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“O futebol e a União de Santarém continuam a ser a minha paixão”

“O futebol e a União de Santarém continuam a ser a minha paixão”

Tony iniciou a carreira de treinador ao serviço das camadas jovens do União e a época passada levou a equipa sénior à primeira divisão distrital

Na União de Santarém fez um pouco de tudo. Foi dirigente, jogador e treinador. Aos 60 anos, Adelino António de Jesus, mais conhecido como Tony, vai orientar pelo segundo ano consecutivo o clube no campeonato distrital de seniores do futebol distrital. É um desafio que vai desenvolver por pura carolice e amor à camisola. Acredita no que faz e nutre uma grande paixão pelo futebol e sobretudo pelo União de Santarém. Foi por isso que apostou em fazer cursos de treinador e avançar na modalidade.

Tony veio de Angola há mais de quarenta anos, veio viver para a zona de Lisboa, jogou futebol no Estrela da Amadora e Sacavenense. Mas acabou por se radicar em Santarém, e jogou oito anos no União de Santarém, precisamente nos tempos áureos do clube. “Fomos campeões da terceira divisão e conseguimos manter-nos na então segunda divisão. Foram tempos muito bons, em que a União tinha nome firmado a nível do futebol nacional”, disse.“Quando vim jogar para o União de Santarém, fui muito bem recebido e o clube e a cidade entraram no meu coração, joguei com homens que ficaram na história da União. Homens que não mereciam que o clube tivesse passado pelas más situações porque tem passado”, disse, com alguma tristeza, Tony.Entretanto surgiu o emprego na Câmara Municipal de Santarém o que fez com que Tony ficasse efectivamente radicado na cidade e passasse a ser uma das figuras do clube e da própria cidade. “Santarém é a minha terra, nasci e vivi em Angola, mas a minha vida foi totalmente feita aqui no Ribatejo, foi aqui casei, com uma angolana, e aqui nasceram os meus quatro filhos. Nunca deixei de vestir a camisola de Santarém e da União, que é o clube do meu coração”, diz emocionado Tony.A união de Santarém nunca mais saiu da vida de Tony, ainda hoje joga nas chamadas velhas guardas do clube. “Mas também quando deixei o futebol oficialmente passei logo a treinar as camadas jovens do clube. Fui convidado e nunca consegui dizer que não. Servi sempre a União por carolice”, garante.Depois de vários anos de luta pela sobrevivência a União de Santarém conseguiu formar uma direcção com credibilidade que resolveu vários problemas graves e o clube voltou à tona e a atrair jovens para o futebol. “Começou pelas camadas jovens e a época passada voltou ao futebol sénior, e comecei como treinador adjunto de Fernando Santos. A meio da época o treinador principal saiu e a direcção voltou-se para mim e para o outro adjunto, Paulinho, e ficámos os dois à frente da equipa, que acabou por subir de divisão. Foi uma experiência positiva. Fomos até mais além do que os objectivos traçados”, disse Tony com satisfação.Para este ano a direcção resolveu continuar a confiar a equipa a Tony e Paulinho. “Quando me convidaram aceitei de pronto, o futebol faz parte integrante da minha vida. Tenho visto as grandes dificuldades porque estes homens que estão na direcção têm passado. É uma luta constante para levar o clube por diante. Em tempo de crise é preciso ter muita coragem e gostar muito da União para aceitar ser director. Por isso quando me convidaram não pude nem quis dizer que não”, disse o técnico.“Num clube onde não há dinheiro, onde os apoios são muito reduzidos, e onde ninguém recebe nada, é um grande desafio, mas eu sou um homem do futebol e sei que tenho um grupo de homens que gostam do clube, e acredito que juntos vamos conseguir dignificar o União e a cidade de Santarém. Precisamos que as pessoas da cidade olhem para a União de outra maneira, porque agora temos um clube e uma direcção credível que quer elevar a União ao lugar que merece”, garante o treinador.Tony confessa que gosta mais de treinar nas camadas jovens. “Sou um treinador com o nível dois, posso treinar qualquer equipa, mas o que eu gosto realmente é de trabalhar com as camadas jovens, esta subida aos seniores foi um acidente. É claro que ao aceitar o fiz com responsabilidade e vou dar tudo para que continue a dar certo. Até porque não tenho nada a perder e ficarei sempre ligado à União”.“Ainda gostava de voltar a Angola”Falar de Adelino António de Jesus (Tony) é falar de futebol e de Angola. Hoje com 60 anos, o treinador da União de Santarém é um apaixonado pelo desporto rei e pela cidade ribatejana, mas não esquece Angola, que recorda com alguma saudade. “Gostava de visitar Angola, saber como é agora. Quando vim para Portugal até fiquei surpreendido, a diferença até era muito pequena, e lá havia mais liberdade para a juventude”.O futebol vive com ele desde quando ainda era uma criança. Desses tempos recorda com um brilho nos olhos as infindáveis partidas disputadas com elevado ardor em campos improvisados no meio do capim ou até nas ruas movimentadas da cidade. A “epopeia” começava às 8h00 e só terminava à noite. A única pausa era mesmo para almoçar. “Hoje vejo que se calhar foi aí que tudo começou. Jogava à bola na rua e em tudo o que era sítio. Sempre vi esta actividade com grande paixão e entrega. Tinha o sonho de ser jogador e estar sempre ligado ao desporto e ao futebol”, revela Tony.A vinda para Portugal com cerca de 20 anos é uma data marcante para o treinador. Foi a altura em que começou a carreira de futebolista mais a sério. “Em Angola jogava mais na brincadeira, aqui tudo foi de outra maneira, atingi um bom nível como futebolista. Agora também quero ser um bom treinador”. Frontal e ambicioso mas ao mesmo tempo humilde, o técnico tem consciência das suas capacidades mas recusa embandeirar em arco. Realismo e pragmatismo são características que lhe assentam que nem uma luva. Adora desafios e garante que quando abraça um projecto, seja ele qual for, é de corpo e alma. Se as coisas correrem menos bem, prefere levantar a cabeça e seguir em frente em vez de deitar a toalha ao chão.
“O futebol e a União de Santarém continuam a ser a minha paixão”

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