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Quis ser professora desde pequenina

Quis ser professora desde pequenina

Isabel Coelho cumpriu a vontade de infância e fez da docência profissão

Directora do Agrupamento de Escolas José Relvas de Alpiarça é professora de Geografia há 22 anos. Actualmente não dá aulas, mas diz que mantém uma relação próxima com os alunos.

Isabel Coelho sempre quis ser professora. Em criança brincava às escolas e era sempre a professora. O seu avô paterno também teve uma grande influência na escolha. Durante dois períodos da sua infância e adolescência viveu com os avós paternos e o avô, todos os dias, à hora de fazer os trabalhos de casa, dizia: “Isabel estuda que tens que ser professora”. E Isabel foi professora. Licenciou-se em Geografia e Planeamento Regional pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A melhor decisão que tomou porque, aos 46 anos, garante sentir-se uma mulher realizada. Em 2005, tirou uma especialização em Administração e Gestão Escolar.Isabel Coelho começou a dar aulas logo após terminar o segundo ano da faculdade. Há mais de 20 anos existiam os chamados mini concursos, onde os alunos podiam candidatar-se para dar aulas desde que tivessem oito cadeiras do curso feitas. No primeiro ano ficou na Escola José Relvas, em Alpiarça, e depois esteve dois anos a leccionar numa escola na Chamusca. Confessa que esses anos foram complicados porque teve que conciliar o curso em Lisboa com as aulas no Ribatejo. Ia e vinha todos os dias. “A maioria das vezes almoçava uma sandes durante a viagem e chegava a casa muito tarde. Hoje, quando penso nisso, questiono-me como é que aguentei aquele ritmo”, conta.Terminou a licenciatura em 1994 e no ano seguinte foi mãe. Nessa altura decidiu fazer uma pausa para se dedicar ao filho. Regressou dois anos depois e ficou colocada em Salvaterra de Magos durante dois anos. Depois foi para Marinhais e desde o ano lectivo 1998/99 que é professora na Escola José Relvas, na sua terra natal, Alpiarça. O cargo de directora do Agrupamento de Escolas surgiu por acaso. O anterior presidente, Joaquim Nascimento, convidou-a para integrar a equipa onde desempenhou o cargo de vice-presidente durante dois anos. Quando o director se reformou foi Isabel Coelho quem ficou com o cargo.Durante seis anos conciliou a direcção da escola com as aulas mas, como se tornou difícil e como gosta de fazer as coisas bem feitas, optou por deixar de dar aulas há quatro anos. Apesar disso, durante o último ano lectivo tinha uma hora de componente lectiva, por opção própria. “Era uma tutoria que fazia questão de ter com o aluno Bernardo Moita, do 8º ano, que infelizmente, faleceu em Setembro deste ano, vítima de doença oncológica. O Bernardo foi uma grande perda para todos nós na escola e sentimos muitas saudades dele. Era um menino muito especial e um excelente aluno”, recorda.A directora tem uma relação próxima com os alunos apesar de não dar aulas. Considera que existem diferenças no ensino na última década. Na sua opinião, tudo se deve à “enorme burocracia” e às políticas implementadas que, diz, prejudicam professores e alunos. “O professor deixou de ser uma figura de autoridade. Além disso, os alunos trazem os problemas dos pais para a escola, os professores também trazem os seus problemas e os funcionários também. E acaba por haver uma maior instabilidade nas salas de aula”. Os seus dias nunca são iguais e é difícil planear antecipadamente. Os imprevistos do dia-a-dia vão surgindo e há sempre situações para resolver. É habitual levar trabalho para terminar em casa. Diz que o seu sucesso se deve à “excelente” equipa que tem à sua volta e que sem ela não conseguiria dirigir com eficiência.Além de ser professora, Isabel Coelho também esteve ligada à vida política. Aos 19 anos foi vogal da junta de freguesia da sua terra. Sempre independente mas eleita nas listas da CDU. Foi vereadora da oposição durante três anos num mandato liderado pelo socialista Joaquim Rosa do Céu. “Foram três anos muito difíceis que, por vezes, me causaram mau estar e nervosismo porque o ambiente nas reuniões de câmara era complicado. No entanto, acredito que foi essa experiência que me deu estofo para desempenhar hoje o cargo de directora”, afirma. Desligou-se da política quando assumiu o cargo de directora da escola porque acha que não deveria acumular os cargos, embora saiba que nunca iria misturar as coisas. Voltar à política não está nos seus planos. Pelo menos por enquanto. No seu horizonte está a realização de um sonho antigo. Integrar a equipa da Inspecção Geral de Educação e Ciência. Sabe que é difícil de concretizar uma vez que não tem havido concursos para o cargo.
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