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Da paixão pela agricultura a líder de uma escola de desenvolvimento rural

Da paixão pela agricultura a líder de uma escola de desenvolvimento rural

João Quinas dirige há cinco anos a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, em Mouriscas

Director diz que é uma pessoa realizada profissionalmente até porque desde muito novo se sente atraído pelo mundo rural acompanhando muitas vezes os familiares nos trabalhos agrícolas.

Natural de Mouriscas, Abrantes, João Quinas é um homem realizado profissionalmente. É ele que conduz, desde 2009, os destinos da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA), uma instituição de ensino com uma grande componente prática, com sede nas Mouriscas, que agrega 300 alunos (distribuídos por 22 turmas) e mais de cem colaboradores, entre corpo docente e não docente. “Aprender sim, mas aprender fazendo é o lema”, resume, acrescentando que o facto da escola estar numa região de charneira é uma grande mais-valia para o ensino agrícola que pode ser feito em várias vertentes.Nascido no campo, desde pequeno que João Quinas gostou do mundo rural acompanhando, muitas vezes, os pais e os avós (que eram pequenos agricultores) nas suas actividades agrícolas, ao ar livre e em comunhão com o campo e a natureza. “Quando mais tarde tive que decidir que profissão escolher, achei que o meu caminho era por ali. Não estou arrependido”, atesta. O gosto por programar e criar projectos, apesar de não ter jeito para desenho à mão, ainda o levou a ponderar a arquitectura mas a área agrícola acabou por imperar. Uma vocação que acabou por ser seguida por um dos filhos que acabou por se formar nessa área, revela com uma pontinha de orgulho.Ainda não tinha 18 anos quando rumou a Santarém, para tirar o curso de Ciências Agrárias na Escola Superior Agrária. Na altura, os cursos eram de três anos (bacharelato) seguidos de um estágio de nove meses em contexto laboral. Terminou a formação em 1978, tendo chegado a trabalhar em Évora na Direcção-Geral do Fomento Florestal, extinto organismo do Ministério da Agricultura, mas quando, em 1979/1980, começaram a aparecer nas escolas de ensino regular os cursos técnicos-profissionais na área agrícola achou que o ensino seria um caminho interessante dado que poderia lidar com jovens e tentar fazer algo pelo desenvolvimento agrícola.Começou a concorrer aos designados “mini-concursos” e foi colocado em Ourém, a ensinar Ciências e Biologia num horário de 12 horas que, rapidamente, se transformou em completo. Em 1983, foi colocado na Escola Secundária de Mação mas já num horário de ensino agrícola. Trabalhou alguns anos como professor contratado, passou pelos órgãos de gestão de algumas escolas e em 1987/1988 fez a profissionalização em serviço, ou seja, formação na área da docência após o que entra para o quadro da escola. “Quanto mais conhecia o ensino agrícola mais tinha a certeza que era isto que gostava mesmo de fazer”, considera.Por isso, quando em 1989, abre a Escola Profissional de Agricultura de Abrantes, o convite do engenheiro Mingocho Abreu, fundador da instituição, foi difícil de recusar. Em Março desse ano, já dava aulas na escola que, em 2000, passou de semi-privada a pública. Em 2009 surge a figura do director nas escolas profissionais e pensa colocar a sua experiência ao serviço da EPDRA, candidatando-se ao cargo. Ganhou e, em 2013, pediu a recondução do cargo ao Conselho Geral, que foi aceite por unanimidade, desenvolvendo mais um mandato de quatro anos.“Os jovens tornam-nos mais jovens. Quem trabalha com juventude, apesar da sua inquietude ser cada vez mais difícil de limar, é sempre desafiante”, afirma João Quinas. Apesar de já não dar aulas, acompanha os alunos em algumas actividades agrícolas, as chamadas medidas correctivas, ao fim-de-semana na Herdade da Murteira. “Esta relação de trabalho que se estabelece com o aluno permite-nos chegar mais facilmente até eles, especialmente aos que se portam mal. Eu costumo dizer, na abertura do ano lectivo, que estamos aqui, sobretudo, para formar pessoas, cidadãos de corpo inteiro e gente que saiba trabalhar e relacionar-se com o outro”, resume. Casado e com dois filhos, João Quinas não tem férias há seis anos e, assume, nunca desliga o telemóvel. O ginásio, a dança e as bicicletas de BTT foram postas de lado por manifesta falta de tempo. A família é a mais prejudicada com esta sua entrega, dado que associada à escola está uma exploração agrícola com 67 hectares de terra. “Todos os dias me levanto com vontade de vir para aqui. E já são 25 anos aqui. Nunca consegui estar quieto e quem gosta de desafios é assim”, conclui.
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