únicas duas obras que Alberto Gaspar, administrador da empresa Tecnel, fez para a Câmara de Alpiarça, durante o mandato do presidente Joaquim Rosa do Céu (PS), ainda estão por pagar, já lá vão mais de seis anos. O empresário diz que são cerca de 50 mil euros de dívida referente a obras na área da electricidade na antiga Escola das Faias e no parque da câmara municipal, na Zona Industrial de Alpiarça.Alberto Gaspar conta que um vereador do executivo liderado por Rosa do Céu foi ter consigo e lhe pediu para fazer a instalação eléctrica na escola uma vez que os pedreiros já lá andavam e havia pressa em concluir os trabalhos. “Disseram-me para não me preocupar e garantiram-me que depois fariam um concurso por ajuste directo para me pagarem o trabalho. Acreditei neles e confiei na boa-fé de todos porque conhecia-os bem. Como era um pedido da câmara da minha terra e eles não tinham electricistas, não consegui dizer que não”, conta o empresário, que diz que depois disso nunca mais trabalhou para o município de Alpiarça.Depois da obra ter ficado concluída, Alberto Gaspar começou a pedir o dinheiro mas na câmara foram sempre adiando o pagamento. Até hoje. A confiança que o empresário depositou no executivo de Rosa do Céu saiu-lhe cara. “Não tenho facturas nem documentos que comprovem mas tenho testemunhas. Os funcionários e todos os vereadores desse executivo sabem que andamos lá a fazer as obras”, garante.Alberto Gaspar sente-se atraiçoado com toda esta situação, que já se passou há vários anos, porque confiou nas pessoas e foi enganado. No entanto, o empresário também aponta o dedo ao actual executivo liderado por Mário Pereira (CDU). “O meu trabalho não foi para o partido A ou B, foi para a câmara municipal, e quando expliquei ao actual executivo o que se passava não resolveram o assunto. A câmara municipal tem que assumir as suas responsabilidades”, critica. Actual executivo não chegou a acordo com empresaContactado por O MIRANTE, o presidente do município de Alpiarça, Mário Pereira, explicou que quando chegou à câmara teve conhecimento da empreitada de iluminação da parte frontal à Zona Industrial de Alpiarça, que foi aprovada em reunião de câmara. Uma intervenção, no valor de aproximadamente 149 mil euros, a custear totalmente pelo município. “Quando chegamos vimos que não tínhamos condições financeiras para pagar essa empreitada. Demos prioridade aos projectos financiados pelos fundos comunitários e que absorviam toda a nossa capacidade financeira, já para não falar na gestão da dívida a fornecedores”, recorda.Mário Pereira diz que isso mesmo foi explicado à empresa e também foi dito que até à aprovação do Plano de Saneamento Financeiro (PSF) não podia ser feito nada. Depois da aprovação do PSF a autarquia apresentou à Tecnel uma proposta de reformulação do projecto inicial, que ficava por um custo de 50 mil euros. “Autarquia e empresa não chegaram a acordo e o projecto não chegou a ser efectivado. Da obra da Escola das Faias nunca soube formalmente desse projecto”, garante o presidente do município. Outro caso de dívidas que não foram pagas pela Câmara de AlpiarçaEsta não é a primeira vez que empresários acusam o antigo presidente da Câmara de Alpiarça, Joaquim Rosa do Céu, de não pagar a quem trabalhou para a autarquia. Em 2009, Pedro Carlos, responsável da cooperativa de Alpiarça Planotejo, em entrevista a O MIRANTE acusava Rosa do Céu de nunca ter pago a dívida da autarquia, no valor de mais de 200 mil euros, pela construção do pavilhão de atletismo e a obra de ampliação do edifício dos paços do concelho.Pedro Carlos disse a O MIRANTE (ver edição 5.Março.2009) que só se apercebeu que o ex-presidente estava de “má-fé e que não ia pagar a dívida da autarquia”, quando, em Março de 2005, pediu para reunir com o presidente para resolver a situação uma vez que a antiga cooperativa encontrava-se numa situação difícil com compromissos bancários que tinha que cumprir. Entretanto, a Planotejo entrou em insolvência com Pedro Carlos a afirmar que a Câmara de Alpiarça ajudou à falência da Planotejo.O empresário que é pai do vereador socialista na Câmara de AlpiarçaAlberto Gaspar nasceu em Alpiarça a 10 de Julho de 1948. Electricista de profissão, quando regressou do Ultramar começou por criar uma empresa em nome individual. Depois do 25 de Abril de 1974 integrou-se numa cooperativa tendo saído para criar uma nova empresa em sociedade. Desde 1979 que está à frente da Tecnel, empresa de electricidade e telecomunicações. O empresário faz um balanço positivo dos 34 anos de actividade. “Se não tivesse corrido bem já não estávamos no mercado”, afirma. Considera que a década de 80 não foi nada fácil com a crise financeira que atravessou o país. No entanto, de 1990 a 2010 foram anos de expansão. Como qualquer empresa portuguesa também sofreram com a crise mas reajustaram o ‘barco’ às necessidades e continuam a remar para bom porto. “Felizmente não fomos na enxurrada e acredito que não vamos”, sublinha. Apesar da crise dos últimos anos, Alberto Gaspar diz que vê pela facturação da sua empresa que o país mexeu no último trimestre de 2013.A Tecnel tem uma filial em Lisboa e clientes em todo o país incluindo as ilhas da Madeira e Açores. Também trabalharam na electrificação e telecomunicações do aeroporto das Astúrias, no norte de Espanha. No seu escritório, no centro da vila de Alpiarça, não faltam os vários diplomas e troféus pelo bom desempenho da empresa ao longo de décadas.O administrador da Tecnel afirma que “adora” a sua terra e não a troca por nenhuma outra. No entanto, considera que Alpiarça tinha tudo para ser uma terra “espectacular” mas que parou no tempo e “nunca” vai evoluir devido às guerras políticas que, considera, prejudicam o concelho. “Alpiarça não evoluiu e não acredito que evolua enquanto as pessoas que estão nos partidos da terra não mudem mentalidades”, afirma.Diz que esteve ligado à política antes do 25 de Abril mas depois foi-se afastando aos poucos não sendo militante de nenhum partido. Alberto Gaspar foge da política em Alpiarça e quando lhe perguntamos como vê o desempenho do seu filho, o vereador socialista Pedro Gaspar, opta por não tecer considerações, embora se diga bastante “orgulhoso” do trajecto profissional e pessoal do seu filho.
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