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A menina bonita que sonha triunfar no mundo dos toiros

A menina bonita que sonha triunfar no mundo dos toiros

Mara Pimenta tem 18 anos e vai tourear na corrida de toiros que se realiza sábado, inserida nas Festas de São José em Santarém

Aos dois anos já pedia para montar a cavalo e delirava sempre que entrava numa praça de toiros. Aos 18 anos, Mara Pimenta sonha vir a ser uma figura de relevo no mundo da festa brava. Por enquanto a cavaleira amadora vai treinando para ser cada vez melhor. Tem consciência da dificuldade que é singrar nessa área mas não desanima. O seu objectivo é, mais tarde, recompensar o pai pelo avultado investimento que tem feito na sua carreira. O MIRANTE falou com a jovem de Fazendas de Almeirim dias antes de se estrear numa corrida em Santarém.

A maioria das meninas bonitas sonha com uma carreira no mundo da moda ou da televisão. Não é o caso de Mara Pimenta, que apesar de ser muito bonita tem nos cavalos a sua maior paixão. Aos 18 anos, a jovem de Fazendas de Almeirim quer triunfar no mundo da festa brava. Para isso dedica-se quase em exclusivo a essa arte. Mara Pimenta começou a tourear há cerca de três anos e é como cavaleira tauromáquica amadora que vai participar na corrida de toiros que se realiza na Praça Celestino Graça, em Santarém, na tarde de sábado, 22 de Março, inserida nas Festas de São José. Vai tourear ao lado de grande figuras do toureio português como Rui Salvador, Luís Rouxinol e Duarte Pinto.Uma responsabilidade acrescida para a jovem que vai ter nas bancadas a família, muitos amigos e conhecidos, o que a deixa um pouco mais ansiosa que o habitual. Desde pequenina que Mara é aficionada. A primeira vez que montou a cavalo tinha dois anos. Sempre que havia uma corrida de toiros de televisão pedia aos pais para ligarem o televisor horas antes do começo. “Costumava perguntar aos meus pais por que é que as telenovelas davam todos os dias e as corridas de toiros não”, recorda. Começou a ter aulas de equitação até que conheceu o cavaleiro Luís Rouxinol, o seu primeiro professor na área.A entrevista com O MIRANTE decorreu na casa de Mara, à entrada de Fazendas de Almeirim. Uma moradia grande, onde não falta espaço para treinar a sua quadra de cavalos. Peixeiro, Trinco, Guaraná e Terra-a-Terra são os animais que vão acompanhar a cavaleira esta temporada pelas praças de Portugal. Em casa não faltam quadros e esculturas alusivas aos cavalos. Nem aparelhos de ginásio para manter a forma. “Esta é uma actividade em que é fundamental estar em boa forma física e como o tempo é muito apertado faço ginástica em casa”, explica.Mara Pimenta frequenta o 12º ano, na área de Ciências. Quer seguir o curso de medicina dentária. Vai tentar conciliar os estudos mas confessa que a sua prioridade é consolidar uma carreira no mundo dos toiros. Diz que está com os amigos na escola e que ainda é cedo para namorar. Aos 18 anos demonstra um elevado sentido de responsabilidade. A sua vida divide-se entre a escola e os treinos. Pratica todos os dias. Quando tem aulas à tarde levanta-se cedo e treina a manhã toda. Assim que acabam as aulas, por volta da hora de almoço, regressa a casa, onde passa a tarde toda a treinar. De vez em quando vai também treinar para a quinta do pai, Luís Pimenta, em Santana do Mato, onde tem António Ventura (pai do toureiro Diego Ventura) para a ensinar.Ainda só participou numa dúzia de corridas mas a jovem garante querer fazer as coisas com calma. A sua estreia aconteceu no dia 5 de Maio de 2012, na vila alentejana do Redondo. Desse dia recorda que estava tão nervosa que nem viu a família, que a apoiava na primeira fila. A sua pior prestação aconteceu na Nazaré onde “tudo correu mal”. A mais marcante foi na Figueira da Foz, que terminou com o forcado - que pegou o novilho que Mara tinha lidado momentos antes - a beijar-lhe a mão, antes de iniciarem a tradicional volta à praça, em jeito de elogio à sua lide.O seu sonho é ser cavaleira profissional e garante que este não é um capricho de menina mimada. Sabe que o pai está a investir muito dinheiro em si e por isso trabalha todos os dias para um dia mais tarde poder colher os louros de toda a sua dedicação. “A minha avó diz-me sempre que temos primeiro que plantar para depois colher. É isso que estou a fazer. Isto exige esforço e muita dedicação da minha parte mas acredito que mais tarde vou ser recompensada e vou poder dar ao meu pai tudo aquilo que ele está a investir em mim neste momento”, sublinha.Gostava de tirar a alternativa no Campo Pequeno, ou não fosse a praça mais emblemática do país. No entanto, também gostava de o fazer em Santarém ou Almeirim por serem as localidades mais próximas da sua terra natal. Mara Pimenta ainda tem algum tempo para tomar essa decisão. Primeiro tem que tirar a prova de cavaleira praticante e continuar a lutar todos os dias para conquistar o seu sonho de criança.Tradições devem ser respeitadasMara Pimenta não quer ficar apenas por Portugal. Gostava de tourear no estrangeiro, nomeadamente em Espanha e na América do Sul onde a festa brava está muito enraizada. Gostava de experimentar lidar toiros de morte mas sabe que para isso terá que o fazer fora de Portugal. “Será muito difícil implementar os toiros de morte em Portugal porque é complicado mudar mentalidades e há muitas pessoas que não aceitam essa tradição”, afirma. Diz que prefere lidar toiros bravos porque dá para fazer uma lide mais criativa. Para si o toiro ideal é aquele que transmite emoção e permite entusiasmar o público.Lamenta que existam cada vez menos corridas de toiros em Portugal e concorda que o preço dos bilhetes devia ser “mais acessível” a todas as bolsas. No entanto, também defende que uma corrida de toiros tem muitos custos inerentes e é difícil baixar mais os preços. Nunca ouviu nenhuma crítica mas não concorda com as pessoas do Movimento Anti-Touradas que vão para junto das praças protestar contra aquela que é uma das tradições portuguesas mais antigas. “Eu também não gosto de muita coisa mas não é por isso que vou protestar para que acabe. Temos que respeitar o espaço de todos e essas pessoas têm que perceber que há quem goste de ver uma tourada”, diz.Mara garante que nunca ouviu críticas por ser mulher e cavaleira. Considera que as mulheres já não são olhadas de lado, apesar de este continuar a ser um mundo muito masculino. “Sempre fui bem tratada e noto que as pessoas, incluindo o público, me apoiam e incentivam bastante. Isso é muito importante porque me dá confiança e motiva para trabalhar todos os dias um bocadinho mais e sempre melhor”, realça. A jovem cavaleira tem fé e é supersticiosa. Faz questão de ir a Fátima todos os anos antes de começar uma nova temporada e reza sempre antes de entrar na praça. Entra sempre com o pé direito na arena, não coloca o tricórnio em cima da cama e calça sempre a bota direita primeiro.
A menina bonita que sonha triunfar no mundo dos toiros

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