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Vila Franca de Xira precisa de novas ideias de comércio para vencer

Comerciantes lamentam que a cidade esteja a morrer lentamente

A cidade de Vila Franca de Xira já não tem o fulgor comercial de outros tempos mas ainda nem tudo está perdido. Basta haver raça, engenho e vontade dos empresários para investir em novas lojas e negócios que possam atrair pessoas. A opinião é de vários comerciantes da cidade, escutados por O MIRANTE a poucos dias da Feira de Outubro, um evento que atrai todos os anos milhares de visitantes. A feira é boa e recomenda-se, dizem os empresários, que confessam ir visitá-la todos os anos.

Pedro Miguel Gil, 81 anos, proprietário da Residencial FloraTirar camiões do centro da cidade foi aposta ganhaPedro Miguel Gil é um homem que gosta da Feira de Outubro embora admita não ter inclinação para aparecer e frequentar a festa. Mas que os moldes em que a feira é feita são bons e que o salão de artesanato é uma boa aposta. Defende que o encerramento do centro comercial Vila Franca Centro pode ser uma oportunidade para fazer crescer os restantes negócios da cidade. “Conheço uma casa que estava no centro comercial, saiu e agora está em instalações óptimas. Não há dúvida que o centro estava a morrer”, refere. Na opinião de Pedro Gil, Vila Franca de Xira não está a conseguir recuperar o fulgor comercial de outros tempos. “Abriram umas lojas com produtos e aparência engraçada mas tenho a impressão que elas não conseguem triunfar. Na cidade não há onde parar o carro, não há zonas verdes e não há parques”, lamenta. Para o empresário, uma das grandes decisões políticas dos últimos anos foi a retirada do trânsito de camiões do centro da cidade, que causava bastante poluição e desagrado aos moradores e comerciantes da cidade.José Luís Simplício, 63 anos, gerente do Retiro dos OperáriosÉ difícil recuperar a cidade sem oficinas nem indústria Na opinião de José Luís Simplício, a cidade de Vila Franca de Xira tem potencialidades para crescer mas lamenta que tal não seja possível sem que apareça indústria e oficinas para gerar emprego. “Somos uma terra de reformados e não há trabalho, muita gente tem de ir para fora, assim não se consegue crescer”, lamenta. Para o empresário o comércio que hoje existe “chega e sobra” para a procura mas lamenta que a crise esteja a ser complicada de ultrapassar. “Se isto continuar assim muito tempo vai haver gente que não se aguenta. Estamos na fronteira, cada dia é uma luta. Nós estamos a aguentar há dois anos”, lamenta. Na opinião de José Simplício, o fecho do Vila Franca Centro não aquece nem arrefece as dinâmicas empresariais da cidade. Diz que a Feira de Outubro é um bom evento mas confessa que só lá vai ocasionalmente. Diz que a feira como está a ser feita “até nem está má” e que é importante para atrair novas pessoas à cidade. Embora, no seu caso, como o seu estabelecimento se encontra afastado da feira, o impacto dos visitantes seja reduzido.Maria Helena Ferreira, 54 anos, Casa das MantasFaltam mais lojas em Vila Franca de XiraPara a proprietária da Casa das Mantas, em Vila Franca de Xira, a cidade já não tem o fulgor comercial de outros tempos e lamenta que muitas casas que havia noutras épocas com produtos diferenciadores já tenham fechado portas. “Hoje fazem falta na cidade e não existem, como uma loja de materiais de campismo ou uma loja que venda napas. Há muita coisa que havia e deixou de existir, obrigando as pessoas a deslocarem-se para outros lados. Se as pessoas quiserem é possível dar a volta. Em vez de se abrir tanto café e restaurante, se houvesse uma loja dessas acabava por dar resultado”, defende. Na opinião da empresária, as pessoas iriam preferir comprar em Vila Franca de Xira em vez de fazer quilómetros até Lisboa. Bastava apenas que as lojas tivessem qualidade. Para Maria Helena Ferreira o encerramento do Vila Franca Centro pode ser bom num sentido e mau noutro. “Não havendo centro comercial as pessoas não se deslocam a VFX e se não o fizerem não vêm ao comércio local”, nota. A empresária gosta da Feira de Outubro e da forma como está feita. Todos os anos vai visitá-la e elogia o salão de artesanato e as esperas de toiros. Só gostava que, como antigamente, viesse também um circo à cidade.Acácio Delgado, 65 anos, Bento & DelgadoComércio de Vila Franca de Xira morreuAcácio Delgado é um homem que gosta de ir à Feira de Outubro, visitar o mercado e o salão de artesanato e diz que a feira está bem assim e não precisa de ser feita de outra maneira. É da opinião que o fecho do Vila Franca Centro foi mau para a cidade porque o espaço comercial, mesmo em declínio, sempre dava outra dinâmica à cidade. “Com o centro fechado traz menos gente, as pessoas que vinham sempre compravam qualquer coisa e agora não vêm”, defende. Acácio é da opinião que o comércio na cidade morreu e que já não tem o fulgor de outros tempos. Diz que uma das formas de acabar com o agonizante declínio do comércio passa por dar aos visitantes melhores condições para as pessoas voltarem à cidade. “Devemos começar por arranjar meios para que as pessoas voltem à cidade, com mais estacionamento e bons restaurantes, por exemplo”, defende. Apesar disso o empresário admite que é “difícil” dar a volta à situação.

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