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“Diziam que vinha lá o COPCON mas a verdade é que nunca veio”

“Diziam que vinha lá o COPCON mas a verdade é que nunca veio”

João Proença, o antigo secretário Geral da UGT, fala do novo livro e do percurso de vida de Jaime da Costa Oliveira, o autor de Memórias para a História de um Laboratório do Estado”, que conta meio século de vida do denominado “Laboratório de Sacavém”.

No segundo lançamento do livro “Memórias para a História de um Laboratório do Estado”, João Proença recordou que Sacavém tinha, provavelmente, a maior célula do PCP e que essa realidade reflectia- se nas dezenas de debates e assembleias gerais que se realizavam na altura do 25 de Abril de 1974 no denominado “Laboratório de Sacavém”. A confissão surgiu na altura em que o antigo Secretário-geral da UGT desafiava Jaime da Costa Oliveira a continuar as suas pesquisas de forma a poder escrever um outro livro sobre as elites portuguesas ligadas à investigação, sendo que uma grande parte delas passou pelo “Laboratório de Sacavém”. “Era interessante fazer-se um levantamento desse período quente em que todos nós estivemos envolvidos. Éramos tão activos na altura quente da revolução que, às vezes, ouvíamos dizer a meio das reuniões que vinha lá o COPCON,  mas a verdade é que nunca veio”, confessou.João Proença assumiu, durante a apresentação do livro, a sua divergência com Jaime da Costa Oliveira na questão da viabilidade económica da energia nuclear como opção energética para Portugal mas salientou a sua postura combativa ao longo de quase meio século de vida como investigador, não deixando de salientar também o seu trabalho ao nível de Direcção. “Este homem é um cientista mas também uma pessoa de paixões que se envolve numa boa causa com a maior das facilidades”.O segundo lançamento do livro realizou - se numa das salas de direcção do Instituto Superior Técnico de Lisboa, depois de um primeiro lançamento no Campus de Sacavém onde fica o antigo laboratório do Estado, agora entregue ao Instituto Superior Técnico.O livro é uma edição de O MIRANTE e nas suas cerca de 200 páginas congrega “uma proposta de síntese interpretativa das crises e das mutações a que esteve sujeito o Laboratório de Sacavém, um laboratório do Estado vocacionado para a realização de estudos de energia nuclear, ao longo da sua existência de mais de meio século”.Jaime da Costa Oliveira trabalhou durante 42 anos no Laboratório de Sacavém onde executou e orientou actividades de investigação, desenvolvimento e de assistência técnica na área da Física dos Reactores de Cisão Nuclear e onde também exerceu funções de direcção durante mais de 17 anos.Para o autor do livro o denominado “Laboratório de Sacavém” foi a sua segunda casa até à reforma que aconteceu há cerca de dez anos por razões familiares.A extinção do Instituto Tecnológico e Nuclear deu lugar à sua integração no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, incluindo activos patrimoniais, pessoal e serviços.O livro é dedicado a Fernando Vieira e Júlio Galvão e à memória de Carlos Cacho, José Frederico Ulrich e Ricardo Cabrita. O autor contou com depoimentos de Alfredo Nobre da Costa, Álvaro Barreto, João Motta Campos, Joaquim Rocha Cabral, Joaquim Soeiro de Brito, José Mariano Gago, José Torres Campos, José Veiga Simão, Leonor Parreira, Luis Alves Monteiro, Luis Mira Amaral, Luis Todo-Bom, Manuel Fernandes Thomaz, Pedro Lynce, Pedro de Sampaio Nunes e Ricardo Bayão Horta, entre outros. “Até o ar que respiramos contém substâncias radioactivas”Em entrevista publicada no sítio de O MIRANTE em www.omirante .pt, Jaime da Costa Oliveira fala sobre os perigos da energia nuclear, das novas responsabilidades na gestão do Reactor de Sacavém e do perigo que pode representar para a população portuguesa um acidente com o Reactor Português de Investigação (RPI), salientando que “o que está em causa, quando se fala de segurança de um reactor nuclear, é a retenção das substâncias radioactivas que nele são produzidas, durante o seu funcionamento. A medida preventiva fundamental contra a libertação dessas substâncias consiste em interpor sucessivas barreiras entre a zona da instalação onde são formadas e o ambiente exterior. Um acontecimento não intencional que reduz a integridade de uma (ou mais) destas barreiras, para além do nível previsto pelo projecto e consentido pela licença de exploração, é um acidente nuclear. Nunca ocorreu um acidente desta natureza no RPI.Além do risco de acidente nuclear, há outros dois aspectos específicos dos reactores nucleares que são mais relevantes: a descarga de efluentes radioactivos (líquidos e gasosos) e a gestão de resíduos radioactivos (em particular, os resíduos sólidos de alta actividade). Estas instalações estão equipadas com sistemas de tratamento de efluentes, por forma a minimizar quer a quantidade quer a radioactividade das descargas autorizadas.A gestão dos resíduos sólidos é, porventura, o aspecto que mais preocupação continua a suscitar na opinião pública, apesar da vastidão de estudos efectuados e da enorme experiência acumulada nesta matéria. No caso do RPI, esta questão não se coloca porque o combustível nuclear nele utilizado é enviado para os EUA sem ser reprocessado”.Ao longo da entrevista o autor afirma ainda que “existem substâncias radioactivas no solo que pisamos, nas casas que habitamos, nos alimentos que comemos e na água que bebemos. Também o ar que respiramos contém gases radioactivos e até o nosso corpo tem constituintes que são radiactivos. De facto, as transformações nucleares e as radiações que lhes estão associadas são “velhas como o mundo”, mas só muito recentemente (há cerca de um século) é que a humanidade descobriu estes fenómenos.
“Diziam que vinha lá o COPCON mas a verdade é que nunca veio”

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