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Qualidade da água da Reserva Natural do Boquilobo é considerada muito crítica devido à poluição

Qualidade da água da Reserva Natural do Boquilobo é considerada muito crítica devido à poluição

Futuro da Reserva Mundial da Biosfera foi debatido recentemente na Golegã
A qualidade da água da Reserva Natural do Paul do Boquilobo é classificada num estudo do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) como “crítica” e “muito crítica”. A poluição da Vala das Cordas e da Vala da Sangria estão na origem da má qualidade da água daquela área protegida, considerada pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera. Cecília Baptista, docente responsável pelo curso de Engenharia do Ambiente e Biológica do IPT, defende que a poluição na Reserva Natural do Paul do Boquilobo só se combate com a construção de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que impeçam o despejo de esgotos sem tratamento nos cursos de água.A professora acredita que com a construção da ETAR de Torres Novas e a reconstrução da ETAR de Riachos, ainda este ano, vai ser possível despoluir as águas. Cecília Baptista afirma que se deveria aproveitar estes investimentos da empresa Águas do Ribatejo para também fazer a remoção mecânica de resíduos que não podem ser retirados senão dessa forma. “A alternativa é esperar que os cursos de água se renovem naturalmente, mas isso demora mais tempo”, afirma a O MIRANTE. A Reserva Natural do Paul do Boquilobo, situada nos concelhos de Torres Novas e Golegã, esteve em discussão numa conferência realizada na segunda-feira, 23 de Junho, no auditório do Equuspolis, na Golegã, no âmbito dos 34 anos da Reserva Natural.Luís Mota Figueira, professor do IPT e moderador do debate que decorreu durante a manhã, defende que a poluição na reserva se combate com educação ambiental, campanhas de sensibilização e acções de voluntariado. Mota Figueira sublinha a importância do turismo para a reserva e defende uma abertura política para que haja visitas ao local. “A reserva tem tudo a ganhar se souber olhar para o lado e perceber quem são os seus parceiros naturais. Espero que este conselho estratégico do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tenha capacidade para perceber que, hoje em dia, o turismo científico, por exemplo, pode ser uma mais-valia útil à própria reserva”, destacou Mota Figueira, acrescentando que não é feita uma divulgação apropriada da reserva.O docente do IPT considera ainda que tem sido feito pouco investimento público naquela área protegida e que não pode ser o poder local a fazer o que o poder central não faz. “O facto do Paul do Boquilobo ser Reserva Mundial da Biosfera dá prestígio a Portugal, ao Ribatejo, à Golegã e a Torres Novas, mas continua a ser um elemento de governança nacional. Aquele local é um diamante em bruto que tem que ser polido e isso só acontece com uma gestão integrada, com o envolvimento de agricultores, políticos, professores e cidadãos. Temos que conquistar as pessoas para a defesa e salvaguarda daquilo que é um património único e nacional” disse Luís Mota Figueira.O mesmo responsável alerta ainda para a importância das escolas, do ensino básico e secundário, que, na sua opinião, devem ser apoiadas uma vez que existem muitos professores que querem fazer visitas de estudo à Reserva do Paul do Boquilobo mas não conseguem. O docente crítica também o edifício do centro de interpretação, que diz ter sido “mal desenhado”, e refere a necessidade de dar algumas valências ao espaço para que possa ser visitado. Outro assunto debatido na conferência foi a praga de lagostins que surgiu nas águas da reserva e pode pôr em causa o seu ecossistema. O biólogo do IPT, Luís Santos, explicou que os lagostins podem ser combatidos aumentando o número de predadores, nomeadamente a lontra, que tem aparecido em maior número na reserva devido aos lagostins. Luís Santos defende também o combate a esta praga permitindo a pesca. “Desde que seja sustentável, a pesca pode ser benéfica. Seria uma forma da população intervir de forma sustentável permitindo a conservação da reserva”, disse.Paul do Boquilobo é Reserva Mundial da BiosferaA Reserva Natural do Paul do Boquilobo situa-se na confluência dos rios Almonda e Tejo, entre os concelhos de Torres Novas e Golegã. A reserva é uma zona húmida rica devido ao seu valor ornitológico. A vegetação é composta sobretudo por salgueiros e várias plantas aquáticas. Em meados de Julho alberga uma colónia de milhares de garças. Em Novembro e Fevereiro é local de repouso e alimentação de vários animais nomeadamente arrábios, zarros, marrequinhas e pato-coelho.Desde 1981 que a Reserva Natural do Paul do Boquilobo é considerada pela Unesco como Reserva Mundial da Biosfera. Foi a primeira área protegida portuguesa a integrar a Rede Mundial de Reservas da Biosfera. É reconhecida a importância da reserva como zona húmida natural e como local de abrigo para um grande número de aves, como local de reprodução, alimentação e repouso nas rotas de migração. Existem cerca de 220 espécies de aves que vivem na reserva. No meio da paisagem verdejante do Paul está construído um Centro de Observação de Aves.
Qualidade da água da Reserva Natural do Boquilobo é considerada muito crítica devido à poluição

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