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Elizabete Gouveia

Professora do Ensino Secundário, 45 anos, Carregueira (Chamusca)

“Não tenho qualquer prazer em ir ao supermercado e só o faço por necessidade. Às vezes é mesmo um sacrifício. É uma situação por que temos que passar obrigatoriamente, mas como divido a ida ao supermercado com o meu marido torna-se bem menos penoso. Nunca vou a um centro comercial passear, quando ali vou é mesmo por necessidade”* * *“Adoro ser professora, mas o facto de não ter uma situação bem definida em termos de carreira, que me diga onde vou ficar, leva-nos a um stress terrível. Somos colocados numa escola e quando nos estamos a ambientar é também a altura de começar a pensar para onde é que vamos no próximo ano lectivo”

Qual foi a maior prova de amor que teve até hoje?Nunca pensei em grandes provas de amor. Vamos construindo momentos ao longo da vida que nos preenchem por completo. Dádivas de amor tenho muitas, as maiores de todas foi o nascimento das minhas filhas. O amor nasce espontâneo e o simples facto de o mantermos vivo ao longo da vida é uma grande dádiva que todos os anos se renova. Há casais que descuram a relação por causa dos filhos?Acho que há casais que não sabem separar as coisas. É verdade que os filhos acabam por nos retirar alguns momentos. Cabe a nós, marido e mulher, encontrar formas de fazer a compensação. São amores completamente distintos. Cada um tem o seu lugar no nosso lar. A minha relação com o meu marido nunca esteve em causa. Somos iguais no amor que dedicamos às nossas filhas, é mais um elo de ligação do que de separação. Ir ao supermercado é um sacrifício?Não tenho qualquer prazer em ir ao supermercado e só o faço por necessidade. Às vezes é mesmo um sacrifício. É uma situação por que temos que passar obrigatoriamente, mas como divido a ida ao supermercado com o meu marido torna-se bem menos penoso. Nunca vou a um centro comercial passear, quando ali vou é mesmo por necessidade. Se não tivesse emprego seria capaz de emigrar?Custar-me-ia muito! Mas se fosse uma situação em que estivesse em causa a vida da minha família talvez não hesitasse. Não era de todo o que mais ambicionaria, mas... Viver na Carregueira é como viver no campo. Nas férias é praia?É preciso ver que para nós a Carregueira é quase um dormitório, pois saímos de manhã e entramos à noite. Tudo o que implique ir para a praia é sempre um prazer, mas também gosto muito de campo. Só o facto de mudar de sítio já nos alivia o stress. Gosto mesmo muito de ir para uma praia da Costa Vicentina porque posso aliar as duas coisas, praia e campo. Tem algum animal de estimação?Temos um cão que adoptámos num canil. É um labrador que tem uma história de vida muito complicada. Estava desprezado num acampamento ali para os lados do Entroncamento e quando o fomos buscar estava em muito mau estado. Tinha o corpo todo marcado de estar enrolado com arames. Agora é um animal muito terno e muito amigo.Já passou por algum momento muito difícil na sua vida profissional que a fizesse pensar em desistir?Amo do coração o que faço. Adoro ser professora, mas o facto de não ter uma situação bem definida em termos de carreira, que me diga onde vou ficar, leva-nos a um stress terrível. Somos colocados numa escola e quando nos estamos a ambientar é também a altura de começar a pensar para onde é que vamos no próximo ano lectivo. Esta situação acompanha-me há cerca de 21 anos e não há volta a dar. Há grandes diferenças no ensino de quando começou há mais de duas décadas para agora?Há diferenças em termos de gerações, porque também há diferenças na nossa sociedade e no nosso mundo. Este mundo de agora nada tem a ver com o mundo de há vinte anos. Não digo que é mais difícil ou mais fácil. Só se pode dizer que é mais difícil porque o momento que se vive em Portugal é difícil e isso reflecte-se na vivência das próprias famílias. Para nós é mais um desafio de actualização em relação às novas gerações.Qual é a melhor música para ouvir no auto-rádio?Para mim uma boa música portuguesa. Não tenho dúvidas: em escolher entre uma música portuguesa e uma canção estrangeira, opto sempre pela nossa.Já alguma vez comeu caracoletas?Não... (risos). Não que não me tenham já tentado seduzir, mas não sei se serei capaz, só de me lembrar daquela ranhoca toda...

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