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“Não é verdade que os alunos hoje em dia sejam mais burros que os de antigamente”

“Não é verdade que os alunos hoje em dia sejam mais burros que os de antigamente”

Sérgio Paulo Amorim, 57 anos, director da Escola Secundária Gago Coutinho, Alverca do Ribatejo

Sérgio Paulo Amorim é o director da Escola Gago Coutinho em Alverca há cinco anos e tem ainda outros três pela frente. Licenciado em Economia, fez um mestrado em Administração e Gestão Escolar. Diz que os estudos abrem horizontes e por isso vale sempre a pena estudar. No seu primeiro dia como professor estava nervoso mas nunca se arrependeu de ter escolhido aquela profissão. Garante que os jovens hoje não são burros e que muitos têm talento. Diz que um bom professor faz a diferença e que o rigor, disciplina e uma boa relação humana é fundamental. O seu sonho era fazer um Safari, mesmo a sério, em África.

Comecei a trabalhar num armazém depois de acabar o 12º ano mas aquilo não era vida para mim. Fui tirar uma licenciatura de Economia em horário pós-laboral. Demorei seis anos. Foi duro mas valeu a pena. Abriu-me muitas portas. Vale sempre a pena estudar. Optei por ser professor e não me arrependo. Confesso de em criança ser professor era um desejo. Estou a trabalhar na Escola Gago Coutinho em Alverca há 21 anos. Comecei a dar aulas na zona de Lisboa, Cascais, Pontinha, Portela. Depois vim para a Infante Dom Pedro, também em Alverca. No ano a seguir candidatei-me e fiquei na Gago Coutinho, até aos dias de hoje.Na minha primeira aula atrapalhei-me um bocado. Dar Matemática já é complicado mas ainda por cima a matéria era difícil. Esse primeiro dia foi duro. Eu não tinha experiência nenhuma. Mas depois com o tempo a coisa foi correndo bem, os alunos começaram a gostar de mim e eu deles e criou-se uma boa empatia. Gosto muito de ensinar embora reconheça que é cada vez mais difícil. É muito interessante ser professor e dar aulas, perceber a interacção que se consegue gerar entre alunos e professor. Isso é muito positivo e interessante. A matemática continua a ser uma disciplina que exige muita persistência, trabalho e dedicação. Um bom professor de matemática faz a diferença. No entanto só dei matemática dois anos. Quase toda a minha vida de professor foi passada na área da economia. Os professores têm muita influência no resultado que os alunos vão obter. O bom professor é aquele que motiva os alunos e faz com que eles gostem e se interessem mais pelas matérias. Entendo que num professor a relação humana é fundamental. Bem como ter capacidade de transmitir e fazer com que os alunos se interessem pela disciplina e pela matéria que estão a dar. É necessário rigor e disciplina para conseguir criar uma empatia com os alunos. Isso é logo um factor muito positivo.Quando tenho problemas para resolver não durmo bem. A meio da noite acordo e fico a trabalhar no que me preocupa. Muitas vezes quando chego ao serviço já trago tudo resolvido na minha cabeça. Ser director de uma Escola só por ser director tem pouco interesse. É preciso estar nisto com a vontade de fazer melhor. Tenho mais três anos à frente da direcção e depois logo vejo o que acontecerá. A internet não substitui a escola nem há internet que resolva por si só os problemas do ensino da matemática. No entanto há muitos programas que os meus colegas aplicam. Os professores estão preocupados com a concorrência da internet e já usam muito software, por exemplo, na Física e Química e na Matemática, o que torna as aulas mais atraentes. Não é verdade que os alunos hoje em dia sejam mais burros que antigamente. Temos alunos com grandes capacidades e as gerações que vamos formando são cada vez melhores. Acredito que podemos confiar nos nossos alunos e estou convencido que o futuro será positivo. Mas somos uma escola secundária e naturalmente temos também muitos alunos que, antigamente, saíriam do sistema naturalmente e hoje estão cá porque são obrigados. Esses criam-nos as maiores dificuldades.Sou casado há 26 anos, tenho duas filhas e confesso que sou um pai orgulhoso. Quando saio do trabalho vou para casa, janto, ajudo a minha mulher em algumas tarefas domésticas, não tanto como ela gostaria, e depois sento-me a ver um filme ou um programa de informação no Cabo. Às sextas-feiras gosto de ir jantar fora com a minha mulher e ao fim-de-semana vamos ao cinema quando há bons filmes em exibição. Gostava de ir a África participar num Safari a sério porque gosto muito da vida selvagem. Não tenho nenhum tigre em casa mas tenho um gato. É fácil tê-lo connosco mas temos que nos desapegar das coisas porque as unhas estragam tudo (risos). Filipe Matias
“Não é verdade que os alunos hoje em dia sejam mais burros que os de antigamente”

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