O Bloco de Esquerda considera “inoportuna e ofensiva” a proposta de mudança de localização da estátua evocativa de Salgueiro Maia em Santarém, feita pelo líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Santarém, Ramiro Matos, e que já motivou reuniões entre as várias forças políticas que integram esse órgão autárquico e também a comissão para as comemorações do 25 de Abril em Santarém. A rotunda do Largo Cândido dos Reis, o Jardim da Liberdade e a zona da antiga Escola Prática de Cavalaria, são locais apontados como possíveis alternativas para o monumento desde 2006 situado no Jardim dos Cravos, na saída da cidade em direcção ao Cartaxo.“Rejeitamos a pretensão do PSD. Em primeiro lugar: é insensato propor gastar dinheiro a mudar uma estátua de sítio num momento em que a câmara impõe taxas máximas aos munícipes e simultaneamente não consegue corresponder às suas necessidades - o desemprego, a pobreza e a fome são chagas profundas na Liberdade de Abril”, alega o Bloco de Esquerda de Santarém, que acrescenta: “Em segundo lugar, e não menos importante, mudar uma vez mais a estátua de Salgueiro Maia é ofensivo à memória do capitão de Abril. Em vida não aceitaria uma estátua, após a morte foi uma decisão acertada. Agora andar a mudar a estátua de sítio cada vez que se muda de presidente de câmara é que não é digno”.A estátua foi inicialmente colocada no Largo Cândido dos Reis, mas quando aí começou a ser construída uma rotunda, em 2004, foi retirada e acabou por ser depositada num armazém da câmara, de onde foi resgatada por Moita Flores em Fevereiro de 2006 e colocada à guarda da Escola Prática de Cavalaria até ser inaugurado, em 25 de Abril de 2006, o Jardim dos Cravos, onde hoje se encontra.As opiniões sobre a localização da estátua são diversas e o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves (PSD), já disse que o processo deve ser conduzido com tranquilidade e sem precipitações. Recorde-se que em Agosto de 2005 O MIRANTE noticiava que o executivo camarário da altura, liderado pelo socialista Rui Barreiro, tinha aprovado a recolocação do monumento no largo fronteiro à Escola Prática de Cavalaria, local de onde saiu a coluna comandada por Salgueiro Maia, que deu voz de prisão a Marcelo Caetano em 25 de Abril de 1974.Essa solução foi consensualizada entre as várias forças políticas, a comissão das comemorações populares do 25 de Abril e a viúva do militar, Natércia Maia, mas dois meses mais tarde Francisco Moita Flores foi eleito presidente da câmara e o projecto acabou por não se concretizar, embora continue a ser defendido por alguns sectores.