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Uma doença óssea levou-o a abandonar a competição

Uma doença óssea levou-o a abandonar a competição

Aos 22 anos Igor Sampaio é o treinador responsável pela área de competição do judo da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais

Igor Sampaio era um valor emergente do judo português, quando em 2006 lhe foi detectada uma artrite ideopática juvenil poliarticular, uma variante de artrite reumatóide que afecta as articulações e mais tarde o “obrigou” a deixar a competição e a enveredar pela carreira de treinador de sucesso.

Quando aos seis anos entrou para a classe de judo da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, Igor Sampaio estava longe de imaginar que a sua carreira iria sofrer uma grande reviravolta. A descoberta de uma artrite ideopática juvenil poliarticular, levou-o a deixar a competição e a dedicar-se à carreira de treinador. “O judo fazia e faz parte importante da minha vida, não tinha condições para continuar a competir e fiz o curso de treinador e de árbitro de judo e felizmente as coisas até têm corrido bem”, diz logo no início da conversa com O MIRANTE, Igor Sampaio. Quando dobrou os 13 anos a paixão de Igor Sampaio pelo judo ganhou outra amplitude. Começou a competir mais a sério e a vencer provas nacionais e internacionais. Em 2005 alcançou o seu primeiro grande triunfo nacional. O jovem, então com 14 anos, sagrou-se campeão nacional de juvenis. A forma como foi alcançado esse triunfo deixava antever que poderia nascer ali um judoca promissor, tanto mais que no ano seguinte o judoca revalidava o título nacional, desta vez na categoria de Esperanças. Em Agosto de 2006, dá-se o ponto de viragem da carreira de Igor Sampaio quando lhe foi detectada artrite ideopática juvenil poliarticular, uma doença crónica, que limita as articulações do corpo. A primeira forma de expressão da doença deu-se durante um estágio em Coimbra. “No último dia tive de ser ajudado pelos colegas para entrar e sair da carrinha”, recorda o judoca.A reacção era que se tratava de uma lesão que lhe causava dores muito fortes na anca. Durante algum tempo Igor Sampaio foi fazendo fisioterapia, mas as dores não desapareciam, surgindo nova mazela junto ao tornozelo. De tal forma que durante seis meses Igor Sampaio teve que recorrer ao uso de canadianas. Alertados pelo fisioterapeuta, em Tomar, para o facto de se tratar de algo mais do que uma simples lesão, os pais de Igor recorreram, paralelamente, a outros especialistas. E foi em Lisboa, através do reumatologista Melo Gomes, que o problema foi detectado, após a realização de uma cintigrafia óssea, ao nível molecular. Treinar e arbitrar foram as opções para ficar ligado à modalidadeCom os tratamentos efectuados, Igor Sampaio ainda voltou à competição e ainda conseguiu um terceiro lugar no Campeonato Nacional de esperanças. “Fiquei muito satisfeito apesar de tudo”, desabafa Igor Sampaio.Até 2010 Igor ainda consegui manter uma actividade regular como judoca, conseguiu mesmo conquistar vários troféus, foi três vezes medalha de ouro nos Campeonatos Nacionais de Juvenis, Esperanças e Juniores; duas vezes medalha de bronze nos Campeonatos Nacionais de Esperanças e Juniores. medalha de bronze no Nacional Universitário e Medalha de prata na Taça da Europa de Esperanças. Mas uma nova e grave lesão no cotovelo levou-o a tomar a decisão de deixar a competição e passar a treinar e arbitrar. Igor Sampaio aproveitou ainda o ano de 2007 para tirar um curso de juiz e um pouco mais tarde o de treinador de judo.Também a nível escolar, o jovem cumpriu os seus objectivos tirando o curso de design industrial. Igor Sampaio convive com uma doença crónica, mas essa, garante, não é razão para desistir. A sua força de vontade leva-o a continuar e é agora o responsável técnico pela área de competição do judo da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais de Tomar.Apesar da sua juventude Igor Sampaio impõe-se pelo seu rigor, está a desenvolver um excelente trabalho e tem visto os seus atletas conquistarem vários títulos. “Faço do rigor e da exigência comigo próprio a base do meu trabalho e tenho conseguido transmitir isso aos jovens que trabalham comigo”, diz sem vaidade.Juntamente com o técnico Stéphane Oliveira, movimentam cerca de uma centena de judocas, formação que começam partir dos quatro, cinco anos, a competição e a defesa pessoal para pessoas de mais idade. “Temos uma excelente presença de pessoas interessadas em praticar a modalidade aqui na Gualdim Pais e contamos com o grande apoio da direcção, trabalhamos com prazer e vimos com agrado o crescimento dos atletas”, diz Igor Sampaio.Para Igor Sampaio o judo no distrito já teve melhores dias, mas actualmente e face ao trabalho desenvolvido pela Associação de Judo de Santarém e pelo director Filipe Lopes, “as coisas estão a evoluir no bom sentido e acredito que vamos voltar a ter no distrito de Santarém um judo de grande qualidade”.“Ser treinador de judo é um modo de vida, mas é preciso ir fazendo mais algumas coisitas na área em que me licenciei para conseguir viver com dignidade. Quero continuar a trabalhar, agora continuar a evoluir como treinador, em breve vou fazer o curso de nível II. Quero estar cada vez melhor para apoiar a juventude que me rodeia”, garante Igor Sampaio, enquanto vai continuando a fazer tratamento à sua doença para poder ter, ele próprio, uma vida normal.
Uma doença óssea levou-o a abandonar a competição

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