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O centro histórico de Santarém já era um deserto no Verão mas a situação piorou com a crise

O centro histórico de Santarém já era um deserto no Verão mas a situação piorou com a crise

A juntar às lojas que fecham para férias há outras tantas ou talvez mais que fecharam para sempre
Quem percorrer as ruas do centro histórico de Santarém num dia de Agosto irá constatar rapidamente que a maior parte do comércio está fechado. Algumas lojas fecharam há muito por falência. Outras estão encerradas para férias. Se antes os críticos falavam do centro da cidade como um deserto, agora, no dizer de Maria Sales, uma lojista de uma das casas mais antigas da Rua Serpa Pinto, a zona passou a ostentar a designação de “cidade fantasma”.Com efeito, é essa a sensação que dá. A Praça Sá da Bandeira está praticamente deserta. Um café com dois clientes mais propensos à conversa do que ao consumo, três turistas estrangeiras contemplando com aparente desinteresse a frontaria das igrejas, quatro ou cinco comensais na esplanada da Bijou, uma loja encerrada para férias, outra para remodelações. Na Rua Capelo e Ivens são mais os lojistas à porta dos estabelecimentos a ver passar os transeuntes do que os clientes. “Dantes, Agosto era quase tão bom como o Natal”, diz Maria Sales, da Mescla de Alecrim. “Agora é um caos, como em todos os outros meses”.As lojas encerradas sucedem-se. A maioria está sem recheio, com pó acumulado nos vidros e com letreiros a dizer “Trespassa-se” ou “Vende-se”. Outras estão simplesmente fechadas, deduz-se que para férias à falta de outra indicação. Algumas têm letreiros que anunciam a data de regresso: “1 de Setembro”.Os comerciantes que mantêm as lojas abertas afirmam compreender os seus colegas mas são contra o encerramento. “Sou contra o fecho das lojas”, diz Eduardo Silva da Casa das Utilidades na Rua Capelo e Ivens, “toda a gente tem direito a férias mas as casas comerciais não podem fechar”. Na impossibilidade de contratar funcionários para assegurarem o funcionamento da loja durante as suas férias, abdica das mesmas para manter a casa aberta durante todo o mês no horário habitual. António Faria, do pronto-a-vestir Ivens na Capelo e Ivens é contundente: “as lojas deviam estar abertas. Se fechar tudo, não vale a pena estar uma ou duas abertas. Assim não há movimento e todos nos ressentimos com isso”. Mas poucos resistem a uns dias a banhos no Algarve no mês de Agosto. Muitos dos comerciantes colocam cartazes nas portas anunciando mudanças de horário durante este mês. Há os que fecham ao Sábado, há os que fecham parte do Sábado e há os que fecham um único dia previamente escolhido e anunciado. Há para todos os gostos e a regra é a que cada comerciante dá a si mesmo. A Loja Inglesa fecha um ou dois dias. “É igual estar aberto ou fechado, vendemos o mesmo”, diz Cristina Carvalho, a responsável pelo estabelecimento, acrescentando ainda que “se isto continuar como até aqui, ainda vou fechar mais dias”. O responsável da Pastelaria Bijou pensa o mesmo: “Isto está é para fechar tudo. Não dou mais que um ano para que o Centro Histórico feche de vez”. Agosto chegou ao Centro Histórico de Santarém. Mas a julgar pelo desânimo há mesmo comerciantes que acreditam que vão ter um Agosto eterno.
O centro histórico de Santarém já era um deserto no Verão mas a situação piorou com a crise

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