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“É muito importante nunca se perder o optimismo”

“É muito importante nunca se perder o optimismo”

Psicóloga Monira Osman, directora de dois lares de terceira idade
Tenho a sorte de ter uma família grande. Somos sete irmãos e eu sou a mais nova. Tive uma infância tranquila sempre muito acarinhada pelos meus pais, avós e irmãos. Recordo as brincadeiras em Peniche, na praia e os amigos de infância. Mais tarde fomos viver para a Moita. Actualmente vivo em Salvaterra de Magos.Os meus irmãos incutiram-me o gosto pela leitura. Olhando para trás vejo como os livros me enriqueceram e permitiram explorar o que não podendo viver na realidade vivia na fantasia através dessas histórias. Hoje continuo a ler com regularidade e é um escape. Vejo muito pouca televisão mas leio sempre que posso. Quando era criança queria ser médica. Sempre tive uma certa tendência para cuidar dos outros e sempre me pareceu que era algo intrínseco em mim. Licenciei-me em Psicologia. Já tinha a ideia de fazer clínica, mas a universidade entretanto abriu a valência de Psicologia Criminal e Comportamento Desviante, na qual me especializei. Foi aí que percebi que era uma área com a qual eu me identificava na totalidade. Fiz alguns estágios e no âmbito das competências do Psicólogo Forense trabalhei em Tribunais e também em clínicas de reabilitação para toxicodependentes. Esse foi o mote para o meu primeiro emprego numa clínica e mais tarde numa comunidade terapêutica, a qual fiquei alguns meses depois a gerir como directora técnica. Actualmente ainda exerço clínica.Conheço todos os meus utentes. Há oito anos recebi o convite para dirigir o Lar e Repouso do Ribatejo, em Santarém. Na altura trabalhava como psicóloga num colégio, mas aceitei de imediato o desafio. Desde 2011 que sou também directora-geral do Lar da Minha Mãe, no Cartaxo. A aproximação aos nossos utentes é uma questão natural, que faz parte de um dos princípios de instituições como estas. É fundamental conhecer a pessoa que está connosco para que ela se possa sentir em casa. Se tivermos uma aliança, uma relação desenvolvida o cliente irá sentir-se mais acompanhado e satisfeito e nós também, porque sabemos que a pessoa está bem.Não tenho dias monótonos. É claro que temos dias de maior preocupação com utentes que do ponto de vista clínico às vezes estão em situações delicadas. Mas temos toda uma dinâmica diária que passa também pelos funcionários, colaboradores externos, instituições que são nossos parceiros e temos os familiares dos nossos clientes que procuramos que intervenham e que estejam também presentes.Procuro ser organizada. Preciso dessa disciplina, porque existem aspectos do meu dia a dia e de trabalho que não me envolvem só a mim, envolvem outras pessoas. Tenho que ter esse sentido de organização, porque se eu falhar em determinados aspectos desse compromisso provavelmente outras pessoas também poderão ficar prejudicadas. Do ponto de vista pessoal sou muito menos organizada.Acordo sempre cedo para preparar os meus filhos. Tenho dois rapazes. Procuro também ter algum tempo para mim logo de manhã para fazer algum exercício físico. Faço desporto em ginásio há anos e se não fizer durante algum tempo sinto essa falta. Começo a trabalhar por volta das 10 da manhã no Cartaxo ou em Santarém, ou quando vou para a minha clínica. Regra geral nunca estou em casa antes das 20h00.Nas férias vou sobretudo para Moçambique onde nasci ou para a África do Sul. Gosto de viajar. Aproveitamos Novembro/Dezembro, sempre que tenho disponibilidade, para viajar porque nessa altura lá é Verão e aproveito e revejo família. Também fazemos boas férias cá em Portugal.Não tenho recordações de Moçambique, enquanto criança mas sempre que vou lá tenho uma identificação que é imediata, porque de facto é a minha terra. Ainda tenho grande parte da família, entre Moçambique e a África do Sul. São países que me interessam culturalmente, porque são povos muito simples, com tradições também elas simples que nos fazem sentir e pensar às vezes na complexidade da forma como nós vivemos aqui em Portugal de uma maneira tão intensa, tão stressante. Tenho raízes indianas, moçambicanas e portuguesas. Os meus pais são ambos moçambicanos, mas a minha mãe tem origem portuguesa e o meu pai tem origem paquistanesa. Abstraio-me e divirto-me a pintar. Há cerca de dez anos descobri o gosto pela pintura. Tanto nos livros como na música tenho um gosto ecléctico. Aprendi há anos um lema no qual trabalhei de forma muito profunda com os meus primeiros clientes, que é o “só por hoje”. Com o trabalho que desenvolvi junto de pessoas com comportamento aditivo percebi que o “só por hoje” adapta-se muito bem àquilo que é a minha maneira de ser, porque lido todos os dias com situações de tensão, de stress e de responsabilidade. Andreia Montez
“É muito importante nunca se perder o optimismo”

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