uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Tirámos o curso de pedintes para angariar dinheiro para o Círculo Cultural Scalabitano”

“Tirámos o curso de pedintes para angariar dinheiro para o Círculo Cultural Scalabitano”

Maria Antónia Costa e Helena Stoffel foram homenageadas no dia em que se começou a comemorar o 60º aniversário de uma associação que ajuda a dar vida ao centro histórico da cidade.

Em 1986 Maria Antónia Costa foi convidada para uma reunião do Círculo Cultural Scalabitano (CCS) porque a colectividade estava sem direcção. Apesar de nunca ter estado ligada ao CCS aceitou o convite para a reunião mas um problema de saúde impediu-a de estar presente. No dia seguinte ficou a saber que era a nova vice-presidente do CCS e que tinha apenas que preencher a ficha de inscrição de sócio. Também Helena Stoffel Lemos foi convidada na mesma altura para a direcção depois de ter deixado a Câmara de Santarém, onde foi vereadora, eleita pelo PSD.As duas antigas dirigentes foram homenageadas na abertura das comemorações do 60º aniversário do CCS, na tarde de sábado, 29 de Novembro, no Teatro Taborda, em Santarém. Quando chegaram à direcção do Círculo Cultural Scalabitano, em 1986, Maria Antónia Costa e Maria Helena Stoffel Lemos tinham apenas 14 escudos na caixa de tesouraria. Mitó, como é conhecida pelos amigos, e Helena, confessam que durante os 20 anos em que foram dirigentes do CCS tiraram o curso de pedintes. “Pedíamos dinheiro a toda a gente para angariar fundos para o Círculo”, recorda Helena Stoffel Lemos.Helena Stoffel e Antónia Costa tiveram um percurso profissional parecido. Ambas foram professoras de Português e Francês. Maria Antónia foi directora da Escola Secundária Ginestal Machado durante 25 anos. Mitó teve também a particularidade de ter sido a única mulher presidente do CCS. “Nunca tivemos uma briga e ainda hoje somos amigas. A Mitó gostava de mandar e eu como não gosto de mandar obedecia”, recorda Helena Stoffel, com um enorme sorriso.As antigas dirigentes recordam que quando chegaram à direcção do CCS optaram por juntar todas as secções existentes e as contas passaram a ser apenas uma. “Eu sei que sempre fui a má da casa porque controlava o dinheiro ao máximo. Tínhamos pouco dinheiro e tinha que o gerir de maneira a que desse para tudo”, conta Helena Stoffel. E acrescenta que compraram o edifício do Teatro Taborda por 200 mil contos. “Ainda faltam pagar 36 prestações”, confessou o actual presidente do CCS, Eliseu Raimundo.Maria Antónia e Helena recordam os tempos em que iam para os “Serões da Província”, realizados no Jardim da República, no centro da cidade. Numa barraquinha vendiam doces para fazer dinheiro. “Nunca fiz tantos doces na vida. Nunca fiz tanto arroz doce. Só o fazia para vender porque o meu marido não gostava. Era assim que íamos conseguindo fazer receita”, explica.Foi com pena que deixaram a direcção do CCS mas sabiam que estava na hora e que deviam dar lugar a outros. Quando chegaram ao CCS encontraram uma casa desordenada, num espaço pequeno. “As poucas condições financeiras estavam relacionadas também com os ciúmes entre as diferentes secções por isso decidimos unir todas as contas. Foi uma casa que nem sempre foi fácil de gerir”, sublinha Helena Stoffel. As homenageadas mostraram-se muito sensibilizadas com a distinção de que foram alvo. Maria Antónia Costa confessou que o CCS era a sua segunda paixão, depois da Escola Ginestal Machado. Helena Stoffel sublinhou que teve muita pena de deixar o CCS porque era uma casa pela qual tinha um grande carinho.A tarde foi animada com momentos de ballet, música e poesia, tendo sido distinguidos ainda alguns dos sócios mais antigos da colectividade. Foi também recordada Ana Vale Cruz, elemento do coro do CCS, que faleceu recentemente. A noite terminou com um jantar para celebrar o aniversário do Círculo.
“Tirámos o curso de pedintes para angariar dinheiro para o Círculo Cultural Scalabitano”

Mais Notícias

    A carregar...