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Projecto “Martinchel Acolhe” ajuda a combater a solidão dos mais velhos

Projecto “Martinchel Acolhe” ajuda a combater a solidão dos mais velhos

A Associação Cultural Os Amigos de Martinchel pôs em marcha uma iniciativa que permite ocupar durante dois dias por semana os mais idosos da aldeia com actividades que fogem da rotina quotidiana de uma aldeia marcada pelo envelhecimento.

A ACLAMA - Associação Cultural Os Amigos de Martinchel, aldeia do concelho de Abrantes, está a desenvolver desde Janeiro de 2014 um novo projecto de intervenção social denominado “Martinchel Acolhe”, destinado a combater a solidão dos mais velhos. O Ecomuseu, espaço cedido pela Câmara de Abrantes, acolhe todas as terças e quintas-feiras 12 idosos, aos quais proporciona animação, convívio e actividades fora da rotina normal do dia-a-dia.Apesar da forte aposta neste projecto, único na freguesia, muitos são ainda os idosos que se refugiam na solidão da sua casa, conta Hélder Ramos, presidente da associação. “Eu e a Ana Lúcia Silvério, coordenadora do projecto, temos tentado trazê-los. Mas muitos não estão preparados para sair das suas casas. Vamos buscá-los duas vezes por semana, tomam aqui o pequeno-almoço, o almoço e levam a marmita com o jantar. Os que já estão aqui connosco, têm feito trabalhos manuais, jogos, ginástica, trabalhamos em conjunto na horta social e temos conseguido realizar passeios e promover momentos de convívio com a freguesia do Souto”, diz.A funcionar apenas dois dias por semana, a vontade de apostar numa actividade diária é grande mas quer a legislação quer a falta de financiamento são dois obstáculos que impedem que o desejo se concretize. “Gostávamos de poder fazer isto diariamente mas o orçamento é limitado. E também, se assim fosse, as coisas envolveriam muito mais burocracia. Este projecto permitiu a criação de uma horta social, de postos de trabalho e de convívios de solidariedade e a prova de que todos estão a gostar tem sido a pergunta frequente: como é que vai ser no próximo ano?”, disse o presidente.Ermelinda Inácio, uma das utentes, não tem dúvidas de que esta foi uma boa aposta para as pessoas mais idosas. “Para nós que estamos sozinhas, estas actividades são muito boas. Convivemos uns com os outros e não estamos isolados. Quando estamos em casa, andamos sempre a pensar quando é que chega o dia de vir. Tenho a minha casa, com a horta e os animais, mas vir para aqui é uma distracção.”Também Maria Antónia Dias fala emocionada da solidão. “Em casa estou sempre sozinha e já lá vai o tempo em que éramos nove pessoas à mesa. Agora, só para mim, nem me apetece pôr a toalha e o prato na mesa. Estes são momentos de alegria que servem para espairecer. Foi uma coisa muito boa aqui na freguesia. Venho porque me sinto bem.”O projecto destina-se a pessoas com mais de 65 anos, deficientes, reformados ou pensionistas por invalidez, desempregados e à população em geral. Os objectivos passam por proporcionar refeições e serviços de saúde e actividades de promoção pessoal e social para a população mais idosa e ateliês criativos, de costura e de animação desportiva para a população geral.Novo pavilhão é o objectivo maior de uma associação dinâmica A ACLAMA foi fundada na aldeia de Martinchel em Maio de 1986. Ao longo dos anos tem vindo a desenvolver iniciativas que impulsionam e trazem dinâmica a uma comunidade cada vez mais envelhecida. Com cerca de 200 sócios, o pagamento das quotas é feito com regularidade mas a direcção está sempre à procura de novas formas de angariar fundos para as suas actividades. Têm participado em festas e feiras, organizado vários torneios e uma vez por mês contam com a ajuda da população para um almoço que junta sempre cerca de 30 pessoas.Na sede existe um bar e uma sala de convívio. É um espaço que se tem vindo a revelar pequeno quando toda a gente se reúne para os eventos. Por este motivo, a associação tem apostado na construção de um pavilhão. “Está a ser construído há cerca de dois anos, consoante as nossas possibilidades. Este pavilhão será utilizado em prol da comunidade, como espaço de restaurante, para noites de fado ou bailaricos”, explica Hélder Ramos.O rancho está parado por falta de pessoas para dançar e a equipa de futsal também, mas isso não desmotivou os elementos da associação. “Fazemos concursos de pesca, torneios de futebol, descidas do Zêzere, temos ginástica para todas as idades e estamos sempre abertos a novas ideias”, afirma o presidente. Todos os projectos contam com o valioso trabalho dos voluntários porque “existe disponibilidade das pessoas, que ocupam o seu tempo ajudando a dinamizar a terra. Temos uma professora de ginástica, uma senhora na costura e uma senhora inglesa que demonstrou vontade em desenvolver trabalhos manuais com crianças e ir ensinando um bocadinho de inglês. Também temos uma parceria com a Sociedade Artística Tramagalense para iniciação e formação musical”, conclui.Helena Freitas está no ateliê de costura, e quando o assunto tocou no facto de as associações estarem a desaparecer a sua resposta foi instantânea. “Nestes casos tem de se meter a imaginação a funcionar. Se as coisas não resultam de uma maneira temos de tentar fazer de outra forma. Este ano, na altura dos Reis, não estávamos a conseguir o dinheiro que esperávamos. Fizemos uma reunião e decidimos ir a mais sítios do que os habituais. A palavra foi passando e quando demos por ela não tínhamos tempo de ir a todo lado.”Na direcção há quatro mandatos, Hélder Ramos confirma que, se por um lado a população tem ajudado bastante, por outro encontrar gente nova para a associação tem sido difícil. “Os jovens não estão muito virados para estes projectos. Não estou a ver ninguém que se queira envolver. O que não quer dizer que não possa vir a acontecer.”
Projecto “Martinchel Acolhe” ajuda a combater a solidão dos mais velhos

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