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Concerto inédito de protesto pelo ensino artístico em Tomar

Concerto inédito de protesto pelo ensino artístico em Tomar

Estado ainda não transferiu verbas para as escolas de música da Gualdim Pais e da Canto Firme no actual ano lectivo e as associações têm sentido dificuldades em pagar aos professores e funcionários. Para reforçar a sua luta decidiram protestar em conjunto, cantando e tocando.

O tema “Acordai”, canção de José Gomes Ferreira e Fernando Lopes-Graça, deu o mote a um concerto de protesto inédito que decorreu, na passada semana, na Praça da República em Tomar. Pela primeira vez, a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais e a Canto Firme - Associação Cultural, duas colectividades tomarenses com a vertente do ensino artístico, uniram-se para contestar o atraso no pagamento das verbas do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH). O financiamento existe mas as escolas de música só recebem o dinheiro depois de comprovarem as despesas e esse ressarcimento nem sempre chega a tempo e horas. Para agravar o cenário, este ano nem o adiantamento de parte da verba que serve exactamente para o arranque do ano lectivo foi concretizado. Uma situação que deixou funcionários e professores sem receber desde Setembro, não se prevendo quando é que a mesma vai ser regularizada.Jorge Barbosa, director pedagógico da Associação Canto Firme, referiu que muitos funcionários e professores estão a atravessar sérias dificuldades financeiras e que a situação é tão mais preocupante porque nem em Janeiro sabem se as verbas vão chegar. “A Canto Firme, simplesmente, não está a pagar os ordenados aos funcionários e professores que fazem um grande esforço, diariamente, em vir trabalhar mas que, como é lógico, passados quase quatro meses estão fartos desta situação”, disse, classificando a situação como caótica. O director pedagógico da Canto Firme referiu que, até ao momento, não se verificou nenhum boicote às aulas mas que este cenário pode vir a dar-se porque muitos já nem sequer têm dinheiro para a gasolina. “Tenho conhecimento de colegas meus, professores, em situação dramática e que já tiveram que entregar a casa porque o acumular de dívidas levou-os a ficar sem dinheiro para pagar o empréstimo ao banco”, disse. Para além de músicos e instrumentistas das duas instituições, que foram dirigidos por Simão Francisco, presidente da direcção da Canto Firme, também participaram no protesto os alunos da Escola Vocacional de Dança da Gualdim Pais, atraindo a atenção de quem passava em frente ao edifício dos Paços do Concelho.A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais já pagou aos seus funcionários e professores parte do mês de Outubro, devendo esta prestação ser regularizada durante a próxima semana, ficando a faltar os meses de Novembro e Dezembro. A situação financeira é atenuada devido às receitas do bar, e a colectividade já viu, a 4 de Dezembro, a sua candidatura ao financiamento ser oficialmente aceite. Segundo fonte da colectividade, até final do ano todos os vencimentos devem ficar em dia.De acordo com um panfleto distribuído no dia da manifestação por Nuno Graça e Paula Lança (directora pedagógica da instituição) o ensino artístico especializado está de luto fruto do “esquecimento e desinvestimento recorrentes a que tem sido votado nos últimos anos”. A Gualdim Pais critica o facto de, em 2011, o financiamento do ensino artístico especializado ter passado do orçamento geral do Estado para o POPH, à excepção das escolas públicas e da área da grande Lisboa e Algarve. “Esta mudança foi extremamente lesiva para estas escolas dado que passam a estar, simultaneamente, sujeitas à legislação do Ministério da Educação e do financiamento europeu, que chega por via do Ministério da Economia e do Emprego”, denuncia.
Concerto inédito de protesto pelo ensino artístico em Tomar

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